Flávio Antunes e Tássio Andrade, do G1 SE
Um dos cinco presos na “Operação Avalanche” está em liberdade , ele é o filho do casal detido com mais R$ 200 mil e joias no mês passado. O suspeito foi solto após a desembargadora Elvira Maria de Almeida Silva atender ao pedido de Habeas Corpus, feito pelos advogados de defesa.
O rapaz foi preso suspeito de integrar um esquema de lavagem de dinheiro desviado da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese). A operação avalanche ocorreu em novembro e investigou a distribuição de dinheiro das subvenções da Alese à Associação Sergipana de Produtores de Eventos (Aspe). De acordo com a investigação, pelo menos três ex-deputados indicaram dinheiro à associação. A polícia civil já concluiu o inquérito e o caso agora está na nona vara criminal.
Entenda o caso
Uma pessoa foi presa na manhã da quarta-feira 25 de novembro e encaminhada à Delegacia Plantonista, Centro de Aracaju, suspeita de participar do esquema de desvio de verbas de subvenção da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese). Um assessor parlamentar e um ex-motorista do deputado Capitão Samuel (PSL) também foram conduzidas à delegacia. Elas estavam na companhia da pessoa que foi presa. E, por esse motivo, tiveram que prestar esclarecimentos.
Por telefone, o deputado Capitão Samuel disse que realmente conhece as duas pessoas que estavam na companhia do detido, mas desconhece o motivo do encontro entre eles.
Segundo o promotor de Justiça, Henrique Cardoso, a pessoa que foi presa prestou depoimento na terça-feira (24) e foi liberada. Mas, as investigações posteriores da delegada Danielle Garcia, do Departamento Especializado em Crimes Contra a Ordem Tributária, apontaram o envolvimento direto do suspeito no esquema de desvio que era praticado dentro da Associação Sergipana de Produtores de Eventos (Aspe).
“Foi preso o filho do casal, dos dois principais investigados, ele esteve aqui na delegacia ontem. Na verdade, logo de início, ele era uma testemunha. Mas através da documentação que foi apreendida na residência da família e na associação, começamos a perceber que havia uma movimentação milionária na conta do filho. Movimentações de R$ 100 mil, R$ 200 mil e R$ 300 mil em um único mês. Então, além disso, nós encontramos documentos em branco assinados, pegamos diversos imóveis cadastrados em nome do filho do casal. E percebemos que ele era muito mais importante que nós prevíamos. Por isso, ontem à tarde os promotores correram até o plantão judiciário para decretar a prisão do rapaz o mais rápido possível. Temos cheques de diversas empresas pelo suspeito, vários extratos, temos também fraudes de licitações em favor da Aspe”, relata a delegada Danielle Garcia.
Ainda de acordo com o promotor Henrique Cardoso, a pessoa que foi presa é filho do casal apresentado e preso pela Polícia Civil como mentor do esquema dentro da associação.
Prisões
Algumas prisões, relacionadas com o desvio de verba de subvenções, supostamente indicadas pelos deputados Paulinho das Varzinhas e o ex-deputado Zeca da Silva, foram realizadas na manhã da terça-feira (24), no Bairro Coroa do Meio, Zona Sul de Aracaju, pelo Complexo de Operações Policiais Especiais (Cope) e pela Delegacia de Ordem Tributária.
Segundo a polícia, as prisões ocorreram por conta do possível esquema de corrupção que investiga irregularidades no repasse e aplicação de verbas de subvenção, destinadas pelos parlamentares da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), a entidades filantrópicas.
A operação busca desarticular uma quadrilha que usava empresas de fachadas para lavar dinheiro de verba de subvenção. Na ocasião, a associação investigada é a Associação Sergipana de Produtores de Eventos (Aspe).
“Dois presidentes da associação ASPE foram presos logo no início da manhã. Estamos ainda em operação em diversos pontos da grande Aracaju. É bom destacar que o mentor de todo esquema foi preso com a esposa, as outras pessoas procuradas funcionavam com laranjas no esquema de corrupção”, afirma a delegada Danielle Garcia, do Departamento Especializado em Crimes Contra a Ordem Tributária.
“Essa é mais uma etapa da investigação das subvenções em que está se cumprindo cinco mandados de prisão”, explica o Delegado, Jonathan Evangelista.
“Os advogados irão analisar as provas que já foram produzidas pelo Ministério Público Estadual e vão verificar se são interessantes para eles, ou não. Deixando claro que nós estamos investigando a Aspe, associação que recebeu verba de subvenção. Existe uma lavagem de dinheiro que era praticada pela Aspe e empresas que prestavam serviço. O Ministério Público quer saber onde está o dinheiro desviado e conseguir recuperar para sociedade, uma parcela já foi apreendido hoje. A polícia encontrou uma mala com dinheiro e joias durante a operação, mais de R$ 200 mil reais,”, revela o promotor de justiça Henrique Cardoso. Ainda segundo a polícia, até o final da manhã cinco mandados de prisão foram cumpridos.
Subvenções
As subvenções eram recursos de cerca de um R$ 1,5 milhões, que eram indicados pelos deputados para distribuição entre entidades e instituições filantrópicas.
De acordo com o Ministério Público, esse recurso não era usado da forma correta, e essa situação levou a Procuradoria Regional Eleitoral em Sergipe a ajuizar ações contra os deputados que, segundo a denúncia, usaram o dinheiro para se beneficiar nas eleições.
A todo o Ministério Público Federal (MPF/SE) ingressou com representações contra 24 parlamentares e ex-parlamentares acusando-os de cometeram conduta vedada ao distribuir os recursos a entidades do terceiro setor em ano eleitoral.