Diante da severa crise hídrica, a Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Sergipe (OAB/SE), por meio da Comissão de Direitos Humanos, irá monitorar e acompanhar e o sistema de abastecimento hídrico do Estado de Sergipe. Nesta semana, a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), está diminuindo a vazão do rio São Francisco para cumprir a determinação da Agência Nacional de Águas (ANA).
A vazão do rio, que abastece com água 50% da população de Sergipe, está sendo reduzida para 900m³/s, visando o armazenamento de água nos reservatórios sergipanos. Em reunião com a OAB/SE, o presidente da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso), Carlos Melo, esclareceu que só através dessa medida será possível aumentar o volume de água utilizado para a geração de energia. “Atualmente, os nossos reservatórios estão no limite. Se nenhuma medida fosse tomada, em outubro deste ano nós já estaríamos sem energia”, disse.
A secretária-adjunta da OAB/SE, Roseline Morais, destacou que a participação da Ordem é extremamente importante porque, diante da crise hídrica, poderão surgir problemas muito graves para Sergipe. “Unindo esforços, nós tentaremos evitar um problema maior que possa ser causado à população sergipana”, asseverou.
De acordo com o presidente da Deso, a vazão mínima do rio São Francisco é de 1300m³/s, mas há quase dois anos, a pedido da Chesf, foi realizada a redução da vazão para 1100m³/s por 180 dias. ”Naquele momento, nós estávamos passando por uma forte seca e não tínhamos água suficiente para gerar energia. Em 180 dias, essa licença foi renovada por mais 180 dias. Nesse primeiro momento, olhando o impacto da situação, vemos que tínhamos um cenário bem pior”, disse.
“Temos que aguardar que a vazão seja reduzida porque, caso ocorra interferência na captação de água, precisaremos criar um plano emergencial”, considerou. Para ele, no entanto, o nível de sal do mar no rio São Francisco é o mais preocupante. “Atualmente, nós estamos monitorando a entrada do mar no rio. Infelizmente, nós observamos que, durante a maré alta, a cunha salina está chegando a uma de nossas captações. Se realmente houver um grande nível de salinização na região de Brejo Grande o impacto será bem diferente porque não há como tratar a água”, afirmou Carlos.
De acordo com ele, nesse momento, a única saída seria a revitalização. “O rio precisa voltar a vazão de 1300m³/s. A transposição do rio não é uma solução plausível porque geraria um pequeno volume de água. Se continuar como está, daqui a 20 anos Sergipe será refém do São Francisco”, expôs.
Fonte: OAB/SE