por GloboEsporte.com
Não deu. A batalha teve luta de sobra, suor e até sangue – de Alecsandro em batida cabeça com cabeça com o companheiro Samir. Não foi o suficiente. O León repetiu o feito que ficou famoso no México e, seis anos depois do América-MEX de Cabañas, atualizou a versão do “Maracanazo” com a vitória por 3 a 2. Arizala e Boselli, que também marcaram gols no primeiro duelo entre as equipes, e Peña construíram o placar. André Santos e Alecsandro marcaram para os rubro-negros, que aos gritos de “vergonha” de 53.230 pagantes (60.451 presentes), deixam a Libertadores pela quarta vez na história sem passar pela fase de grupos. Em um jogo nervoso, com renda de R$ 3.091.047,50, a classificação para as oitavas ficou com os visitantes, que terminaram em segundo lugar do Grupo 7, com dez pontos e agora vão esperar o complemento da rodada, nesta quinta-feira, para saber seu adversário.
Após o apito final, o atacante Alecsandro lamentou o mau resultado, mas exaltou o desempenho do León.
– Para mim, que já tenho duas conquistas de Libertadores (por Inter e Atlético-MG), é um sentimento muito ruim. Sei o gosto de ser campeão da América. Peço desculpas aos 60 mil torcedores que vieram aqui. Mas é bom lembrar que o León jogou muito bem. Eles devem ter tido mais posse de bola que a gente. Não encaixamos a marcação. É difícil fazer gol sem a bola – disse o centroavante à Fox Sports.
A outra vaga da chave é do Bolívar. O time boliviano, que foi outro carrasco rubro-negro ao fazer cinco pontos nos dois duelos diretos com os cariocas, tornou-se o líder do grupo, com 11 pontos, ao bater o Emelec por 2 a 1, em La Paz. Para salvar o semestre, o Fla agora se volta para o Carioca. O time faz mais uma partida decisiva neste domingo, às 16h (de Brasília), pela final do estadual, contra o Vasco, no Maracanã. Dono da melhor campanha, o Rubro-Negro joga pelo empate para garantir o título estadual pela 33ª vez em sua história.
Vilão, heróis e quatro gols em 13 minutos
Era jogo nervoso. Passes errados, torcida inquieta, broncas da área técnica. Jayme de Almeida dava gritos da beira do campo com a marcação. Gustavo Matosas também estava agitado. Tirou até a jaqueta. Cobrava velocidade a todo instante nos contra-ataques. A tática do treinador, que surpreendeu ao escalar Arizala para jogar na velocidade em cima de André Santos, deu resultado. Só que pelo alto. Após falta boba feita por Alecsandro, perdido no campo de defesa, o atacante do León ganhou de André Santos e de cabeça fez 1 a 0 com 21 minutos de jogo. Já a aposta de Jayme não deu certo.
De volta ao time após se recuperar de lesão, Elano ficou só 12 minutos em campo, sentiu um problema muscular e deu lugar a Gabriel. O nervosismo era nítido no lado rubro-negro, e Paulinho chegou a se estranhar com seu marcador. Do lado mexicano, não. Jogando pelo empate, o time segurava a bola com trocas de passes no setor defensivo e debaixo de muitas vaias. Contra uma povoada defesa, era preciso uma jogada individual, como a de Paulinho, que passou por dois e serviu para André Santos chutar sobre os defensores na entrada da área. Mas a resposta só aconteceu na bola parada, assim como o gol do León.
Léo Moura levantou na área, e André Santos foi de vilão a herói: usou a cabeça e empatou após saída errada de Yarbrough, aos 29. Só que quem disse que dava para comemorar? Um minuto depois, após cruzamento de Hernández, Boselli subiu entre Samir e André Santos e colocou os mexicanos de novo na frente. Não demorou para um novo cruzamento, desta vez por baixo, feito por Everton, encontrar Alecsandro na área. O atacante, que precisou levar três pontos na cabeça por trombada com Samir, pegou de primeira e, mesmo desengonçado, conseguiu mandar a bola no cantinho para empatar de novo. Foram quatro gols em 13 minutos. E o primeiro tempo terminou com um Fla cauteloso entre atacar e resguardar a defesa, exposta aos perigosos contra-ataques.
Fla vira vítima da ansiedade e é eliminado
Jayme preferiu não mexer, deu confiança para a equipe voltar pressionando na etapa final. E Yarbrough, logo aos três minutos, evitou a virada do Fla numa cabeçada à queima-roupa de Gabriel. Paulinho, pouco depois, fez jogada individual e bateu colocado, da entrada da área, tirando tinta da trave. Mas os mexicanos seguiam perigosos. Num passe errado de Everton, Arizala ganhou na velocidade de Amaral, invadiu a área e só não finalizou porque Samir, mais uma vez, salvou os rubro-negros. Felipe também quase complicou ao espalmar para frente um chute d elonge de Montes e dar de presente para Boselli cabecear fraco.
O fôlego de André Santos acabou, e Jayme foi obrigado a mudar de novo por necessidade. Foi na onda da torcida, que pedia Negueba, e colocou mais um atacante em campo, deslocando Everton para a lateral esquerda. Mas a verdade é que os mexicanos estiveram mais próximos do terceiro gol do que o Flamengo. Aos 23, Felipe defendeu uma pancada de Boselli e manteve os rubro-negros no jogo. Só que a única forma encontrada de chegar à área adversária foi nos chuveirinhos. Todos cortados pela zaga visitante. Sobrava correria sem organização. Sem um meia no banco de reservas, a cartada final de Jayme foi outro atacante, Nixon. Em vão.
O golpe final mexicano começou quando Matosas sacou um exausto Arizala para a entrada de Delgado, para se fechar mais. Mas quando o empate já estava de bom tamanho para os mexicanos, eles ganharam ainda a vitória. Aos 38, Peña pegou a sobra de um chute cruzado na área e, de primeira, venceu Felipe para fazer o gol do triunfo do León e do drama do Fla. O silêncio tomou o Maracanã até os gritos de “vergonha” da torcida, que sufocou os de “olé” dos poucos visitantes presentes ao estádio.