Da varanda da sua casa, Tatiana dos Santos, 27, observa o movimento de máquinas e homens abrindo caminho ou alargando a estrada que corta o povoado Ipanema, em Itaporanga D’Ajuda. A comunidade é uma das 15 beneficiadas nos quatro municípios pelo quais passa a rodovia SE-255, a Rota do Agreste, que vem sendo construída pelo Governo do Estado e irá interligar a BR-235, na altura do povoado Rio das Pedras, em Itabaiana, à BR-101, em Itaporanga D’Ajuda, passando ainda por Areia Branca e pelo povoado Aningas, em São Cristóvão.
“Vai ajudar muito em tudo aqui. A gente vai ter mais acesso à cidade e aos transportes. A gente usava mais uma estrada por baixo, que passa por uma fazenda particular, porque por cima ficava difícil passar. Mas já mudou muita coisa, a gente vê o pessoal trabalhando e agora todo mundo diz que a estrada de cima já está bem melhor que ir pelo caminho da fazenda”, explica a dona de casa.
Para Tatiana, cuja família vive da produção de vassouras de pindoba, a esperança é também diminuir os custos e aumentar o conforto no transporte para a capital, Aracaju. “A gente vende vassoura nas feiras de Aracaju. Meu esposo leva as vassouras para serem vendidas, mas precisa pegar um transporte até Itaporanga e de lá outro para a capital. A gente espera que com a nova estrada facilite nossa comercialização e possamos até pegar um transporte que vá direto a Aracaju, diminuindo gastos com as passagens, que são caras por causa do acesso difícil”.
Também em Ipanema, aos 66 anos, o senhor Daniel das Chagas confirma as mudanças que está vendo no povoado que vive desde que nasceu. “Vejo as máquinas e os homens trabalhando direto, passando por aqui. Graças a Deus, estão trabalhando sim. Claro que [a obra] não anda de uma vez só, porque não é só um pedacinho de estrada para ser assim como querem, tão rápido. Vem de lá de Itabaiana e para passar pra cá tem muita estrada, muita baixada, muito rio, pega muita ponte, então tem que fazer direito mesmo. Mas quando asfaltar vai ser um negócio melhor, facilitar a vida da gente. Vai ser mais rápido para gente ir à rua (sede municipal) e voltar. Hoje, tem ônibus, mas é demorado. É complicado porque a estrada não é boa”, conta.
Em Mata do Ipanema, o autônomo Marcelo Xavier Marques não esconde a satisfação com a futura SE-255. “Passo por aqui todos os dias e já dá para perceber que vai ser uma bela rodovia. Além de encurtar o acesso a Itabaiana, Itaporanga e a BR-101, a nova estrada vai melhorar a vida de todo mundo, pois, as cooperativas de transportes colocarão linhas de ônibus e, só quem reside em locais distantes como esses sabe a importância de uma obra como esta”, declara.
Com 52 km de extensão, a Rota do Agreste será estratégica para o escoamento da produção agrícola regional, além de valorizar os municípios e melhorar a condição de vida da população. Fruto de um investimento superior a R$ 63 milhões, sendo mais de R$ 58 milhões de recursos oriundos do Proinveste e aproximadamente R$ 5 milhões referentes às indenizações pagas pelo Estado pelas desapropriações, a obra atende ao padrão estabelecido nas novas estradas estaduais, a rodovia possuirá dez metros de largura, sendo sete de pista de rolamento e três de acostamento (1,5 à esquerda e 1,5 à direita), sistema de drenagem pluvial, sinalização horizontal e vertical, além da construção de duas pontes sobre riachos que cortam o percurso.
“É uma obra extensa e importante. Temos em torno de 35% de terraplanagem totalmente pronta, destes, 20%, o que significa 10 km, já é de sub-base. A drenagem está aproximadamente 60% pronta, a faixa de domínio com suas cercas novas nos locais (delimitando a via em relação às propriedades particulares) está 60% concluída. A obra, hoje, encontra-se em ritmo normal de trabalho, com 62 homens trabalhando, 28 máquinas, entre elas, três caçambas, três escavadeiras de giro, três retroescavadeira e motoniveladora (Patrol), quatro rolos, dois caminhões pipa, além das demais”, descreve o engenheiro do Departamento Estadual de Infraestrutura (DER/SE), ligado à Secretaria de Estado de Infraestrutura e do Desenvolvimento Urbano (Seinfra), Geraldino Costa.
