O litro da gasolina passou de R$ 3,86 para R$ 4,06 — aumento de 5,18%. Já para o diesel, a elevação foi de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro — alta de 14,26%. O valor do GLP foi mantido.
Vale lembrar que o valor cobrado para os consumidores, ou seja, o preço das bombas, depende dos impostos e das margens de lucro das distribuidoras.
Em nota à imprensa, a Petrobras disse ser “sensível” ao momento pelo qual o Brasil e o mundo passam. “Quando há uma mudança estrutural no patamar de preços globais, é necessário que a Petrobras busque a convergência com os preços de mercado”, justifica a estatal. O diesel ficou 39 dias sem reajuste e a gasolina, 99 dias.
O aumento acontece dias após o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmar, durante entrevista para o canal do YouTube da jornalista Leda Nagle, que a Petrobras estaria “dando dica” de que planeja aumentar os preços.
“Não interessa quanto seja o aumento, já está absurdo o preço dos combustíveis”, disse o presidente, que chamou o lucro da empresa de “extorsivo”.
Horas antes do anúncio do reajuste, Bolsonaro escreveu nas redes sociais que o governo federal “como acionista é contra qualquer reajuste nos combustíveis”. “A Petrobras pode mergulhar o Brasil num caos. Seus presidente, diretores e conselheiros bem sabem do que aconteceu com a greve dos caminhoneiros em 2018, e as consequências nefastas para a economia do Brasil e a vida do nosso povo”, escreveu o chefe do Executivo.
A pressão contra aumento nos preços dos combustíveis também foi feita pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Ontem, em suas redes sociais, ele afirmou que a Petrobras “parece ter anunciado o bombardeio de um novo aumento nos combustíveis”.
“A República Federativa da Petrobras, um país independente e em declarado estado de guerra em relação ao Brasil e ao povo brasileiro, parece ter anunciado o bombardeio de um novo aumento nos combustíveis”, escreveu Lira, que anunciou que fará uma reunião de líderes na próxima segunda-feira (20) para tratar do assunto.
A alta dos combustíveis é considerada um risco para os planos de reeleição de Bolsonaro pelos impactos na popularidade do governo em ano eleitoral.
No início dessa semana, a cúpula do governo e a diretoria da estatal se reuniram para tentar impedir um novo aumento de combustíveis. A ideia seria aumentar a gasolina em 9% e o diesel em 11%, amenizando assim a defasagem de preços com o mercado internacional.
“A Petrobras reitera seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, ao mesmo tempo em que evita o repasse imediato para os preços internos da volatilidade das cotações internacionais e da taxa de câmbio, ou seja, evita o repasse das variações temporárias que podem ser revertidas no curto prazo.”
Petrobras, em nota à imprensa.
Reportagem publicada pelo UOL mostrou que encher o tanque do carro com gasolina comum no Brasil ficou R$ 91 mais caro em um ano. Em 2021, o litro da gasolina comum valia R$ 5,45, em média. Em janeiro de 2022, saltou para R$ 6,64. No último mês, era possível encontrar a R$ 8 em alguns estados.
O cálculo feito levou em consideração o tanque de um carro de passeio com capacidade para 50 litros e a média de preços mensais do Brasil levantados pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
Presidência da Petrobras
Bolsonaro já trocou três vezes o comando da estatal em seu governo. O motivo: uma tentativa de colocar um nome capaz de interferir nos preços dos combustíveis.
Com a escalada nos valores, a ala do governo têm pressionado a saída de José Mauro Ferreira Coelho, atual presidente da estatal. Especialistas consultados pelo UOL, no entanto, afirmam que conforme as regras atuais, o presidente da Petrobras não tem poder sobre o conselho de administração sozinho.
A diretoria executiva (da qual o presidente da companhia faz parte) é a responsável por aprovar a política de preços, segundo a estatal.
Apesar disso, há pressão pela saída do atual presidente da Petrobras. Com o anúncio dos aumentos nos combustíveis, Lira voltou ao Twitter para dizer que Coelho deve “renunciar imediatamente”. “Não por vontade pessoal minha, mas porque não representa o acionista majoritário da empresa, o Brasil”, escreveu.
O presidente da Câmara ainda analisou que Coelho trabalha “sistematicamente contra o povo brasileiro na pior crise do país”.
Teto do ICMS.
Na esteira do assunto, o Congresso Nacional aprovou essa semana um projeto de lei complementar que visa baratear o preço dos combustíveis. O projeto limita a 17% a cobrança de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre gasolina, diesel etc.
O texto já foi aprovado pela Câmara e Senado e aguarda sanção de Bolsonaro, que defende o projeto. Especialistas de fora do governo, no entanto, alertam que o teto do ICMS pode não impedir a escalada de preços. Isso porque, na outra ponta, os aumentos do custo do petróleo no mercado internacional e do dólar ante o real podem manter os combustíveis em alta.
Além da falta dessas certezas, o projeto traz risco à verba de escolas públicas. O ICMS é fundamental no repasse à educação no Brasil.
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Fonte: UOL com Estadão e Reuters.