A manhã desta sexta-feira, 12, foi de muita conversa entre produtores de milho sergipanos e as instituições bancárias. A perda da safra tem gerado dúvidas e desejo de um posicionamento por parte dos produtores quanto ao uso do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), que visa atender pequenos e médios produtores no tocante a exoneração de obrigações financeiras relativas a operação de crédito rural de custeio, cuja liquidação seja dificultada pela ocorrência de fenômenos naturais, pragas e doenças que atinjam rebanhos e plantações.
A fim de ajudar aos produtores, o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Sergipe – FAESE, Ivan Sobral, agendou reuniões entre os produtores e a diretoria dos bancos do Nordeste e do Brasil. Por conta de uma agenda intensa, Ivan Sobral encaminhou o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, Denio Leite para acompanhar às reuniões. Ivan adiantou que a Federação já encaminhou comunicação à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil e na próxima semana, fará chegar estas informações ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi.
Denio Leite explicou que a Federação montou uma comissão de técnicos e produtores para conversar com os bancos, a fim de afinar o discurso em torno de um mesmo objetivo. “Ficou claro nas reuniões que há boa vontade na resolução dos problemas. O posicionamento dos bancos na minha avaliação é positiva. Eles explicaram os procedimentos, as etapas e os prazos. Claro que não queríamos utilizar o Proagro, queríamos o grão colhido, mas infelizmente não será possível.
Sergipe é o segundo maior produtor do Nordeste em milho, perde apenas para Bahia. Mas esse ano a pouca chuva fez o cenário mudar. Na última safra foi colhida 600 mil toneladas de milho, esse ano houve a previsão de colher 1 milhão de toneladas, no entanto, a cada semana os números só caem, “a expectativa é de colher apenas 250 mil de toneladas, isso porque a região Centro Sul do Estado, como exemplo, Arauá, Umbauba e Cristinápolis ainda não foram afetadas totalmente pela falta de chuva. Se nestes municípios não chover o suficiente, o número da colheita pode cair”.
A falta de milho refletirá na pecuária (bovinocultura – leite e corte, avicultura e suinocultura). Na avicultura 60% do custo de produção é ração, ou seja, a população vai sentir no orçamento daqui a uns 90 dias o aumento no preço das carnes e derivados do leite.
O engenheiro agrônomo, Adailton Almeida, acompanhou a reunião, para ele, as reuniões foram proveitosas e atendeu a expectativa dos técnicos quanto à interpretação no sentido de perda parcial e total da safra. “O uso da massa verde era uma preocupação para o agricultor, mas ficou claro na reunião, que o banco vai nomear uma empresa credenciada para periciar as áreas de safra perdidas, depois da perícia, o produtor pode colher essa massa verde – a parte da cultura que ainda serve para alimentação animal – e prosseguir com o processo de cobertura do Proagro”, observou.
Produtor
Quem vê as plantações no interior sergipano nem imagina o sufoco que os produtores estão passando. Isso porque as plantações de milho não se desenvolveram. Houve a formação do órgão masculino, que é o pendão, e na fase de maior desenvolvimento da parte feminina, foi quando ocorreu à falta de chuva, assim, não houve o cruzamento, e consequentemente não houve a
formação da espiga.
O produtor José Luiz Melo Junior foi um dos que assistiu sua produção, nos municípios de Nossa Senhora de Lourdes, Gararu, Feira Nova e Graccho Cardoso, não se desenvolver completamente. Ele plantou 800 hectares, desse total, 600 hectares estão perdidos, os 200 hectares restante ainda podem ter alguma salvação se houver chuva. “É o pior ano em décadas. Em todo o Estado já temos em torno 90% de frustação de safra, até na região Centro-Sul, que tem índices pluviométricos de 1.500 milímetros de chuva, vai ter frustação de safra em torno de 50%, no Alto Sertão a perda é de 100%. É só olhar os índices pluviométricos para entender a situação da nossa safra”, relatou.
Ele sugere que cabe aos produtores procurar o mais rápido possível as suas assistências técnicas para dar andamento aos seus processos. “Os bancos irão agilizar a indicação do técnico perito, para dar celeridade aos processos”.
Bancos
O gerente executivo em exercício do Banco do Nordeste do Brasil, Lúcio Maciel, sugeriu que fosse dada a antecipação no pedido de vistoria por parte do Banco para liberar plantio de forma a possibilitar a utilização da massa verde na alimentação animal em forma de silagem, diminuindo assim os prejuízos. Na oportunidade, ele fez as orientações técnicas e informou que as ações a serem realizadas em situação de perda parcial deve ser aquelas previstas nas normas do Banco Central, gestor do Proagro, e que as empresas prestadoras de assistência técnica devem adotar as ações para agilizar a entregar no banco da comunicação de perda para que assim o banco possa proceder com a vistoria do empreendimento do cliente, por meio de técnico próprio ou de empresa habilitada a realizar o procedimento. “Temos acompanhado a situação de estiagem no estado de Sergipe e que as contratações deste ano no crédito rural até a primeira semana de agosto foi de R$ 102 milhões, sendo que 60% é composto de operações de custeio e, portanto está sensível a demanda dos agricultores e que não poupará esforços para agilizar, dentro do fluxo normativo e segregação de responsabilidade, os pedidos de cobertura do Proagro, em articulação com as áreas competentes”, assegurou.
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