por Adriano Albuqueque, Evelyn Rodrigues e Marcelo Russio
Globo Esporte, direto de Baltimore, EUA
Jon Jones se isolou no topo da lista de atuais campeões do UFC na madrugada deste domingo. O campeão defendeu o cinturão dos pesos-meio-pesados pela sétima luta consecutiva, maior série de vitórias de um campeão em atividade na companhia no momento, ao derrotar Glover Teixeira por decisão unânime dos jurados (triplo 50 a 45) no evento principal do UFC 172, em Baltimore (EUA). O lutador americano ainda precisa de três triunfos, porém, para igualar Anderson Silva como campeão com maior sequência de vitórias.
No total, são 20 vitórias no cartel, 11 seguidas desde que sofreu seu único revés, numa polêmica desclassificação por conta de golpes ilegais (contra Matt Hamill, em 2009). Neste sábado, Jones bateu por cinco rounds um homem que vinha de 20 triunfos consecutivos no MMA, invicto desde 2005. Por isso, é cada vez mais difícil imaginá-lo derrotado. O homem que chegou mais perto disso, o sueco Alexander Gustafsson, é seu provável próximo adversário, numa revanche pedida pelos fãs desde que os dois se enfrentaram em setembro passado. “Bones” venceu na ocasião por pontos.
Glover caminhou para a arena com a mesma música de entrada de seu mentor e ex-campeão da categoria, Chuck “The Iceman” Liddell, talvez tentando canalizar suas energias. Já Jon Jones conquistou a torcida ao imitar a dança do ídolo local Ray Lewis, ex-jogador de futebol americano do Baltimore Ravens, e entrar ao som de “The Champ Is Here” (“O Campeão Está Aqui”), de Jadakiss. O campeão de fato estava no córner vermelho e demonstrou isso ao aguentar os melhores golpes de Glover e apresentar todo seu arsenal na luta em pé.
Jones deu o seu cartão de visitas cedo, com bons chutes no corpo. Glover também mandou rapidamente seu direto de direita no rosto do oponente, e ele aguentou. Jones tentou o clinche e a queda, mas Glover estava ligado. Defendeu e se manteve em pé. O brasileiro andou para frente e segurou um chute, mas não conseguiu a queda. Jones tentou suas cotoveladas, mas Glover se esquivou. O mineiro parecia empolgado e atacou com vontade, mas o campeão se mantinha longe de seu alcance. Um chute alto de Jones passou no vazio. Glover ia ganhando confiança conforme a luta se desenrolava e soltava ganchos e cruzados, mas o americano se esquivava bem. Jones marcou o tempo de um chute do brasileiro e o quedou, mas não conseguiu mantê-lo no chão: o mineiro rapidamente levantou. Jones também encontrava o tempo de seus jabs e conectava repetidamente. Um chute rodado dele entrou no abdômen de Glover. O brasileiro ainda ameaçou uma queda no final, mas não houve tempo antes do fim do primeiro round.
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Glover começou o segundo round andando para a frente e quase foi quedado por Jones. O brasileiro, porém, bateu no solo e voltou. Jones passou a apostar nos chutes baixos. Glover pressionava e soltava os braços, mas não atingia. O americano passou a arriscar chutes crescentes, chutes oblíquos, e colocou o brasileiro contra a grade. Ele tentou um clinche do muay thai para dar joelhadas, mas, quando Glover se livrou, deu uma cutucada inadvertida no olho – a segunda da luta. O brasileiro acertou um cruzado de esquerda que balançou Jones e o colocou contra a grade, mas Jones sobreviveu. Pior, voltou a jogar suas cotoveladas com más intenções. Uma, duas, três. Glover nem sentiu. Bones deu pisões oblíquos em seus joelhos e um chute rodado no corpo. O brasileiro escapou da grade e respondeu com chutes baixos. Jones ainda arriscou um chute rodado alto que passou raspando.
O terceiro round foi talvez o mais dominante de Bones. O americano encaixou um belo upper que fez o brasileiro perder o protetor bucal. Jones foi respeitoso e esperou Glover recolocar o protetor. O americano buscou uma queda, Glover defendeu e, no clinche, levou uma forte cotovelada que abriu um sangramento no nariz, mas também aproveitou para conectar bons uppers. Jones voltou a levar para o clinche e acertar cotoveladas. O mineiro respondia com golpes na linha da cintura. O campeão passou a dar joelhadas na perna e no corpo. Ele se desvencilhou e conectou um gancho no corpo e no rosto. O brasileiro saiu com um corte no supercílio direito. O americano começava a se sentir à vontade, e acertou bons golpes no corpo, um chute e um soco. Ele voltou a apostar no clinche, onde conectou mais uppers. O brasileiro respondeu com ganchos e mais uppers.
