Nesta entrevista ao JORNAL DA CIDADE, o prefeito do Município de Nossa Senhora do Socorro, Fábio Henrique (PDT), afirmou que o desespero dos políticos que estão atrás nas pesquisas pode gerar baixaria durante a campanha. Mas ele adverte que a sociedade não aceitará isso. Na conversa, Fábio avaliou que o atual sistema eleitoral está esgotado e defendeu uma reforma política. Ele também disse que a candidatura da sua esposa, Sílvia Fontes (PDT), que disputa vaga na Assembleia Legislativa, vai bem – e que ela é a única que representará o município, de fato e direito. O prefeito também disse ter convicção na vitória do governador Jackson Barreto (PMDB), em Socorro e em Sergipe. Leia a seguir.
JORNAL DA CIDADE – O processo eleitoral deste ano está mesmo sendo diferente?
FÁBIO HENRIQUE – Percebe-se uma diferença muito clara, percebe-se que esse modelo eleitoral cansou. Cansou a classe política e cansou também o eleitor. Você percebe uma eleição com certa atipicidade, uma eleição fria, que faz com que a classe política repense e faça definitivamente a reforma política, que dorme nas gavetas do Congresso Nacional há muitos anos e infelizmente não é feita. Então, eu acho que a reforma política é fundamental, até para que o processo eleitoral se torne viável no Brasil, porque da forma com está, está ficando inviável, em todos os sentidos.
JC – Muito se fala nesta eleição da influência do poder econômico. O senhor tem sentido isso, principalmente no município de Nossa Senhora do Socorro?
FH – Dizer que não há influência do poder econômico no processo eleitoral seria negar o óbvio, o que está aí às claras. Evidente que nós temos órgãos de controle e fiscalização que são muito eficientes, mas tudo isso só vai ser resolvido, ou diminuir, com a reforma política: financiamento público de campanha, voto distrital misto e teses que acabem com a corrupção eleitoral. É bom destacar que em muitos casos você tem o político querendo comprar o voto e o eleitor querendo vender. Não é só o político querendo comprar. Precisamos encontrar um mecanismo para acabar com isso, com o político que compre o voto, mas acabar também com o eleitor que venda o voto, para que você tenha também uma eleição limpa.
JC – Como está a disputa pelo governo estadual no Município de Socorro?
FH – Aqui em Socorro ocorre o fenômeno que vem se repetindo no Estado inteiro: a candidatura de Jackson Barreto está consolidada e enraizada, pela história que ele tem no Estado, e sobretudo aqui em Socorro. Jackson é um político que milita em Socorro, desde quando era prefeito de Aracaju. Ele conhece os problemas de Socorro, conhece as pessoas. E investiu muito em Socorro. O Governo do Estado tem uma ação muito forte na cidade de Socorro. Então, nós acreditamos muito no projeto de reeleição de Jackson Barreto, que é importante até para que essa parceria possa continuar, para que as obras e investimentos que ainda precisam ser feitos possam acontecer. Tenho convicção da vitória do governador Jackson Barreto em Socorro e em Sergipe.
JC – Foi essa parceria com a prefeitura que fez o senhor se definir pela candidatura de Jackson Barreto?
FH – Eu diria que essa parceria foi o fator preponderante. Seria uma injustiça da parte do nosso agrupamento político não votar em Jackson Barreto, por tudo aquilo que ele fez pelo Município de Socorro. E evidentemente que a história de Jackson na política de Sergipe também pesou, no momento de tomar uma decisão como essa, tão importante.
JC – Socorro fica então dividida, com o deputado estadual Zé Franco se unindo a adversários?
FH – Eu aprendi na vida política a me preocupar com o nosso time e nossos amigos. A política de Socorro hoje está muito clara e definida, ao contrário do que aconteceu em 2010, quando existiam apoios velados e outros declarados.Hojea situação está definida, as pessoas sabem quem é de um lado e quem é do outro lado. O que posso assegurar é que a maioria esmagadora do nosso agrupamento político, incluindo vereadores e lideranças, seguiu o caminho que nós trilhamos. Foi um caminho às claras, aberto. Fizemos um acordo muito claro com o governador, em favor do Socorro. Quem ama Socorro precisa estar com quem está cuidando de Socorro. E o governador Jackson Barreto tem tido muito carinho, atenção e respeito ao Município de Socorro.
JC – Como o senhor avalia essa situação do deputado José Franco, que ainda não assumiu o comando da Assembleia Legislativa, de forma definitiva?
FH – Prefiro não opinar sobre isso. Tenho muito respeito pelo deputado, fomos aliados políticos por muitos anos e o fato de sermos hoje adversários não significa que sejamos inimigos. Eu desejo a ele sucesso, que ele possa assumir a Presidência da Assembleia Legislativa de fato e de direito. Não participei das discussões e dos entendimentos sobre a Assembleia e não me sinto à vontade para opinar sobre isso.
