Bibiana Dionísio e José Vianna, do G1 PR, com informações do Jornal Hoje
A equipe da Polícia Federal (PF) no Paraná abriu na sexta-feira (19) inquérito para apurar as obras realizadas no sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), que era frequentado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e familiares.
Os policiais apuram se as reformas foram pagas por empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato e se houve favorecimento ilegal ao ex-presidente. As informações foram confirmadas pelo Jornal Hoje.
As reformas já eram investigadas em inquérito ligado à empreiteira OAS – que teve executivos condenados por envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras. Entretanto, os agentes pediram ao juiz Sérgio Moro, responsável pelas ações penais da Lava Jato na primeira instância, para fazer uma nova investigação exclusiva – solicitação aceita pela Justiça.
Quando a investigação foi autorizada, o Instituto Lula afirmou, em nota, que o ex-presidente nunca escondeu que frequenta em dias de descanso o sítio Santa Bárbara, que pertence a amigos dele e de sua família. O instituto afirmou que não há nada ilegal nestes fatos, que não serviriam para vincular Lula a qualquer espécie de suspeita ou investigação.
Bumlai
Depoimentos dados ao Ministério Público de São Paulo, que também investiga o caso, apontam que o pecuarista José Carlos Marques Bumlai e as construtoras OAS e Odebrecht pagaram pela reforma e pelos móveis do sítio em Atibaia.
Bumlai é dono da Usina São Fernando, que teria bancado parte da reforma do sítio.
O pecuarista é réu em uma das ações da Operação Lava Jato e responde por corrupção passiva, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. Bumlai está preso no Complexo Médico-Penal do Paraná.
Os depoimentos foram dados por profissionais contratados para fazer a obra no sítio. Um deles é Adriano Fernandes dos Anjos, ex-dono da Fernandes dos Anjos & Porto Montagem de Estruturas metálicas Ltda.
Ele contou aos promotores que prestava serviço para a usina de Bumlai, que o contratou para fazer uma estrutura metálica na casa do sítio em Atibaia.
Dos Anjos afirmou que ficou na cidade de 30 a 40 dias e que recebeu cerca de R$ 40 mil de mão de obra pelo serviço. O pagamento foi feito pela Usina São Fernando por meio de depósito bancário. O sogro de dos Anjos confirmou à reportagem que ele trabalhou na obra “por intermédio do pessoal da usina” de Bumlai.
Escritura do sítio
Os procuradores do MP de São Paulo suspeitam que o ex-presidente Lula seja o dono do sítio. No papel, os donos são Jonas Suassuna e Fernando Bittar, sócios de Fábio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente. A escritura aponta que eles compraram o sítio de mais de 150 mil metros quadrados por R$ 1,5 milhão.
O nome de Bittar aparece na nota da compra de móveis planejados para o sítio em uma loja de São Paulo. Em depoimento ao MP paulista, um funcionário da loja disse que a OAS pagou a conta de R$ 130 mil, mas que a construtora não queria aparecer no negócio.
Outro lado
O advogado de Jonas Suassuna afirma que ele apenas vai se manifestar perante a Justiça. A defesa de Bumlai nega que ele tenha assumido a reforma ou indicado arquiteto e engenheiro. Segundo a defesa, Bumlai apenas indicou uma construtora para a obra, que não foi aceita e foi substituída.