O deputado federal Mendonça Prado (DEM) fez, nesta quarta-feira (09), uma avaliação da atual conjuntura política em Sergipe e descartou uma possível aliança com o pré-candidato ao Governo do Estado, Eduardo Amorim. Em uma análise da Segunda Guerra Mundial, Mendonça comparou a política dos irmãos Amorim ao terrorismo liderado pelo alemão Adolf Hitler, que tentou implantar o nazismo no mundo.
mendonçaEm entrevista ao Programa Giro da Notícia (Rádio Cultura), o parlamentar elogiou a decisão adotada pelo prefeito João Alves, em permanecer à frente da prefeitura, e salientou que agora só lhe resta uma única opção: apoiar a pré-candidatura do governador Jackson Barreto (PMDB) à reeleição.
“Eu acho que em política a gente não pode ter duas conversas. Com a saída de João Alves da disputa, que foi uma decisão acertada, neste momento nós temos duas candidaturas postas: a do Jackson Barreto e a do Eduardo Amorim, que eu diria que é o candidato do Edvan Amorim, aquele famoso que o Estado todo conhece pelo seu histórico. Então, eu não tenho nem o que discutir. Eu tenho que pensar em Sergipe, pensar no povo sergipano. Ficando essas duas candidaturas a minha opção logicamente será pela pré-candidatura do Jackson Barreto. Isso é indiscutível, não tem outra forma de examinar essa discussão”, garantiu.
Mendonça Prado observou que a decisão definitiva com quem o DEM apoiará nessas eleições só será conhecida oficialmente na convenção do partido, em junho próximo. Ele, porém, adiantou que várias lideranças do partido já se manifestaram pelo apoio a pré-candidatura de Jackson Barreto.
“Esse debate só será feito oficialmente no dia da convenção partidária. Evidentemente que outras opiniões surgirão porque isso é normal do processo político. Nós temos inúmeros participantes na conjuntura do meu partido, mas eu não estou só. O prefeito de Estância, Carlos Magno é filiado aos Democratas e ele também é adepto dessa tese. O deputado estadual Arnaldo Bispo, irmão de Luciano Bispo, grande liderança política de Itabaiana, também ele defende esse ponto de vista. O ex-deputado e grande liderança de Lagarto, Gerônimo Reis, irmão da deputada Gorete Reis, e a própria deputado Gorete Reis também defende esta tese que eu estou aqui mencionando, porque eu não sou o único. Eu tenho certeza que no final o nosso grande líder, que é o prefeito de Aracaju, João Alves, vai optar pelo que é melhor para o nosso Estado. Vamos fazer esse debate, discutir e vamos com os nomes que eu mencionei e tantos outros que fazem parte do Democratas fazermos a defesa dessa tese que é fundamental”, salienta.
Para o Democratas, o Estado de Sergipe precisa da somação de esforços da classe política para solucionar os problemas que atingem a saúde, a educação e a segurança.
“Eu acho que o Estado de Sergipe precisa de somação de esforços. Nós temos aí vários problemas na área de segurança pública, educação e saúde. E o povo quer trabalho, o povo quer um projeto, um plano de ação que vise efetivamente melhorar a vida das pessoas. Não podemos continuar em discussões políticas infrutíferas que não melhoram absolutamente nada. É preciso que tenhamos responsabilidade, respeito aos seres humanos, aos nossos cidadãos e, com isso, com base nessa linha de pensamento formatar uma proposta para a partir de 2015 a gente ter um governo que tenha a cara também do nosso partido, com nossas ideais, com as soluções que nós consideramos mais viáveis”, admite.
A aproximação do PSDB com o PSC dos irmãos Amorim também passou pela avaliação política de Mendonça Prado. O deputado encarou com naturalidade os encontros do vice-prefeito José Carlos Machado com o senador Eduardo Amorim e o deputado federal André Moura.
“Eu vejo com naturalidade o PMDB conversando com os Democratas, o PSDB conversando. É preciso que deixe claro que nós do Democratas não somos do PSDB. Nós somos um partido autônomo, com identidade própria e realizamos o nosso trabalho. E nós não temos candidato a presidente da República, quem tem candidato é o PSDB. E o partido está aí com o Machado conversando. É um processo normal. Ele é maior, livre, independente e tem uma sigla da qual ele hoje faz parte, e que ele faça as conversações que ele entender necessárias. Isso faz parte do processo democrático e eu não tenho nenhuma objeção a esse tipo de procedimento”, avaliou.
