Um levantamento do Ministério da Previdência Social mostrou que os transtornos mentais estão entre as principais causas de afastamento do trabalho no Brasil. Só em 2023, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) concedeu 288.865 benefícios por incapacidade devido à disfunção da atividade cerebral e comportamental. O número é 38% maior do que em 2022 (209.124).
Em entrevista, Lidiane dos Anjos, sócia-fundadora da Enperso Gestão e Saúde Mental, Doutora em Psicologia pela PUC-SP e especialista em Psicologia, Organizações e Trabalho pelo Instituto Zanelli, explicou como trabalhadores e empresários podem lidar com a situação.
O trabalho de cuidado mental nas organizações é essencial para detecção de sinais e sintomas. “É preciso fazer a identificação de nexos causais antecipadamente evitando afastamentos por adoecimento, junto ao médico do trabalho atuando também de forma preventiva nas orientações personalizadas para cada função, buscando ajustes de perfil e desempenho, dentre outros. O importante é atuar conforme a real necessidade institucional, personalizando um Plano de Ação que de fato, venha trazer caminhos possíveis de resolução dos problemas diagnosticados”, explica a Doutora em Psicologia.
O empresário deve ficar atento às formas de como afastar e reinserir o profissional que passou pela situação. “O trabalho precisa ser multiprofissional, inserindo a medicina do trabalho e a engenharia de segurança do trabalho, analisando desde aspectos relacionados à ergonomia da atividade, também na construção do PGR, bem como no PCMSO, incluindo não apenas o que já está posto na legislação como obrigatório, mas buscando um cuidado totalizante do trabalhador, a partir da avaliação psicológica no ambiente de trabalho. Caso o profissional tenha indicação de afastamento, o diálogo precisa acontecer entre esses profissionais e o melhor direcionamento será dado”, orienta Dra. Lidiane.
Caso o profissional trabalhe em ambiente tóxico, sem o devido olhar do chefe para questões de saúde mental, o trabalhador precisa buscar diálogo com um profissional de saúde da empresa, resguardando o sigilo para não comprometer seu vínculo empregatício. E, não havendo, procurar a rede pública de assistência à saúde mental.
A saúde mental no ambiente corporativo está totalmente ligada ao sucesso das empresas.
“Quando atuamos com foco na saúde mental, buscamos a valorização humana e construir uma trajetória de engajamento profissional, em um plano de desenvolvimento individual e com ensejos no crescimento institucional. Quanto mais o trabalhador se sentir cuidado por essa instituição, mas ele entregará. Havendo condições de trabalho adequadas, o trabalhador aumentará seus indicadores de desempenho, criará vínculo para além do trabalho neste espaço e o sentido/significado do trabalho estarão emaranhados com o estar no trabalho. Assim, vê- se uma relação de trabalho não apenas como emprego, mas como realização”, salienta Dra. Lidiane.
As principais estratégias para promover a saúde mental no ambiente corporativo são criar um ambiente corporativo com possibilidade de vínculos; ter segurança psicológica no trabalho; executar práticas/políticas de valorização do sujeito no seu fazer; realizar treinamentos da liderança para tratativa de si e das equipes com foco em aspectos subjetivos, dentre outras. “Em meio a todos esses processos, ter um psicólogo (a) na empresa é um diferencial para qualquer negócio. Cuidar de pessoas é cuidar do seu negócio. Pessoas saudáveis, negócios duráveis”, finaliza.
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Por Rodrigo Alves