Depois de nove casos de mialgia epidêmica registrados na Bahia, a Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe (SES) está em alerta. Neste domingo, 18, o Centro de Informação Estratégica em Vigilância em Saúde do Estado de Sergipe (CIEVS/SE) emitiu um alerta aos profissionais da Rede de Atenção à Saúde para possíveis suspeitas que possam ocorrer no Estado.
“Como a gente faz divisa com a Bahia, e não sabe o que está ocorrendo na Bahia, a Secretaria achou por bem fazer esse alerta aos profissionais da rede de atendimento para que haja notificações de possíveis casos de mialgia em Sergipe. E havendo algum caso, a gente tome as devidas providências e dê início ao tratamento adequado. Mas, a gente ainda não teve nenhum caso aqui”, esclarece a coordenadora do CIEVS, Daniela Pizzi.
Segundo ela, os casos de mialgia epidêmica registrados em Salvador não foram graves, nem resultaram em óbito. “Em salvador as nove pessoas deram entrada na rede de atendimento com mialgia súbita, que é uma dor muscular de início súbito e muito intensa, com alteração na urina. Todos os casos estão sendo investigados, pois é preciso saber a causa, o que está acontecendo”, diz.
Entenda
O alerta aos profissionais da Rede de Atenção à Saúde é para que haja notificação imediata, caso apareça algum paciente com os sintomas de mialgia epidêmica. “Se acontecer de alguém sentir dor muscular intensa e súbita e a urina estiver escura, deve buscar atendimento médico e não se automedicar”, orienta Daniela Pizzi.
No dia 14 de dezembro foram notificados por uma unidade hospitalar de Salvador, nove casos suspeitos de mialgia epidêmica em pessoas de três diferentes famílias. Os casos foram atendidos e internados em uma unidade de saúde localizada em Salvador, nos dias 02 e 10 de dezembro, apresentando quadro clínico caracterizado por início súbito de fortes dores em região cervical, região do trapézio, seguido por dores musculares intensas nos braços, dorso, coxas e panturrilhas.
Todos os pacientes apresentaram elevações significativas das enzimas musculares, sem febre, artralgia ou cefaléia. A doença apresentou rápida disseminação entre os familiares, o que sugere que a transmissão ocorra através de contato ou gotículas.
O que é a Síndrome da Mialgia Epidêmica?
A doença de Bornholm ou a pleurodinia epidêmica ou mialgia epidêmica é uma doença causada pelo vírus Coxsackie B ou outros vírus semelhantes. É nomeado assim, por causa a ilha dinamarquesa de Bornholm, onde os primeiros casos ocorreram.
Os sintomas podem incluir febre e dor de cabeça, mas a característica distintiva desta doença é ataques de dor intensa na parte inferior do peito, muitas vezes de um lado. O menor movimento da caixa torácica causa um aumento acentuado da dor, o que torna muito difícil respirar, e um ataque é, portanto, uma experiência assustadora, embora geralmente passe sem grandes complicações. Os nomes populares para a doença, como ‘O aperto do Diabo’ refletem esse sintoma.
A inoculação de lavados de garganta de pessoas com pleurodinia no cérebro de camundongos recém-nascidos revelou que os enterovírus no grupo do vírus B de Coxsackie eram possíveis causadores do quadro doloroso e esses achados foram confirmados por estudos subseqüentes de respostas de anticorpos IgM medidos em Soro de pessoas comos sintomas. Outros vírus na família dos enterovírus, incluindo o parechovírus e o vírus Coxsackie A, são também associados ao caso.
O vírus Coxsackie B é transmitido por contato e as epidemias costumam ocorrer durante o tempo quente em regiões temperadas e em qualquer momento nas regiões tropicais, como o Brasil. Como é típico com esta família de vírus, é eliminado em grandes quantidades nas fezes de pessoas infectadas. A doença também pode ser transmitida através de gotículas respiratórias.
Tratamento e prognóstico
A doença dura cerca de uma semana e raramente complica-se gravemente. O tratamento inclui hidratação vigorosa nas primeiras 48 horas, administração de analgésicos e a aplicação de calor nos músculos afetados. As recidivas durante as semanas que se seguiram ao episódio inicial são uma característica da doença. Nos casos relatados em Salvador, houve alterações severas nos exames que indicam inflamação muscular, como o CPK e como consequência, alguns casos desenvolveram urina escura e insuficiência renal, a chamada rabdomiólise, que necessitam de tratamento urgente. Não se recomenda o uso do AAS e outros antiinflamatórios.
Em alguns dias, os exames de isolamento viral mostrarão qual o vírus causador, mas enquanto isso, as equipes de saúde da Bahia já estão em alerta e nos demais estados, pela característica do vírus, devemos sempre estar atentos para os sintomas.
Lembro que em 2015, os primeiros casos de Zika Vírus (na época, os primeiros diagnósticos foram na Bahia), começaram a ser relatados e em pouco tempo, a doença se espalhou por todo o nordeste e país.
Sempre que os sintomas acima acontecerem, primeiro serão pesquisadas as causas mais comuns, como Dengue, Chikungunya e Zika e depois pode-se pensar nesse diagnóstico.
Há também a suspeita de alguma toxina ou microorganismo transmitido por peixes, pois as famílias afetadas estiveram recentemente no litoral e consumiram pescado.
As medidas preventivas envolvem os cuidados de higiene, especialmente em pacientes com sintomas e o não compartilhamento de talheres, copos e outros objetos.
Acompanhe também o SE Notícias no Twitter, Facebook e no Instagram
(Informações da Infonet e Atarde Bahia)