O ponto mais crítico da entrevista do deputado sergipano foi no momento em que ele “comparou” a política desenvolvida pelos irmãos Amorim ao ditador Adolf Hitler, principal defensor do nazismo no período da Segunda Guerra Mundial. Relembrando a história do ditador alemão, Mendonça justificou uma possível aliança com o PMDB de Jackson Barreto.
“Nós temos que ter preocupação com o que estamos construindo e o que nossos concorrentes constroem. Se em algum instante você se depara com uma situação que é preciso, se for o caso, se aliar com aqueles que sempre foram seus adversários, é preciso saber o que motiva. Eu faço sempre uma comparação com a Segunda Guerra Mundial neste caso em que está se desenhando. Lembro-me ao ler a história que Inglaterra e Estados Unidos se aliaram a União Soviética, que era o grande adversário dos países mais liberais. Qual o objetivo? Será que eles estavam tão vacinados, ideologicamente? É claro que não. A história mostrou que a aliança, coligação que foi feita naquele período com aqueles países, na Segunda Guerra Mundial, foi justamente para evitar que o planeta fosse liderado por Hitler, para evitar o nazismo, para evitar que Hitler destruísse a humanidade. Então tem certos momentos na política que eu penso que nós devemos ver de que maneira nós podemos evitar o mau. Já imaginou se ficar aí o PT de um lado com Jackson Barreto e o Democratas? Nós temos que evitar o mal, e o mal maior, no meu ponto de vista, é a ascensão dos Amorim no Governo do Estado. Você sabe o que é o Amorim no Governo do Estado? No meu modo de pensar seria uma catástrofe geral pelo histórico demonstrado por eles ao longo do tempo, pelo comportamento político que eles estão adotando ao longo do tempo. Pelo comportamento até de ordem pessoal, empresarial. Eu acho que para o Estado de Sergipe seria uma catástrofe. E eu repito a história da Segunda Guerra Mundial: para evitar que Hitler tome conta, para evitar que o nazismo tome conta, muitas vezes você tem o dever até de se aliar a certos adversários para impedir que o mal maior destrua a humanidade. Eu diria até que Amorim não é um inimigo comum dos partidos, eu diria que é um inimigo comum do povo, é o inimigo comum do Estado. A história mostra isso, os procedimentos e os comportamentos mostram isso”, dispara Mendonça.
Questionado se não seria incoerência o DEM se aliar com o PT e o PMDB, partidos que historicamente sempre estiveram em lados opostos, Mendonça admitiu a incoerência e afirmou que a aliança poderá ser concretizada por falta de alternativa.
“A política brasileira, lastimavelmente, infelizmente, é uma salada mista de partidos. Bom seria que nós tivéssemos dois partidos como os Estados Unidos: Democratas e Republicanos, e jamais nós estaríamos envolvidos num processo como esse. Então não tem como você fugir da incoerência nesse aspecto. O Brasil precisa passar por uma reforma política e eleitoral para não se deparar com essa situação. Então qualquer situação que o Democratas se situe ele vai cair na incoerência. Veja: se nós nos coligarmos com o PT estaremos sendo incoerentes em relação a eleição passada em que o PT foi nosso adversário. Se nós nos coligarmos com o PSB estaremos sendo incoerentes porque o PSB foi o adversário da eleição de prefeito de Aracaju. Se nós nos coligarmos com o PMDB estaremos sendo incoerentes porque o PMDB apontou o vice de Marcelo Déda do PT e foi o nosso adversário na eleição passada. Se nós nos coligarmos com o PSC estaremos sendo incoerentes porque o PSC foi o partido que lançou o candidato de senador de Marcelo Déda na eleição passada. Ou seja, não tem jeito para não ser incoerente. A única aliança que seria coerente e correta seria a aliança Democratas, PSDB e PPS. Mas o pré-candidato João Alves já não faz parte mais da disputa. Então, nós não temos outra alternativa a não ser optar por aquilo que seja melhor. Ou seja, excluir o que for pior. Esse é o caminho que nós temos que seguir”, conclui Mendonça.
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