Do G1SE
Os professores e funcionários técnico-administrativos da Universidade Federal de Sergipe (UFS) completaram mais de 60 dias em greve. Segundo as categorias, a paralisação atinge atualmente mais de 30 mil alunos em Sergipe. Ainda de acordo com os grevistas, as negociações com o Governo Federal não avançaram e a greve continua por tempo indeterminado.
“Não temos uma previsão para o término da paralisação, que continua sendo por tempo indeterminado. Creio que 80% dos servidores técnico-administrativos aderiram à greve. Estamos lutando por um aumento de 27,3% do salário, mas o governo passa que só pode ceder 21,3%, isso parcelado em quatro anos. Queremos também melhorias na nossa carreira, que é um plano da capacitação que nós temos”, afirma Jileno Ferreira Santos, diretor-administrativo do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativo da Universidade Federal de Sergipe (Sintufs).
Os professores da Universidade Federal de Sergipe entraram em greve no dia 28 de maio, completaram 66 dias paralisados. Segundo o presidente da Adufs (Associação dos docentes da UFS), 90% dos professores aderiam à greve.
“Temos uma adesão de 90% dos professores da UFS. Os últimos períodos dos cursos de medicina e odontologia ocorreram normalmente, já que não necessitam de aulas, somente estágios. Esses alunos mantiveram as atividades e concluíram o curso”, explica Jailton de Jesus Costa, presidente do Adufs.
Segundo Jailton de Jesus Costa, professores que não aderiram ao movimento grevista estão ministrando aulas fora do ambiente acadêmico. Para o presidente da Adufs, a atitude de prejudica todos os alunos.
“Têm professores ministrando aula fora do ambiente acadêmico e isso não pode. Desde o início da greve, o reitor parou o funcionamento do restaurante universitário, da biblioteca e dos cursos noturnos. A gente pautou no conselho superior da universidade a suspensão do calendário acadêmico. Desde que a greve foi iniciada, muitos municípios do interior de Sergipe suspenderam o transporte dos alunos. Pedimos a suspensão para ajudar justamente esses alunos que não podem comparecer. Se a universidade suspender o calendário, o professor que não aderiu à greve fica impedido de ministrar aula. A maioria dos alunos é de outros municípios e fora do Estado de Sergipe”, explica Jailton.
De acordo com Jailton, principal reivindicação da categoria é a melhoria nas condições de trabalho. “Nós temos uma pauta de oito pontos, o governo só se prontificou a negociar o salário. A nossa maior reinvindicação é a falta de condição de trabalho e o corte de R$ 9,4 bilhões. Têm várias universidades paralisando as atividades por falta da condição de trabalho. Aqui na UFS ocorreram dois cortes de energia por falta de pagamento, um no ano passado e outro em fevereiro de 2015. O campus de Lagarto, interior de Sergipe, não foi inaugurado porque a empresa de energia não quer fazer a ligação por causa de dívidas”.
O presidente da Adufs denuncia que falta estrutura para realização de projetos de pesquisa. “Professores estão sem sala de aula, não tem como atender o aluno. Faltam condições mínimas de laboratório, há muito tempo o professor tira dinheiro do próprio bolso para realizar pesquisar. Não tem o básico, papel e tinta, não existe nenhum tipo de suprimento”.
A greve dos professores da Universidade Federal de Sergipe (UFS) continua por tempo indeterminado.
“A previsão para o término da greve depende de uma negociação mínima com o governo federal. A gente tinha uma proposta de reajuste salarial de 27,3% para recompor as perdas salariais de 2010 para cá. Mas o governo federal entende que não existem perdas salariais, e fez uma proposta de 21,3% parcelada em quatro anos, inclusive a última parcela seria paga no governo do próximo presidente. Os servidores no território nacional rejeitaram essa proposta por unanimidade, e até então o governo não fez nenhuma proposta”, conclui Jailton.
A reitoria da UFS emitiu uma nota reconhecendo o direito da greve. “A Universidade Federal de Sergipe esclarece para a comunidade que reconhece o direito de greve dos servidores ao tempo em que acredita no diálogo como forma de avançar na qualidade da educação pública, que é o compromisso maior da instituição. Dessa forma, a gestão da UFS não se furtará de discutir e deliberar sobre a pauta local de reivindicações dos servidores, já que este tem sido o posicionamento desta administração desde o início do seu mandato. No entanto, há reivindicações da categoria que são demandas nacionais e serão negociadas pelo Poder Executivo Federal”.
Greve no Instituto Federal de Sergipe (IFS)
A categoria está em greve desde o dia 13 de julho e cerca de 5 mil alunos estão sem aula. Segundo o líder do movimento grevista José Correia, na parte pedagógica a adesão foi de 100%. “Apenas o efetivo administrativo está trabalhando com 30% dos servidores para a realização de trabalhos básicos e de manutenção”, explicou.
De acordo com José Correia, entre as reinvindicações estão: reajuste salarial, reajuste do auxilio alimentação, 30 horas de regime de trabalho e revisão do plano de carreira. “O governo dos ofereceu 21,3% de reajuste parcelado em quatro vezes. Mas estamos fazendo uma contraproposta de 19,7% de uma só vez para o próximo ano. Isso será debatido em uma reunião nos próximos dias”.
“A greve segue por tempo indeterminado até que o governo e os servidores cheguem a um acordo. E as aulas serão retomadas a partir de um novo calendário que será definido prevendo a reposição das aulas, que não aplicadas neste período”.
Ele revelou ainda que em virtude de outras greves o calendário já estava alterado e foi iniciado no dia 15 de junho.