A luta foi para os rounds decisivos. Glover, porém, sentia o ombro direito. Jones usava sua envergadura para manter o brasileiro longe e conectou bom direto. Ele voltou a buscar o clinche, mas levou um forte upper. Jones jogou uma cotovelada giratória, mas Glover se esquivou na hora certa. Porém, ele não conseguia se livrar do clinche. O protetor bucal de Glover caiu novamente com um direto de Jones, o que lhe deu um tempo para respirar. O brasileiro voltou a comandar o centro do octógono e evitou joelhadas e chutes do campeão. O jab de Jones, porém, continuava entrando. Uma cotovelada de esquerda também conectou em cheio no seu rosto. O brasileiro não conseguia se livrar da mão de Jones em sua cabeça e começou a suingar com violência, irritado. Jones levou o combate de volta à grade e acertou a cotovelada giratória, embora de leve, na guarda. O mineiro seguia conectando uppers. Num clinche, acertou uma sequência de ganchos que balançou o campeão, mas não conseguiu se livrar de suas garras. Nos segundos finais, Jones ainda quedou o brasileiro e desferiu golpes perigosos antes do soar do gongo.
Jones não perdeu tempo em buscar a queda no início do último round. Ele conseguiu derrubar, mas o brasileiro novamente se levantou rápido. A partir daí, Jones pareceu administrar a luta. Os dois trocaram golpes duros no clinche, mas Jones parecia tranquilo amarrando o mineiro contra a grade. O brasileiro se soltou e conectou bons ganchos e uppers. Jones se recuperou e os dois passaram a jogar bombas, levantando a torcida. Ambos acertaram uppers e ganchos, e Glover novamente perdeu o protetor bucal, o que deixou a plateia impaciente. Sem opção que não o nocaute ou a finalização, o brasileiro partiu para cima, jogando seus ganchos e cruzados. Jones respondia com cotoveladas: acertou uma de cima para baixo e passou perto com uma de baixo para cima, à la Anderson Silva. Glover respondeu com um upper poderoso. O americano o prensou contra a grade, mas ele conseguiu se livrar e deu perigoso cruzado. Jones jogou uma joelhada voadora que passou raspando e ainda arriscou um Superman punch. Nos minutos finais, Jones rodou pelo octógono para evitar o brasileiro, ocasionalmente jogando um chute rodado ou uma cotovelada. Antes do soar do gongo, ele já levantou os braços, comemorando a vitória inevitável.
– Muito do que fiz foi improvisação. Eu percebi que era muito melhor na luta de mão que ele, graças ao meu background no wrestling. Mas agradeço aos fãs brasileiros que sintonizaram hoje, respeito muito os lutadores brasileiros e respeito muito o Glover Teixeira, agradeço pelo desafio – disse Jones, respeitosamente, na entrevista pós-luta.
Humilde, o lutador de Sobrália reconheceu os méritos do adversário e revelou que lesionou o ombro durante o combate.
– Ele acertou o meu ombro direito. Esse cara é duro. Ele aguentou meu melhor golpe, eu acertei meu soco de esquerda umas três vezes. Ele é um grande campeão. Eu fiz minha estratégia, tentar pressioná-lo e acertá-lo com os ganchos, mas ele aguentou – lamentou Glover Teixeira.
Veja todos os resultados do UFC 172:
UFC 172
26 de abril de 2014, em Baltimore (EUA)
CARD PRINCIPAL
Jon Jones venceu Glover Teixeira por decisão unânime (triplo 50 a 45)
Anthony Johnson venceu Phil Davis por decisão unânime (triplo 30 a 27)
Luke Rockhold venceu Tim Boetsch por finalização (kimura) aos 2m08s do round 1
Jim Miller venceu Yancy Medeiros por finalização (guilhotina) aos 3m18s do round 1
Max Holloway venceu Andre Fili por finalização (guilhotina) aos 3m39s do round 3
CARD PRELIMINAR
Joseph Benavidez venceu Tim Elliott por finalização (guilhotina) aos 4m08s do round 1
Takanori Gomi venceu Isaac Vallie-Flagg por decisão unânime (triplo 29 a 28)
Bethe Pitbull venceu Jessamyn Duke por decisão unânime (30 a 27, 29 a 28 e 30 a 27)
Danny Castillo venceu Charlie Brenneman por nocaute aos 21s do round 2
Chris Beal venceu Patrick Williams por nocaute a 1m51s do segundo round 2