A reclamação é geral. De um lado usuários do SUS reclamam de falta de médicos, de atendimento e de higiene nos postos de saúde de Aracaju. Do outro lado estão os servidores da Rede Municipal de Saúde, que denunciam condições no trabalho precárias. A situação está cada vez pior. Só para se ter uma ideia, não há benzetacil nem seringa para aplicação de injeções em nenhum dos 43 postos de saúde de Aracaju. A falta já dura mais de seis meses.
Pacientes diabéticos que precisam tomar insulina regularmente para viver também estão sem receber a injeção porque não há seringa para aplicação. Gaze também é um artigo de luxo na rede básica de saúde do município. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Área da Saúde de Sergipe (Sintasa), falta praticamente tudo nas unidades municipais, até o kit contendo gaze, pomada para escaras e outros itens essenciais para as visitas feitas pelos agentes de saúde do município no domicílio dos doentes, dentro do Programa Saúde da Família, não há.
O desperdício também é grande nos postos de saúde. Segundo o diretor do Sintasa, José Wadson, só há soro de 600 ml nas unidades de saúde. “Quando o paciente precisa de apenas 100 ml de soro jogamos fora o restante – 500 ml”, denuncia o sindicalista. A falta de condições de trabalho é tanta que a servidora Janaina Balbino, auxiliar de saúde bucal do Posto de Atendimento Amélia Leite, atesta que os problemas no posto de saúde em que trabalha são tantos que foi preciso reduzir o número de atendimentos para quatro pacientes/dia, quando, na verdade, deveriam ser realizados diariamente 12 atendimentos.
Nas portas dos postos de saúde usuários reclamam – e muito – da falta de atendimento, inclusive nas Unidades de Pronto Atendimento que deveriam funcionar 24 horas. Na unidade do Augusto Franco, em Aracaju, usuários denunciam que falta médico e atendimento adequado. “Aparelhos quebrados e médicos que faltam aos plantões. Vinte quatro horas, mas não funciona como 24 horas, já que chegamos aqui e temos que ir em busca de socorro em outros lugares”, diz Amanda Silva, moradora do Conjunto Augusto Franco.
No Bugio a reclamação é a mesma. O caos na saúde também afeta moradores do Conjunto Eduardo Gomes, em São Cristóvão, onde morreu um carroceiro na porta da unidade de saúde após ter atendimento médico negado. No local, a reclamação dos moradores é a mesma. O posto, que deveria funcionar 24 horas, sempre está fechado quando o usuário do SUS mais precisa.
Dona Consuelo Resende, de 57 anos, que mora há 30 anos no Conjunto Eduardo Gomes, atesta sem medo de errar que a morte por falta de atendimento naquela unidade de saúde não é a primeira. “É muito difícil ter médico aqui para atender a população. Nós sofremos muito sem atendimento médico”, diz ela, uma das testemunhas que acompanhou de perto o drama do carroceiro que morreu sem atendimento médico.
Quanto às reclamações dos servidores da rede municipal da Saúde, a categoria se reunirá no dia 5 de setembro, às 9 horas, na sede do Sindicato dos Trabalhadores da Área da Saúde de Sergipe (Sintasa), em Aracaju, para discutir sobre a falta de medicamentos e de insumos, além dos problemas estruturais dos 43 postos de saúde.
Em contrapartida, a Secretaria Municipal da Saúde, por meio da Assessoria de Comunicação, alega que a falta de benzetacil é um problema nacional, sendo assim não estaria ocorrendo apenas em Aracaju. Ainda de acordo com órgão municipal, há benzetacil de 600 ml, o que estaria faltando nos postos seria a benzetacil de 1.200 ml.
Já a falta de seringa a empresa vencedora da licitação teria desistido do contrato, por isso a entrega não teria sido realizada. Quanto à questão de gaze e de outros medicamentos essenciais nos postos de saúde, a assessoria contesta a informação dos servidores e do Sintasa, uma vez que afirma que o abastecimento está regular.
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Do Jornal da Cidade