Aracaju caminha para o seu quarto Shopping Center. Dois já instalados, um em construção e outro anunciado. Mas o que pode parecer um movimento isolado da capital sergipana chega ao interior do estado com o andamento das obras de outros três centros de compras em Itabaiana, Lagarto e Nossa Senhora da Glória. O cenário otimista do mercado sergipano nos últimos anos para as indústrias de varejo fará o estado passar dos atuais três centros de compras, para oito.
Os índices crescentes de empregabilidade e da renda do consumidor sergipano, aliado ao crescimento do Produto Interno Bruto de Sergipe explicam a expressiva evolução do setor. Com o maior PIB per capita do Nordeste e uma elevação quatro vezes maior que o PIB nacional, o estado desponta como boa opção para investidores, novos e tradicionais. O empresário João Carlos Paes Mendonça, dono dos dois centros de comércio em funcionamento na capital – RioMar e Jardins – , é exemplo. Em entrevista para o Jornal da Cidade no último dia 23 de novembro, ele anunciou investimento de R$ 120 milhões no RioMar, o mais antigo shopping da cidade.
Serão criadas “93 novas lojas, que se somarão as 157 já existentes e 1500 vagas de estacionamento com a construção de um edifício garagem. Estamos analisando também ampliação do shopping Jardins”, dizia na entrevista. JCPM também explicou a presença forte do grupo no Nordeste e em Sergipe. “Estamos em praças que julgamos as principais para atuação no Nordeste. Estamos em Aracaju, terra de origem, e nas três principais capitais da região – Recife, Salvador e, mais recentemente em Fortaleza”. Aliás, o Nordeste possui 72 shoppings, 14,1% do total nacional, segundo dados da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce).
Cinco novos shoppings
O terceiro shopping da capital – o Aracaju Parque Shopping – será construído pelo Grupo Nortista no bairro Industrial, numa área de 70 mil metros quadrados na avenida João Rodrigues. O centro de compras terá três pavimentos, com seis lojas âncoras, quatro megalojas, 201 lojas satélites, seis salas de cinema, 25 lojas na Praça de Alimentação e elevadores panorâmicos.
De acordo com o empresário Marcos Franco, serão investidos R$ 220 milhões e gerados mais de três mil empregos diretos, além dos criados durante a construção. A perspectiva, segundo o empresário, é que o empreendimento gere R$ 450 milhões de receita ao ano. “O empreendimento estará pronto até o primeiro semestre de 2016 e vai gerar mais de dois mil empregos. Então isso é bom para Sergipe porque gera renda para o nosso estado e nosso município”, destacou.
Existe ainda a perspectiva de Aracaju receber outro imponente shopping no Augusto Franco, zona sul da cidade, este erguido pela construtora Cunha, que já tem o projeto e o terreno, aguardando apenas as autorizações da administração municipal. O terreno de 200 mil metros fica próximo a ponte Gilberto Vilanova de Carvalho sobre o Rio Poxim, num investimento de aproximadamente R$ 200 milhões. Serão 400 lojas satélites e 10 megalojas ou âncoras, além de sete salas de cinema. O secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico, da Ciência e Tecnologia, Saumíneo Nascimento, entende a expansão dos shoppings como sinal de que os empresários estão apostando em Sergipe.
“A partir do momento que Sergipe se apresenta como um ambiente favorável de negócios, com a atuação constante do Governo do estado na atração de novos investimentos, chama a atenção dos empresários para a implantação de novos empreendimentos – e esta ação reflete na chegada de novos shoppings no nosso estado. Só em Aracaju, serão mais dois novos shoppings. Além destes, teremos a chegada de mais três no interior, ou seja, o novo cenário econômico do estado, de descentralização e da distribuição do emprego, metade na capital e metade no interior, aumenta os investimentos de centros comercias no interior do estado. O fato de pessoas saírem do interior para ir a capital somente para visitar o Shopping Center não fará mais parte da nossa realidade”, disse o secretário.
Interior cresce
A primeira cidade do interior sergipano a ter um Shopping Center foi Nossa Senhora do Socorro, na região metropolitana de Aracaju. Inaugurado em 2011, o Shopping Prêmio fez sucesso com o público e já recebeu expansão em área construída e número de lojas. Na região agreste, no município de Itabaiana, há 57km da capital, o empresário Messias Peixoto com parceiros da iniciativa privada, constrói o Shopping Peixoto com previsão de mais de 100 lojas.
Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Itabaiana, um shopping center é um empreendimento que além de permitir que os empresários possam ter um local para expandir seus negócios, também atrai muitos investimentos de grandes empresas nacionais.
“E isso, sem dúvida, representa um crescimento econômico para toda região, pois representa mais geração de empregos e melhor renda para todos que aqui vivem. Acredito que seja reflexo de uma melhor distribuição de renda, que proporcionou um desenvolvimento do Estado de forma mais descentralizada, trazendo para o interior uma melhora no poder aquisitivo das pessoas, e com isso criando uma demanda por mais bens e serviços que algumas vezes só são encontrados nos grandes centros. Com a implantação dos shoppings essas pessoas poderão suprir essa demanda na própria região onde vivem, fazendo com que essa riqueza permaneça por lá proporcionando um desenvolvimento econômico ainda maior na região”, analisa.
Na cidade de Lagarto, no Centro-sul, o shopping ainda não foi batizado, mas as obras já avançam. A obra, iniciativa do empresário local Zezé Rocha e que conta com investimento do Banco do Nordeste, deverá ficar pronta no final de 2015. E Nossa Senhora da Glória, no Alto Sertão, ganhará o Avelã Center, onde foram investidos R$ 6 milhões de reais.
Evolução do PIB
O crescimento real da renda dos sergipanos e, consequentemente, do consumo tem sustentado o crescimento das vendas no comércio varejista. Enquanto o Brasil obteve um crescimento real de 0,9%, Sergipe alcançou 3,6%. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que divulgou no último dia 14 de novembro a participação dos estados e setores da economia na composição do Produto Interno Bruto nacional. Segundo o estudo, todas as atividades apresentaram avanço, o comércio, por exemplo, aumentou 6,4%, registrando um valor de R$ 2,787 bilhões.
Divulgada também pelo IBGE, a nova pesquisa mensal de comércio, e com base no mês de setembro desse ano, indica que o comércio sergipano voltou a crescer e em taxas superiores ao do Brasil e ao do Nordeste. A variação do volume de vendas do comércio varejista sergipano foi de 5,6% em setembro, enquanto que no Brasil a taxa foi de 0,5%. De acordo com a análise, esse foi o sexto melhor resultado do Brasil e segundo melhor da Região Nordeste.
Fonte: Agência Sergipe de Notícias