A greve dos trabalhadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS), que já completa 76 dias de duros embates e conquistas, inicia novo momento. A mobilização se amplia com a greve dos professores, deflagrada na terça-feira 03/06, completando um cenário favorável para o fortalecimento da luta por condições de trabalho e estudo na universidade.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da UFS (SINTUFS), Lucas Gama, aposta na pauta que soma interesses dos trabalhadores, estudantes e professores, a exemplo da reforma do Estatuto da UFS, que ainda é o mesmo da época da Ditadura Militar no Brasil, portanto, permite poucas brechas de participação democrática da comunidade universitária e concentra muito poder na Reitoria. Para que seja feita a mudança estatutária, o reitor precisa convocar um Congresso Universitário para a avaliação e construção do novo estatuto.
A pauta da segurança nos campi universitários também merece destaque especial, pois a expansão universitária, com todos os seus benefícios, precisa ser melhor estruturada para não expor a comunidade ao risco de assaltos, estupros e demais formas de violência social. A tentativa de estupro de uma estudante no campus de Laranjeiras na última semana mobilizou universitários de todos os demais municípios, que agora estão em estado de alerta para as condições de insegurança nos campi inaugurados.
Assistência médica de urgência, assim como a construção de creches e restaurantes universitários em todos os campi, são demandas importantes, e especialmente urgentes para todos que trabalham e estudam na UFS.
Portanto, o movimento grevista iniciado principalmente porque o Governo Federal descumpriu o acordo de conceder reposição salarial acima da inflação, criar Grupos de Trabalho para discutir democratização na universidade e realizar concurso público se fortaleceu e ampliou com a conquista da jornada de 30 horas e se tornou apto ao desafio de abraçar uma pauta bem mais abrangente, exigindo mudanças para beneficiar todos que fazem parte da UFS.
“É claro que 76 dias de greve é bastante desgastante, mas a categoria está convicta de que devemos resistir e chamar a atenção do Governo Federal para a necessidade de negociar com os trabalhadores. A conquista da jornada de 30 horas foi uma importante lição para a categoria, além de animar o movimento, mostrou que não há outro caminho a não ser lutar”, frisou.
Em 10 dias de greve e 9 dias de ocupação do CPD da UFS, os trabalhadores da universidade conquistaram o direito à jornada de 30 horas, que será instaurada por uma comissão paritária dentro dos próximos meses. Além de pautas como a ampliação de vagas do concurso público para suprir a demanda total por 700 trabalhadores; a luta por autonomia da Rádio UFS para que esteja a serviço da comunidade universitária; o combate ao assédio moral nos campi, assim como a luta contra o projeto privatista da educação são reivindicações dos trabalhadores que evidenciam a singularidade desta greve na UFS, sinalizando que se trata da oportunidade de obtenção de conquistas históricas.
Siga o SE Notícias pelo Twitter e curta no Facebook
por Iracema Couto