Do G1, com informações da EFE
Milhares de venezuelanos cruzaram neste domingo (10) a fronteira com a Colômbia, aberta durante 12 horas pelo governo da Venezuela para que os cidadãos do país possam ir à cidade colombiana de Cúcuta para comprar alimentos e remédios.
Longas filas se formaram diante das alfândegas desde as 5h (6h em Brasília), à espera da abertura da passagem, às 6h. Muitas pessoas tinham dormido em veículos estacionados nas ruas próximas ao local, segundo a France Presse.
Houve tumulto para atravessar a ponte internacional Simón Bolívar, que liga a cidade venezuelana de San Antonio del Táchira com o município colombiano de Cúcuta, com grande número de pessoas em busca de produtos em meio à escassez vivida na Venezuela.
“Somos daqui de San Antonio, não temos nada de comida para dar aos nossos filhos, então não me parece justo que a fronteira fique fechada”, disse à agência EFE em Cúcuta uma mulher que acabava de atravessar a ponte com o marido e dois filhos, de 5 e 2 anos de idade, e que preferiu não revelar o nome.
“Viemos comprar comida, porque não estamos conseguindo o básico” na Venezuela, disse à France Presse Claudia Durán, uma das moradoras que cruzou a pé cerca de 700 metros para alcançar o território colombiano.
Houve momentos de desespero durante o cruzamento da fronteira. Por volta das 7h, se formou uma aglomeração em frente aos postos alfandegários e a multidão se esquivou, em debandada, dos controles militares para avançar. As autoridades retomaram rapidamente o controle da situação, informou a France Presse.
Fronteira ficará aberta por 12 horas
Os cruzamento entre o estado de Táchira e Norte de Santander foi fechado no dia 19 de agosto do ano passado por ordem do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, como parte de uma campanha contra o contrabando e supostos paramilitares, medida que depois ampliou a todas as fronteiras entre os dois países.
O governador de Táchira, José Gregorio Vielma Mora, anunciou no sábado que a fronteira seria aberta neste domingo por ordem de Maduro, pois “foi planejada uma segunda entrada de venezuelanos à Colômbia organizada pela direita venezuelana, com o pretexto de comprar comida e remédios”.
O comentário aparentemente fazia referência à situação ocorrida na terça-feira passada, quando 500 mulheres venezuelanas forçaram o cruzamento da fronteira para adquirir comida e produtos básicos na cidade de Cúcuta. Após o anúncio feito na madrugada, centenas de venezuelanos fizeram fila na ponte Simón Bolívar para atravessar ao lado colombiano. Na quarta-feira passada, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, visitou Cúcuta junto com a chanceler, María Ángela Holguín, e anunciou que tentará dialogar com Maduro para conseguir a reabertura das fronteiras.
Abertura da fronteira
Maduro “ordenou que não quer nenhum ferido, nenhum morto, não quer show (…) e se essas mulheres estão decididas a ir outra vez no domingo, podem se reunir, passar para a Colômbia, comprar lá e voltar”, disse em entrevista a uma emissora de rádio o governador do estado fronteiriço de Táchira (oeste), José Vielma Mora.
A Venezuela trabalha para “que se deem as condições necessárias e se reabra” definitivamente a fronteira, de 2.200 km, publicou o governador no Twitter neste sábado (9). Vielma Mora disse, ainda, que o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, “reconhece” que a medida tomada por Maduro em agosto de 2015 “gerou uma maior segurança”.
A oposição denuncia, porém, que o fechamento da fronteira agravou a escassez de alimentos e remédios na zona.
Na semana passada, os ministros da Defesa da Colômbia, Luis Carlos Villegas, e da Venezuela, Vladimir Padrino, retomaram as conversas sobre a segurança na área limítrofe, com a possibilidade de restabelecer a passagem.
Maduro ordenou o fechamento da fronteira no ano passado, após um ataque de supostos paramilitares colombianos contra uma patrulha militar venezuelana. Três ficaram feridos na cidade de San Antonio del Táchira.
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