Pequenas propriedades e lotes de assentamento de reforma agrária da zona rural de Canindé de São Francisco, no Alto Sertão sergipano, estão recebendo a perfuração de 14 poços e instalação de sistemas de bombeamento de água, que será utilizada para o consumo humano, a dessedentação animal ou a irrigação. Estas ações são resultado do esforço conjunto da força-tarefa de Recursos Hídricos para o Semiárido do Governo do Estado, executada por meio da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe.
Dos 14 poços, oito foram instalados e estão funcionando e as bombas serão movidas à energia elétrica, eólica ou solar. O assentamento de reforma agrária Gualté, em Canindé, foi um dos primeiros beneficiados. Ele possui 30 famílias assentadas, uma delas é chefiada pelo casal de agricultores Jailma Pereira de Lima e Orlando Pereira da Silva.
Em junho, eles iniciaram plantio de horta com cebolinha, coentro, tomate e alface. Também tem um plantio maior de feijão de arranca e noutra parcela, tem capim elefante, uma espécie de gramínea do gênero Cynodon e sorgo, estes últimos plantados para a alimentação de animais que pretende comprar. Isso tudo só foi possível a partir da instalação do sistema de bombeamento, movido à energia elétrica, em um dos poços perfurados pela Cohidro, que puxa a água até um reservatório que depois é rebombeada para a irrigação.
“Logo que saiu a instalação dos poços, a gente tinha um crédito de financiamento de R$ 7 mil. Então investi nas bombas e na irrigação da área, agora plantada. Quero por quatro vacas leiteiras e algumas ovelhas usando este capim”, relatou o agricultor, sobre o poço de 60 metros de profundidade e vazão de oito mil litros por hora (l/h), perfurado em sua área e que hoje irriga 1,6 hectares de seu lote no assentamento.
Energia eólica
Os três primeiros poços em funcionamento usam energia eólica para puxar a água do poço, conforme disse o chefe da Divisão de Instalação e Manutenção de Poços da Cohidro, Roberto Wagner. “O primeiro poço instalado foi também no Gualté, no lote de Cleberton dos Santos onde um cata-vento triangular com torre de dez metros, produz em média uma vazão de 900 l/h. O segundo encontra-se no lote do produtor José Rodrigues dos Santos, que também recebeu a mesma instalação do primeiro poço e produz 800 l/h, mesma quantidade do agricultor Juarez Alves de Matos, do terceiro poço”.
O diretor de Infraestrutura e Mecanização Agrícola na Cohidro, Paulo Henrique Machado Sobral, conta que o as equipes da Empresa alternam o modelo do equipamento, conforme for a disponibilidade do local onde fica o poço. “Onde existe acesso às redes elétricas estão sendo instaladas, com recursos da companhia, moto-bombas. Onde não há energia ou serão montados cata-ventos, ou bombas movidas à energia solar, a partir de placas de captação fotovoltaicas, todos doados também pela Empresa”, relatou. Noutros casos, como do lote do agricultor Evani Barbosa, a instalação teve que ser adiada até que a eletricidade, conforme foi acordado, seja ligada ao poço com as especificações técnicas necessárias.
Roberto Wagner informou ainda que no povoado Pedra de Amolar, também em Canindé, foi instalado outro cata-vento, na propriedade rural de Roque Araújo Rios, em um poço de onde se obtêm água na proporção de 840 l/h. Voltando ao assentamento Gualté, no lote de Edmundo Marinho, foi instalado uma moto-bomba submersa ao poço, produzindo em uma vazão de 4.350 l/h. O mesmo se deu nos poços dos também assentados Sebastião Bezerra e José Estevão, só que com bombeamento atingindo 9.840 l/h e 10.500 l/h, respectivamente.
Força-tarefa
A força-tarefa, criada pelo governador Jackson Barreto, discute e propõe soluções para combater os efeitos da estiagem sobre as populações da região semiárida, buscando identificar as localidades mais afetadas e com mais urgência de ações. Além da Cohidro, o grupo reúne também dirigentes da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso), da Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema), Ouvidoria Geral do Estado de Sergipe, das secretarias de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri) e do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh).
O presidente da Cohidro, José Carlos Felizola Filho, explica que eles se reúnem periodicamente e já houve viagens, como a feita ao Ceará, em maio passado, para a busca de informações e aprofundamento na questão. “Fomos recebidos lá pela Secretaria dos Recursos Hídricos, que nos levou para conhecer o trabalho realizado pela sua subsidiária, a Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh). Essa Companhia, lá faz um trabalho que é referência a nível internacional, tanto na obtenção e conservação de água no Semiárido, quanto da gestão desses recursos hídricos, pela forma como delibera o fornecimento de água para o consumo humano, para indústria e para a agricultura”, avaliou.
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Matéria extraída do Portal Agência Sergipe de Noticias.