De acordo com o engenheiro, a logística da obra por vezes fica comprometida devido às condições climáticas e burocráticas com outras empresas públicas ou privadas. “Agora, em dezembro, o que não é comum aqui em Sergipe, teve aquele período de aproximadamente 18 dias de chuvas. Quem entende o que é a terraplanagem sabe que, uma semana de chuva significa duas semanas de serviços parados, ou seja, se tivemos 18 dias de chuvas, perdemos em torno de 25 dias do prazo da obra. Estamos resolvendo também outros empecilhos, como o que há com um Perímetro Irrigado no trecho de Itabaiana, onde há um problema que buscamos resolver junto à Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) para remanejar algumas adutoras que beneficiam todo aquela área. Há também, em toda a obra, questões que envolvem postes da Energisa ou de empresas privadas de telefonia e todo seguimento que há de redes de água, da Deso que não podemos prejudicar e arriscar o serviço ofertado por estas empresas à população”.
Segundo Geraldino Costa, outra grande preocupação do governo é afetar minimamente a rotina e a vida da população das comunidades. “Tem o problema também com os povoados, alguns seriam praticamente dizimados, teríamos que indenizar praticamente todas as casas, então tivemos que fazer variantes, que são mudanças de traçados para que a rodovia possa passar por trás ou ao lado do povoado sem ter que onerar a obra ao pagar mais indenizações e procuramos desalojar o mínimo de pessoas possíveis. Pensando nessas pessoas, que vivem no local, que fizeram a vida naquele local, ainda que tenham situações que precisamos retirar algumas casas, fizemos o máximo para minimizar os transtornos e quantidade de pessoas que precisarão sair das suas casas. Porque apesar deles receberem a indenização de direito, pois eles só saem após ter recebido um preço justo pela casa, mas ninguém quer sair do seu lar, por isso pensamos em afetar o mínimo possível de pessoas nesse aspecto”.
O secretário de Estado da Infraestrutura e do Desenvolvimento Urbano,Valmor Barbosa, afirma que apesar desses contratempos, os trabalhos seguem dentro do cronograma. “O volume de chuvas além do esperando impediram a continuidade dos trabalhos por certo período, uma vez que é necessário esperar o solo ficar apto a receber um novo serviço de terraplenagem, já que a chuva danificou o que havia sido executado. No entanto, já é possível constatar a terraplenagem em alguns trechos da estrada, muro de contenção, serviços de drenagem, saias de aterros com plantio de grama, bem como a implantação de aduelas (peças de concreto para execução de bueiros celular) que servirão para o escoamento das águas, visto que em vários trechos da futura rodovia existe um considerável número de córregos naturais. Outros serviços estão sendo executados ao longo da estrada.
Estamos dando continuidade não apenas aos serviços de terraplenagem, como também na limpeza mecanizada, construção de cercas e serviços de drenagem. Esses, quando concluídos, permitirão a aplicação das camadas de sub-base e base. Porém, há de se levar em conta que no percurso dos 52 km existem muitos trechos estreitos e sinuosos, o que demanda um tempo maior para a sua execução”, explica.
Em Itabaiana, a rodovia passará pelos povoados São José, Mangueira e Mangabeiras; no município de Areia Branca serão beneficiados os povoados Boqueirão, Serra Comprida e Pedrinhas; em Itaporanga, as comunidades Cajueiro, Garoba, Iraque, Mata do Alecrim, Mata do Ipanema, Ipanema e em São Cristóvão o povoado Aldeia e Curralinhos.
“O pessoal todo daqui está muito animado com essa BR. É bom para quem quer ir para Aracaju, para São Cristóvão. Vai melhorar para quem vende suas coisas nas feiras e para quem é daqui e trabalha nesses municípios. Um dos meus filhos trabalha em Aracaju, mas pelo transporte que é difícil, às vezes ele só vem para casa no fim de semana e dorme em São Cristóvão (na sede) nos outros dias, mas com essa estrada isso vai melhorar e ele vai poder vir mais. Sem falar que depois dessa estrada nossas terras vão valer muito mais, e isso é bom”, diz a aposentada Maria José Santos, 62, do povoado Curralinho, em São Cristóvão.
Valmor Barbosa acrescenta que essa obra vem se somar às outras do Proinveste que já estão contribuindo para o progresso do estado. “O Governo de Sergipe compreende que ampliar a malha viária do estado é crucial para o desenvolvimento socioeconômico, pois, além de oportunizar melhores condições de vida para a população, valorizar propriedades e encurtar distâncias, facilita o escoamento da produção agrícola e mineral. Já temos comprovações disso com a Rodovia do Arroz em Propriá, o Contorno Norte de Itabaianinha e a Rodovia Carira-Altos Verdes. A Rota do Agreste quando implantada atrairá muito mais investidores e se tornará um divisor de águas para a economia sergipana”, afirma.
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