Não são poucas as reclamações feitas por grande parte da população a respeito dos serviços oferecidos pela Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso). A falta de água ou a má qualidade da mesma tem levantado duras críticas em todo o estado. Na manhã dessa terça-feira (31), Sérgio Passos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Purificação da Água em Serviços de Esgotos do Estado de Sergipe (Sindisan), falou sobre as atuais condições da Deso em entrevista aos jornalistas André Barros e Rosalvo Nogueira no Jornal da Manha, exibido na Jovem Pan.
De acordo com o presidente, a Companhia está em situação precária. “A Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) é um patrimônio do povo, mas permanece em estado de agonia. Percorremos todas as estações de tratamento de Sergipe e a situação é crítica. Os escritórios não têm condições de atender ao público, as estações de tratamento estão péssimas, correndo o risco de desabar e os serviços pioram a cada dia. Na década de 70, a Deso era considerada uma das cinco melhores companhias de tratamento do país e, com o tempo, o serviço prestado está em decadência”, ressalta.
A informação recebida pela equipe do Jornal da Manhã é que, em alguns pontos estratégicos do Estado, não há condições de abastecimento. Questionado sobre o assunto, Sérgio confirma a informação. “Na região Sul não tem estrutura para disponibilizar os serviços. O Governo do estado, quando vai inaugurar alguma obra no interior, faz aquela famosa cena do governador segurando a criança no colo e abrindo a torneira, mas, depois, o povoado fica sem água”, revela.
Privatização
Com as dificuldades para oferecer serviços, algumas pessoas não descartam a possibilidade de a Deso ser privatizada. O presidente do sindicato deixa o alerta. “Em virtude do grande interesse dos empresários, muitas companhias de tratamento já foram privatizadas, a exemplo de Manaus e Cuiabá. Nós estamos muito preocupados com a situação da empresa. O presidente, Bosco Mendonça, precisa visitar as estações para ver quais são as reais condições da empresa”, destaca. Em relação aos funcionários, Sérgio Passos afirma que cerca de 250 funcionários aprovados no último concurso já deixaram seus cargos. “Tratam-se de pessoas jovens que, ao perceberem a falta de crescimento na empresa, decidiram sair. A população cresceu e a Deso, tomando o caminho contrário, diminuiu o número de trabalhadores”, explica.
Receio
Essa semana surgiu uma preocupação muito grande diante dos investimentos que podem ser feitos na Barra dos Coqueiros.
Alguns empresários que pretendem investir na região Sul demonstram um certo receio após terem sido notificados pela Deso que não haveria condição de atendê-los na região. O governador Marcelo Déda (PT), em entrevista exclusiva para o Jornal da Manhã, rebateu algumas críticas. “O Governo do Estado está duplicando o volume de água oferecido, por exemplo, à Atalaia Nova. O que não podemos é implantar uma rede pública de água em um condomínio privado. É preciso ver como foram solicitados os serviços da Deso. A Companhia tem condições de oferecer os seus serviços não apenas para empreendimentos imobiliários, mas também para indústrias e toda e qualquer alternativa que venha para Sergipe oferecer emprego e desenvolvimento”, ressalta.
Em contrapartida, oposição alega que, até cinco ou seis anos atrás, a Deso tinha estrutura bem maior que a atual. Para o governador, esse discurso não tem embasamento. “Nesse período, a Deso estava ocupada por policiais federais, fiscais da Controladoria Geral da União (CGU), membros do Ministério Público Federal (MPF) e fiscais do Tribunal de Contas para apurar a chamada “Operação Navalha”. Hoje a Companhia enfrenta dificuldades, porque foi encontrada numa situação dramática, mas a empresa tem conseguido cumprir o seu papel”, afirma.
Projetos
De acordo com o governador, a Barra dos Coqueiros tem, na parte urbana, 100% do esgotamento implantado e o sistema de tratamento em fase de testes. Além disso, novos contratos foram firmados na área de saneamento urbano. “São R$ 40 milhões para a implantação da rede de esgoto na Aruana, R$ 12 milhões para implantação na Praia do Saco e outros investimentos que serão realizados ao longo desse ano na área de saneamento básico”, finaliza.
*Por Lays Millena