por Chico de Gois /O Globo
O deputado André Moura (PSC-SE), que segundo o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ganhou a deferência da presidente Dilma Rousseff na manhã de quarta-feira ao recebê-lo em seu gabinete para negociar a salvação do peemedebista em troca de um imposto, gosta de ser chamado pelos colegas de André Cunha, tamanha a intimidade que diz ter com o presidente da Câmara. No entanto, no PT ele tem outra alcunha, nada lisonjeira: o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), do microfone do plenário, o qualificou certa vez de “lambe-botas” de Cunha.
Adjetivos à parte, Moura é um dos mais fiéis escudeiros do presidente da Câmara – antes dele, havia Celso Pansera (PMDB-RJ), que se tornou ministro de Ciência e Tecnologia e foi chamado pelo doleiro Alberto Youssef de “pau mandado” de Cunha. Em diversas ocasiões, quando perguntado sobre alguma ação do amigo, Moura faz questão de dizer que tomou café da manhã com Cunha, pegou carona com ele até a Câmara, almoçou com o próprio e, depois do encerramento da sessão, ainda o acompanhou à residência oficial. Mas deixa claro que não dormiu com o amigo.
O sobrenome oficial de André não tem Moura nem Cunha. Chama-se André Luís Dantas Ferreira e, em seu nome há uma coleção de processos. No total, são oito inquéritos e uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF). As acusações vão de apropriação indébita, desvio ou utilização de bens públicos do município de Pirambu (SE), e até mesmo uma suposto envolvimento um caso de tentativa de homicídio – já negado por ele.
Além dessas ações, há ainda irregularidades apontadas em outros órgãos, como no Tribunal de Contas da União (TCU), que o responsabilizou por várias ilegalidades, condenando-o, inclusive, ao pagamento de multa. Por intermédio de sua assessoria de imprensa, o parlamentar informou que todas as acusações se devem a uma inimizade política.
A amizade com Cunha lhe proporcionou lugar de destaque na Câmara. Em seu segundo mandato, foi sub-relator da CPI da Petrobras e é titular na do BNDES. Também foi suplente nas CPIs da Máfia das Órteses e Próteses no Brasil e na da Violência contra Negros e Pobres. No Conselho de Ética, embora não seja membro, é um dos que costumam questionar todos os detalhes, na tentativa de atrasar o processo.