Descaso e abandono retratam a situação da Saúde encontrada pela nova gestão de São Cristóvão. O quadro é assustador: profissionais da área dispensados; remédios vencidos, e largados em “depósitos” improvisados; unidades de saúde em condições precárias de funcionamento; equipamentos danificados; carros e ambulâncias abandonados na garagem, tomados pela vegetação. Para ter uma ideia, até materiais ambulatoriais básicos – de curativo, por exemplo -, faltam ou foram encontrados num estoque mínimo. Um total desrespeito pela população e desperdício de dinheiro público.
Segundo a secretária interina da Saúde de São Cristóvão, Adilene Lima, a realidade exige uma ação rápida e emergencial para que a população não seja ainda mais prejudicada. “Estamos concluindo um levantamento de tudo que nos foi passado, mas podemos afirmar que o quadro é de abandono. Toda a equipe de Saúde está mobilizada para continuar o atendimento, ainda que não de maneira satisfatória, porque as condições encontradas não permitem. Temos, de fato, que organizar a casa e, em paralelo, oferecer os serviços, porque é uma área que não pode parar”, pondera.
Uma das ações emergenciais é reorganizar o quadro de profissionais, especialmente, enfermeiros e médicos. As equipes da Saúde – 22 no total, entre unidades básicas e de saúde da família – não têm condições de oferecer os serviços adequados, justamente por falta de pessoal. “Em uma equipe falta médico; em outra, enfermeiro; na outra, os dois. É um absurdo. Mas já estamos resolvendo a questão, inclusive, retomando o atendimento odontológico, cujos equipamentos encontramos quebrados”, explica Lima. “Para a falta de profissionais, a proposta é contratação emergencial de médicos e enfermeiros, por meio de processo seletivo”, complementa a secretária.
Veículos tomados pela vegetação – Outra demanda imediata é solucionar o problema dos veículos – hoje só estão disponíveis duas motos, uma ambulância, um carro pequeno e um maior, que transporte pacientes que realizam tratamento em Aracaju (hemodiálise, oncologia e fisioterapia). Enquanto isso, carros específicos da Saúde, entre outros, foram encontrados abandonas na garagem do município, alguns sendo tomados pela vegetação. “É um descaso total”, resume a secretária. Descaso também encontrado no armazenamento e descarte de remédios e materiais ambulatoriais. Quantidade significativa de remédios vencidos foi encontrada, inclusive, na sede da Secretaria de Saúde. Um levantamento está sendo feito, por uma técnica da área, para separar o que ainda pode ser utilizado, além da contratação de uma empresa especializada para retirar os remédios vencidos dos locais onde se encontram.
Remédios vencidos – Trabalho dificultado porque o sistema de controle de almoxarifado foi encontrado bloqueado, impedindo o acesso a um inventário. “Estamos fazendo esse levantamento inicial de medicamento e materiais, e tomando as devidas providências para reposição. Muita coisa falta para reabastecer os postos, como remédios para hipertensão e diabetes, além de material de curativo”, conta o coordenador do Departamento Administrativo Financeiro (DAF), Valfredo Dantas.
Realidade sentida nos pontos de saúde. Na Unidade Básica Governador Valadares Filho, por exemplo, o abandono é visível. Paredes descascadas, banheiros com infiltração, estruturas físicas precárias – já comprometendo, inclusive, o saneamento básico-, falta de computadores – todos os prontuários do pacientes são utilizados manualmente, não há nenhum registro informatizado. A ideia, inclusive, é realizar uma reforma na unidade, transferindo-a provisoriamente para outro local – a viabilidade da proposta ainda está sendo analisada pela secretaria.
Diante do quadro, a atual gestão municipal busca soluções emergenciais ao mesmo tempo em que coloca em prática o plano de ação para reestruturar a Saúde no município. “Podemos dizer que encontramos a Saúde desestruturada para tudo. Está funcionando pela boa vontade da equipe. Mas vamos modificar essa realidade e trazer um tempo novo para a Saúde em São Cristóvão”, garante a secretária.
Matéria enviada pela ascom/PMSC