Sempre atento às questões socais em que se encontra o município, o vereador e presidente da Câmara Municipal de Rosário do Catete, Hélio dos Santos, procura estar próximo à população. Seja com visitas frequentes às famílias da comunidade, ou ouvindo populares em seu gabinete. O parlamentar, que já assumiu o cargo de prefeito interino no ano de 2009 e assume pela 2º vez a presidência da Casa, afirma que tem como maior sonho a politização do povo através da educação, entendimento esse que aprendeu durante sua formação no curso superior de pedagogia. Sem se intimidar e com projetos futuros em vista, o vereador fala dos problemas que atormentam a comunidade de Rosário, como falta de saneamento básico, falta constante de água no único povoado do município, atraso nos pagamentos de programas sociais e as dificuldades que a população enfrenta para conseguir trabalho, entre outros. Acompanhe a entrevista.
Presidente da Câmara de Rosário do Catete, Hélio dos Santos (Helinho). (Foto: TDantas Comunicação)
1 – O SENHOR, POR ANOS, ESTEVE NO PSB. O QUE LEVOU A, SOMENTE AGORA, MUDAR DE PARTIDO?
Tenho como um dos meus mentores políticos o deputado estadual Luiz Mitidieri, que fez o convite para que me filiasse ao Partido Liberal (PL) e eu aceitei. Acredito que na política a mudança é necessária, faz parte da democracia. Renovação é um meio de buscarmos novos caminhos para um trabalho mais coeso e eficiente. Mudei porque quero trazer novas alternativas para a população.
2 – UM DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS QUE COMUNIDADE ENFRENTA É COM RELAÇÃO À PRECARIEDADE ENCONTRADA EM DIVERSOS SETORES DO POVOADO SIRIRIZINHO. COMO O SENHOR OBSERVA ESSA QUESTÃO?
A localidade de Siririzinho fica na divisa com o município vizinho de Siriri. Ou seja, boa parte do povoado também está localizada no outro município, mas, mesmo assim, a Prefeitura de Rosário do Catete não tem dado conta da demanda que a população cobra. É o único povoado do município e mesmo com uma arrecadação de quase R$6 milhões por mês, o prefeito Laércio Passos não tem conseguido resolver simples problemas históricos que atormentam os moradores dessa localidade.
3 – E QUAIS SÃO ESSES PROBLEMAS?
O principal é mau abastecimento d’água. Ainda no final do ano passado, a Câmara aprovou um aditivo de quase meio milhão de reais para resolver esse problema que aflige a população local há décadas e não é resolvido. Quando não falta água, a que vem chega com péssima qualidade, barrenta e sem condições de uso e consumo. Outro problema bastante questionado, principalmente pelo vereador Anderson Santos (representante da comunidade) é com relação à ambulância da comunidade. A prefeitura chegou a comprar um veículo para atender os moradores, mas logo depois tirou o carro do posto local.
4 – APESAR DE POSSUIR ALGUMAS INDÚSTRIAS DE GRANDE PORTE, A COMUNIDADE SOFRE COM A FALTA DE EMPREGO. COMO O SENHOR VER UMA RESOLUÇÃO PARA ESSE FATO?
É preciso que o gestor municipal busque por essas alternativas. Aqui vizinho, em Santo Amaro, vai surgir uma indústria de cimento, algo que o prefeito de lá vem correndo atrás pela sua instalação. Em Rosário já existem industrias, como a Vale e Estre Ambiental, responsável pelo aterro sanitário, mas o retorno para a população é pouco. Os moradores precisam sentir a presença dessas indústrias com a fomentação do comercio local e a contratação de pessoas da região, algo que é feito sem grandes motivações. Nosso povo quer trabalho e a Prefeitura precisar fazer sua parte para que isso aconteça.
5 – MAS JÁ NÃO EXITE UMA PARCEIRA COM A EMPRESA VALE?
Existe, mas sem grandes proporções. Muitas famílias de Rosário vivem de benefícios sociais pagos pela Prefeitura em situações vexatórias. A gestão municipal muitas das vezes atrasa os pagamentos, faz a população esperar altas horas da madrugada para receber pouco mais de R$ 100. Muitos não têm outra fonte de renda e esperam. Precisamos acabar com isso e dar condições para as pessoas correrem atrás de suas próprias fontes e manterem suas famílias com dignidade. O benefício é válido. Fui eu que instituir no meu governo, enquanto estive prefeito. Mas é mais válido o trabalho digno, de cada um, ganhando o seu ordenado por aquilo que faz com competência e não por favor, ou apadrinhamento.
6 – ENTÃO UM DOS BENEFÍCIOS EXISTENTES HOJE NA PREFEITURA FOI O SENHOR QUE CRIOU?
