Do G1 SE
Um laudo feito pelo Instituto Médico Legal de Alagoas que foi divulgado nesta sexta-feira (18) constata que as crianças não sofreram conjunção carnal (não houve penetração) e a polícia alagoana informou que denúncias foram encaminhadas para a Secretaria da Segurança Pública de Sergipe há quase um ano sobre o caso da suposta violência sexual contra as crianças, que dizem ter sido abusadas durante uma festa em Itaporanga D’Ajuda.
As polícias de Sergipe e Alagoas não se entendem no processo de investigação da acusação das meninas que dizem ter sido estupradas pelo padrasto e outros homens durante uma festa. Segundo a delegada alagoana, a Polinter de Sergipe já tinha conhecimento do caso há quase um ano.
A delegada Bárbara Arraes disse que em agosto do ano passado era a titular da Delegacia de Crimes contra Crianças e Adolescentes e mostrou os documentos que comprovam o encaminhamento do relatório e dos depoimentos das meninas para as autoridades policiais de Sergipe.
“Documentamos todo o material com gravação de três DVDs com depoimentos das vítimas de suposta tortura e abuso sexual pelo padrasto. O material foi postado nos Correios no dia 21 de agosto de 2013 e tinha como destino a Polinter de Sergipe”, explica.
Mas, de acordo com a delegada de Itaporanga, Mariana Andrade, o material não chegou. “Durante os cinco meses que estou à frente da delegacia, não recebi nada. A acusação chocou os moradores da cidade
A superintendente da Polícia Civil de Sergipe, Katarina Feitoza, confirmou que recebeu o material. “Recebemos o matéria com a denúncia de um suposto caso de abuso sexual feito pelo padrasto das vítimas e encaminhamos para a delegacia de Itaporanga via a Delegacia do Interior, mas os fatos que se apresentam neste momento são superiores ao que foi informado. Não sabemos de rede de pedofilia nem participação de crianças em orgias. Agora o laudo do IML de Alagoas indica que elas não sofreram violência sexual. As investigações continuam”, garante.
De acordo com o Código Penal, atualmente é considerado estupro de vulnerável a conjunção carnal, quando há penetração, e também o ato libidinoso, que é algum contato físico entre o agressor e a criança.
A SSP de Sergipe informou que a mãe das meninas foi ouvida hoje.
Entenda o caso
Uma mulher é suspeita de alugar as quatro filhas para uma quadrilha de pedofilia para a exploração sexual em Itaporanga D’Ajuda. A mulher que é divorciada, mora com as filhas na zona rural. A denúncia foi feita pelas vítimas na casa dos parentes em Maceió e a Polícia Civil já identificou a suspeita.
As crianças que têm entre 6 e 11 anos foram passar o período de férias escolares na casa da família do pai, em Alagoas, e resistiram para voltar. A avó teria percebido comportamento estranho das netas que estavam dormindo mal e tendo muitos pesadelos, e conversou com as meninas. Elas desabafaram e disseram que não queriam voltar para a casa da mãe porque estavam sendo estupradas.
A avó denunciou o caso ao Conselho Tutelar de Alagoas e a repercussão em Itaporanga nesta quarta-feira (16) foi grande, mas de acordo com o conselheiro tutelar do município o caso ainda não foi informado oficialmente pelas autoridades alagoanas e pegou a todos de surpresa. “Nada foi registrado aqui e não ficamos sabendo de nada. Tomamos conhecimento através da mídia local”, disse Ivan Luciano Araújo.
Um relatório foi solicitado junto ao Conselho Tutelar da 7ª Região de Maceió e com este documento em mãos, o conselheiro pretende acionar as autoridades locais. “Vamos procurar o Ministério Público e a Delegacia de Itaporanga para investigar o caso”, garante Ivan Luciano Araújo.