JC – Como está a movimentação dos vereadores em Socorro? É verdade que alguns mudaram de lado e querem retornar?
FH – Desconheço essa informação de mudanças. Alguns vereadores tomaram a decisão de apoiar outra candidatura. Não concordei, mas respeito a decisão de cada um. Tentei mostrar que esse não era o melhor caminho, mas me mantenho firme com os 13 vereadores que optaram por votar em Jackson.
JC – Como está a candidatura da sua esposa, Sílvia Fontes?
FH – Graças a Deus a candidatura de Sílvia está muito bem. Evidente que eleição só se decide no dia, não tem eleição ganha, tenho dito isso aos meus companheiros. Precisamos trabalhar muito, sobretudo agora na reta final. Sílvia é um nome novo, uma mulher que trabalha, não tem desgaste e é a única candidatura que representa Socorro nesse processo eleitoral. E a maioria dos vereadores apoia a candidatura dela, junto com a população. Tem sido muito gratificante receber esse apoio, de sorte que acho que estamos indo bem. O povo de Socorro precisa ter um representante na Assembleia, de fato e de direito, que fale e defenda os interesses da nossa cidade – e naturalmente do Estado também.
JC – Houve uma divisão no PDT. Como o partido fica, no período pós-eleição?
FH – Naturalmente, a partir de 2015, o PDT passará por uma reformulação no Estado. A decisão que o PDT tomou, é bom que se frise, não foi uma decisão de Fábio Henrique. A decisão que tomamos foi respaldada pela maioria dos que faziam, naquele momento, a direção do PDT. Alguns mudaram de posição ou então não seguiram aquilo que havia sido acordado. Mantive a minha coerência, a minha posição, tive todo o respaldo da direção nacional do meu partido e após a eleição o PDT passará por uma reformulação. Não estou dizendo que o PDT vai expulsar ninguém, não temos esse tipo de atitude, mas vamos procurar os companheiros para discutir a reformulação política. Muitas outras pessoas virão, outros quadros com quem estamos construindo relação política. O PDT vai ser um partido forte em Sergipe, vamos ter candidato a prefeito, vice e vereador em vários municípios do Estado. Anote, vamos ter uma chapa muito forte em Aracaju. Vamos disputar uma chapa forte de vereador e construir uma chapa inclusive para disputar a eleição majoritária.
JC – Isso quer dizer que o senhor pode ser candidato a prefeito de Aracaju? Quais são seus planos para depois da conclusão do mandato de prefeito?
FH – Primeiro, o meu plano, no projeto político, é consolidar a eleição de Jackson Barreto, Rogério Carvalho, Sílvia Fontes e Bosco Costa, que são os nossos candidatos. Projeto político para o futuro só vamos discutir passada a eleição, vamos fazer uma avaliação do processo eleitoral, para ver o que vai acontecer. Não sou político profissional, sou profissional de rádio e sou policial rodoviário federal concursado, mas gosto de fazer política. Posso lhe adiantar é que continuarei na política Não sei em que posição ou disputando o que, mas continuarei participando ativamente.
JC – Como profissional de imprensa e político experiente, como o senhor avalia esse acirramento que vem sendo verificado na eleição em Sergipe?
FH – Isso vai do desespero dos que estão perdendo nas pesquisas. Acho que isso não constrói, a sociedade não aceita mais isso. Essa política do xingamento, da baixaria, isso já era. A sociedade hoje quer saber o que você fez e o que pretende fazer. A sociedade quer saber o seu passado, a sua história, se você é ficha-limpa. Essa história de baixaria e xingamento, quem enveredar por esse caminho não vai obter sucesso.
JC – O senhor já está vendo sinais de desespero em grupos políticos?
FH – Com a provável vitória do nosso governador Jackson, naturalmente, o grupo adversário procura se movimentar. Isso é democrático, é do processo. O que não é democrático é enveredar por esse caminho de baixaria. Isso sou contra, espero que não aconteça, espero que a eleição seja debatida e construída no campo das ideias.
JC – Quais as ações na prefeitura que o senhor destacaria neste último mandato?Como está a administração de Socorro?
FH – A administração pública, de uma forma geral, passa por um momento muito difícil, de arrecadação ruim, de dificuldades enormes dos prefeitos. Mas Socorro paga o salário dos funcionários dentro do mês trabalhado e não tem atrasos; paga o piso dos professores; paga o piso dos agentes de saúde (antes da aprovação da lei). Estamos discutindo plano de cargos e salários. Temos uma série de obras que vamos entregar, como praças, creches. Quando assumimos a prefeitura não tinha creche alguma e vamos deixar com onze creches, a primeira será inaugurada em breve. Uma série de obras de pavimentação. Mesmo com todas as dificuldades, temos o que dizer, temos o que mostrar à sociedade, com nosso trabalho de mudança no município.