Sim. Criei o Programa de Inclusão Social (PIS) no qual atendia as famílias mais carentes do município com uma renda de R$ 100 por mês. Foi a solução encontrada para não deixar que centenas de pessoas passassem fome. Mas diferente de hoje, as pessoas recebiam o auxílio em dia, sem atrasos, e não de forma vexatória como acontece na gestão do senhor Laércio Passos, que deixa centenas de mães de famílias esperando na madrugada para receber a assistência. Repito que o auxílio é válido, mas tem que ser repassado de forma justa e com dignidade.
7 – EM QUE O SENHOR ACREDITA COMO NECESSÁRIO PARA MELHORAR O ENSINO PÚBLICO DA COMUNIDADE ROSARENSE?
Falo sobre isso com tranquilidade, porque sei o que precisamos para melhorar. A Educação é a principal ferramenta para o avanço da sociedade. É através dela que iremos politizar o povo, deixar ele ciente do que é melhor para se viver, por isso é preciso investir maciçamente nessa área, dando condições estruturantes de trabalho para os professores e para os alunos sentirem vontade e orgulho de estarem estudando em uma escola de qualidade. O transporte é um dos pontos fundamentais para que esse trabalho se desenvolva, assim como alguns projetos socais que atuam em conjunto com a Pasta e deem condições necessárias não somente para as crianças poderem estudar, mas para aqueles que querem voltar a aprender no ensino básico da rede municipal.
8 – E POR ONDE ESSE TRABALHO DEVE COMEÇAR?
Os cursos profissionalizantes seriam uma boa alternativa para despertar o interesse de vários jovens e também de dar oportunidade para aqueles que querem trabalhar. É provado que o ensino técnico é uma das principais ferramentas para aqueles que querem ingressar no mercado de trabalho. É preciso que os gestores busquem através do sistema Ss (Senac, Sabrae, Sesc e Senai) alternativas para serem empregadas na comunidade de Rosário do Catete. Alternativas que demandam serviços não somente para empresas daqui do município. Temos a Fafem da Petrobrás próxima, no município de Laranjeiras, várias empresas de fertilizantes, indústrias de cimento, entre outras que necessitam de mão de obra qualificada. Vamos preparar nosso pessoal que o trabalho será consequência.
9 – MAS QUAIS SERIAM OS ATRATIVOS PARA QUE OS JOVENS SE INTERESSASSEM PELAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELO PODER PÚBLICO?
O esporte seria um bom caminho. Também por experiência própria, tive o esporte como um suporte para enfrentar problemas que passei na vida. Foi através de uma escolinha de futebol da comunidade que apreendi a trabalhar em conjunto, superar dificuldades, aprender com as derrotas e seguir a vida pelo caminho do bem. Precisamos incentivar várias modalidade que existem no município e proporcionar aos esportistas amadores, e aqueles que têm como um hobby, as competições e atividades que ocupam as cabeças de crianças e adolescentes com coisas sadias. Não somente no o esporte, mas as questões culturais também. Temos duas bandas de música da cidade que a atual gestão não tem dado o devido valor para essas ações. A música é vida. A prefeitura precisa pagar em dia o benefício que é dado a esses jovens que participam dessas bandas e também desenvolver atividades para que elas possam se apresentar semanalmente na cidade, com músicas clássicas e também atuais. Levar ao povo algo de bom para mente e o espírito.
10 – SÃO MUITAS AS RECLAMAÇÕES DA COMUNIDADE COM RELAÇÃO À DEMORA NA ENTREGA DE OBRAS POR PARTE DA PREFEITURA. O QUE O SENHOR TEM A FALA SOBRE ESSE ASSUNTO?
A Prefeitura alega que o motivo é a queda da receita. Mas, aí, eu lhe pergunto: como um município que arrecada quase R$ 6 milhões por mês e só tem meio povoado alega que não tem recursos para dar seguimentos às obras? Primeiro foi a entrada da cidade, que demorou não sei quanto tempo e inda não foi totalmente finalizada; depois as praças que eram para serem construídas e também não foram entregues; temos também o espaço que será utilizado como o mercado municipal que também não acabou e obras que estão se desenrolando faz tempo.
11 – FORA ISSO, EXISTE ALGUM OUTRO ATRASO?
Vários, entre eles a situação da regularização do retroativo dos servidores e o aumento salarial com data base de maio, que até agora a Prefeitura não se pronunciou. Também não vem cumprindo com o pagamento das empresas terceirizadas. No caso da Empresa Estrela, que presta serviço de mão de obra na cidade, já se vão seis meses sem o pagamento. A empresa tem feito o possível para pagar os funcionários em dia e, até agora, só atrasou o mês de maio, mas fica incompatível prestar serviço à administração municipal nessa situação. Acredito que é preciso mais seriedade e compromisso com o dinheiro do povo, com os bens públicos. Nessa gestão, o senhor Laércio Passos ainda não mostrou para que veio.
