O Governo do Estado, através da Secretaria de Estado do Turismo e do Esporte (Setesp), reformará e revitalizará os museus Afro-Brasileiro, da Arte Sacra e a Casa de Cultura João Ribeiro, que ficam localizados em Laranjeiras, e o Museu Histórico de Sergipe, sediado em São Cristóvão. O investimento para a realização dos projetos e das obras é estimado em aproximadamente R$ 4 milhões, recurso proveniente do Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur).
De acordo com Francisco Antônio, analista de Infraestrutura da Setesp, a elaboração e execução dos projetos de reestruturação deve durar entre sete e oito meses, e a projeção para o término das obras é de um ano após essa primeira fase. “Nesse momento, o plano está no processo de termo de referência para ser contratado, posteriormente, através de uma licitação, que deve ocorrer até o final do ano”, explica.
Primeira fase
O início do processo se dará através de estudos arqueológicos e museológicos. O primeiro visa descobrir se sob o solo de cada museu envolvido, há a possibilidade de descobertas arqueológicas e, se as pesquisas apontarem sinais positivos, escavações serão feitas para coletar esses materiais.
O segundo estudo tem como objetivo identificar e relatar as necessidades que cada um possui, em termos de reforma e revitalização, além de possíveis readequações dos espaços internos e externos. “É no estudo museológico que identificaremos qual o tema de abordagem de cada museu e como ele está organizado fisicamente. A partir daí, consideraremos o reposicionamento das áreas deles, e provavelmente, existirá uma reorganização das obras, seguindo a lógica da cronologia em que as peças estão inseridas”, explica o analista.
Segundo Francisco, esse melhor aproveitamento busca aprimorar a experiência dos visitantes, deixando-os mais familiarizados com a ordem dos fatos ligados às peças em exibição, o que deve ajudar na absorção dos conhecimentos provindos das exposições.
“Inclusive será levada em conta a possibilidade de criação de novos setores nas áreas de acervo, de administração e de serviços, como lanchonetes e banheiros, sem esquecer, claro, das questões ligadas à acessibilidade, principalmente nos prédios onde há mais de um andar. Para aperfeiçoar esses acessos, devem ser implantados, por exemplo, elevadores, plataformas e rampas, o que tornarão os museus mais adequados à população como um todo”, acrescenta Francisco.
Consulta popular
A fase de estudos ainda contará com uma etapa importante. É nela que a população será ouvida sobre o que deve ou não ser implementado durante as execuções das obras. Obviamente, a análise técnica será a matriz que determinará os pontos mais relevantes, mas a Setesp garante que as opiniões do povo serão levadas em consideração durante as decisões tomadas.
O estudante de História Carlos Victor, 24, é categórico sobre as reformas. “Desde que elas não afetem o valor histórico e cultural das obras expostas, serão muito bem-vindas, pois qualquer revitalização é importante, não só para o museu em si, mas para todo setor do turismo também”, relativiza.
Mas Francisco, como analista de infraestrutura da Setesp, garante que esses valores não serão afetados. “Além disso, os benefícios serão amplos, uma vez que envolverão também mais conforto para os visitantes e, ao mesmo tempo, enquadrarão os museus nas normas de acessibilidade e segurança (definidas pelo corpo de bombeiros e outros órgãos reguladores)”.
Parceria
Após a finalização dos estudos, as obras devem ser iniciadas simultaneamente e, embora elas sejam realizações possibilitadas através da Setesp, todo o processo que as envolve será desenvolvido em conjunto com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Secretaria de Estado da Cultura (Secult).
“Apesar do contratante ser a Secretaria de Estado do Turismo e do Esporte, esse projeto será desenvolvido em parceria com o Iphan e a Secult, todos exercendo papéis específicos e integrados, e todos com poder de decisão em ralação a cada item, tanto do projeto, quanto das execuções das obras”, reforça o analista de infraestrutura.
História e Turismo
Essas implementações buscam também aumentar o número de visitantes nos museus, à mesma medida que procuram influenciar o tempo de permanência dos turistas. “Um dia a mais que eles ficam na cidade já significa um grande aumento para o comércio local. Ganham não só as pousadas e os restaurantes, mas toda a estrutura comercial dos municípios em que essas atrações histórico-culturais estão inseridas”, observa Francisco.
Realidade que o vendedor de acarajé e tapioca Jamisson Raimundo da Silva, 39, entende muito bem. “Já era hora dessas reformas acontecerem, pois esses patrimônios não podem acabar. Vem gente de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Minas e de vários outros estados do Brasil para visitá-los. Essas visitas são ótimas para o comércio local e para os próprios museus, já que os turistas também contribuem com o pagamento das entradas”, contextualiza o comerciante, que é devoto na Igreja Matriz Sagrado Coração De Jesus e tem ciência dos benefícios que essas ações podem trazer. “Principalmente para o museu de Arte Sacra, que abriga várias imagens da igreja e precisa com urgência de reparos”, alerta.
O universitário e futuro historiador Eberty Araújo, 22, reconhece a importância turística, mas chama a atenção principalmente ao papel histórico que esses museus representam. “O Museu Histórico de Sergipe, por exemplo, imortaliza nosso período imperial e guarda toda história político-administrativa dessa época para as gerações futuras. Que essas reformas, visando a preservação, inspirem os gestores a promover mais iniciativas como semelhantes, em prol da perpetuação do conhecimento e, é claro, da trajetória do nosso povo”, ressalta.
Prodetur
O Programa de Desenvolvimento do Turismo é uma linha de crédito entre o Governo do Estado e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no valor de U$ 100 milhões (mais de R$ 300 milhões) para o desenvolvimento do turismo em Sergipe, no âmbito do Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur Nacional). Caberá ao BID o financiamento de U$ 60 milhões e o restante, U$ 40 milhões, serão de contrapartida estadual.
O Prodetur tem como objetivo contribuir para o fortalecimento da política nacional de turismo e consolidar a gestão turística cooperativa e descentralizada, oportunizando um modelo de desenvolvimento turístico a partir do qual os investimentos dos governos estaduais e municipais respondam tanto às especificidades locais, quanto a uma visão integral do turismo no Brasil.
Além dos patrimônios históricos, serão contemplados investimentos na construção e recuperação de orlas e equipamentos turísticos, qualificação da mão-de-obra, infraestrutura de apoio e fortalecimento institucional do turismo. Através desses recursos, estão previstas diversas obras como a nova Orla de Aracaju, a implantação de esgotamento e da orla do povoado Crasto, em Santa Luzia do Intanhi, de dois atracadouros no povoado Caibros, em Itaporanga; a construção da orlinha do povoado Curralinho, em Poço Redondo; as reformas da Orla Pôr do Sol e do Centro de Turismo, em Aracaju, entre outros investimentos que irão transformar significativamente o setor econômico do turismo em Sergipe.
Acompanhe também o SE Notícias no Twitter, Facebook e no Instagram.
Informações da Agência Sergipe de Noticias.