Na manhã desta segunda-feira (24) agentes penitenciários impediram a saída de cerca de 10 veículos de escolta da garagem da Secretaria de Estado da Justiça e da Defesa do Consumidor (Sejuc), que fica localizada no Conjunto João Alves em Aracaju. A categoria está mobilizada desde a morte de um agente durante rebelião no presídio do município de Nossa Senhora da Glória (SE) e pede melhores condições de trabalho.
“Queremos o cumprimento de medidas de segurança que protejam as vidas dos agentes porque a situação é precária em todas as unidades prisionais e o Governo do Estado já tem conhecimento dessa situação há anos e não toma providências definitivas. Os próprios agentes penitenciários que dirigem essas viaturas não têm coletes balísticos e armas e por isso paralisaram nesta segunda-feira (24). Os pneus dos veículos estão carecas e sem condições de fazerem a escolta”, afirma Luciano Nery, diretor do Sindicato dos Agentes Penitenciários e Servidores da Sejuc (Sindpen).
O sindicalista afirma ainda que depois da rebelião em Glória nenhum agente vai entrar no pavilhão e retirar detento da cela sem o cumprimento de medidas de segurança. “O que acontece hoje em dia é que são utilizados dois agentes para entrarem em cela com 20 detentos, é um absurdo isso. Sem contar que eles trabalham desarmados e sem coletes à prova de balas”, destaca Nery. Para ele, a contratação de mais agentes por meio de concurso público vai ajudar no desempenho das atividades.
Em assembleia da categoria realizada no domingo (23), o Sindpen informou que nas oito unidades prisionais administradas pelo estado, 4,5 mil presos estão sob a responsabilidade de 400 agentes penitenciários, ou seja, mais de 100 internos para cada homem. O sindicato diz que esse dado contraria a norma estabelecida pelo Ministério da Justiça, que é de cinco presos para um agente.
O assessor de comunicação da Sejuc, Marinho Tiba, disse que uma reunião está sendo realizada entre o secretário Antônio Hora e o vice-governador Belivando Chagas, governador em exercício, para definir ações de combate a situações de risco nos presídios sergipanos.
Entenda o caso
Vinte presos fugiram do Presídio Regional Senador Leite Neto, em Nossa Senhora da Glória, no Sertão de Sergipe, na noite de sexta-feira (21). Eles atraíram os agentes dizendo que um detento estava passando mal, os renderam com barras de ferro e pegaram as armas deles. Em seguida, fugiram pela porta da frente após troca tiros com outros agentes. A fuga ocorreu por volta das 21h.
De acordo com a polícia, os presos escaparam em um veículo e em uma ambulância roubados de um hospital que fica a 200 metros do presídio. A ambulância capotou, mas os presos conseguiram fugir. Já o veículo foi encontrado abandonado próximo em uma região de matagal.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) informou que foram recuperadas três armas de fogo que teriam sido utilizadas pelos fugitivos, sendo uma espingarda calibre 12, uma pistola ponto 40 e um revólver calibre 38. Um tipo de espada também foi encontrado logo após a fuga em massa.
Até a manhã desta segunda-feira (24) apenas dois fugitivos foram presos novamente, um deles foi ferido no tiroteio, decidiu se entregar e foi encaminhado a um hospital onde passou por procedimento cirurgico e passa bem. O outro foi recapturado no iníco da noite de sábado (22) próximo ao município de Feira Nova.
De acordo com a assessoria da SSP, a Polícia Militar continua realizando buscas na região do Médio e Alto Sertão sergipano. “Militares do Comando de Operações Especiais (COE), do Grupamento Tático Aéreo (GTA), Pelotão Especial de Policiamento em Área de Caatinga (Pepac) e do Grupo de Ações Táticas do Interior (Gati) estão empenhados na captura dos 18 foragidos que ainda restam. Diversas companhias dos batalhões trabalham nas divisas do estado com Alagoas e Bahia e nas estradas vicinais para evitar que esses fugitivos saiam de Sergipe”, afirma o assessor Renato Nogueira.
Com informações de Marina Fontenele e Tássio Andrade do G1, em Sergipe