Marina Fontenele, do G1 SE
O verão começou oficialmente no dia 21 de dezembro. O período coincide com as férias escolares e festas de fim de ano, época onde muita gente procura o litoral para aproveitar as águas mornas, o sol forte e calor intenso característicos do Nordeste durante o ano inteiro.
Em Aracaju, em Sergipe, são aproximadamente 22 quilômetros de praia e algumas armadilhas, os valões ou ‘piscininhas’, que se formam com a mudança da correnteza, maré alta e ventos fortes. O tenente Rosivaldo Barbosa, do Grupamento Marítimo do Corpo de Bombeiros Militar (CBM), dá dicas de segurança aos banhistas.
“É de extrema importância fixar um ponto de referência na areia antes de entrar no mar, pois a correnteza pode acabar deslocando o banhista. Também não é indicado consumir bebida alcóolica ou comida pesada antes e ir para a água e não é indicado deixar crianças brincando, mesmo no raso, sem a presença de um adulto”, orienta o tenente Rosivaldo.
O bombeiro alerta ainda sobre o perigo das ‘piscininhas’ que se formam entre a faixa de areia e a água principalmente no período entre agosto e março, quando há a mudança de correnteza, ventos fortes e a maré grande, com ondas médias de 2,2 metros.
“Esses valões têm profundidade média de 1,5 m a 2,5 m com a maré baixa. O problema é justamente quando a pessoa entra no mar e demora de 30 minutos a 1 hora lá dentro, porque nesse período de maré grande o nível da água sobe muito rápido apesar de continuar sendo quatro mudanças de maré por dia. A maré cheia cobre esses valões e a pessoa acaba caindo dentro deles na volta para a areia. Quando no mar a água está no joelho, nesses valões ela cobre um adulto”, explica Barbosa.
Essas armadilhas para os banhistas concentram-se principalmente nas praias da Coroa do Meio, em frente aos arcos da Atalaia, no banho doce em frente a Petrobras, no trecho em frente a Passarela do Caranguejo e em frente ao antigo restaurante Tropeiro.
Perigo oculto
O litoral de Aracaju vai da Praia dos Artistas, que começa no bairro Coroa do Meio, até o Mosqueiro. Essa região fica entre a foz dos rios Sergipe e Vaza-Barris, o que contribui para a formação desses valões. As praias mais próximas do encontro do rio com o mar apresentam um risco maior de afogamentos.
“A Praia dos Artistas é a sexta mais perigosa do país porque possui um canal permanente de seis a 15 metros de profundidade que fica próximo à areia. Se a pessoa cair dentro do canal dificilmente ela consegue sair com vida e o corpo demora dois dias para aparecer já bem distante do local onde desapareceu”, destaca o tenente.
O alerta dos Bombeiros ainda é negligenciado por muitos banhistas que desprezam as placas de perigo e deixam principalmente as crianças brincando sozinhas na água. Os oficiais percorrem toda a costa diariamente para identificar as zonas de risco e identificar com placas.
Cuidado redobrado
O motorista Washington Alves Ferreira prefere ir à praia com a família na semana quando o fluxo de pessoas é menor. Segundo ele, assim fica mais fácil de monitorar o filho brincando na água enquanto ele e a esposa permanecem na mesa da barraca de praia.
“Meu filho tem seis anos de idade e tem medo da água, o que é bom porque ele só entra até a água chegar no joelho e depois volta correndo. Hoje quando chegamos eu entrei com ele na ‘piscininha’ para ver até onde ele poderia entrar. Tem que ter cuidado redobrado com criança e daqui de onde estou, a 50 metros da água, consigo ver bem”, afirma.
Foi em uma situação dessas em que uma menina de oito anos se afogou quando brincava na companhia de outras crianças na Praia da Aruana, na Zona Sul da capital, na tarde de domingo (8). Os bombeiros chegaram a levá-la para a Unidade de Pronto Atendimento Fernando Franco, no Conjunto Augusto Franco, mas ela não resistiu e morreu.
Mais dicas de segurança
De janeiro a outubro deste ano os guarda-vidas do CBM realizaram 782 atendimentos, sendo a maior parte das ocorrências registradas em Aracaju. Além de atuarem em situações de afogamento, as equipes Grupamento Marítimo também registram muitos atendimentos envolvendo crianças perdidas (mais comum nos finais de semana e feriados), além de vítimas de queimaduras por animais marinhos como caravelas e águas-vivas.
Segundo o tenente Rosivaldo, esse trabalho poderia ser ainda mais efetivo, pois as equipes são reduzidas e o Corpo de Bombeiros possui o déficit de pelo menos mais 15 guarda-vidas para ajudar no monitoramento do litoral aracajuano.
Confira outras dicas para segurança nas praias:
– Consulte o guarda-vidas para saber as condições para o banho e para o surf antes de entrar na água;
– Se for pego por uma corrente, nade diagonalmente a ela até conseguir escapar;
– Chame por socorro ou faça sinais se não conseguir sair da corrente;
– Nunca finja ter necessidade de socorro;
– Não superestime sua capacidade de nadar saindo para longe, a não ser que o percurso seja paralelo à praia e de fácil socorro;
– Observe sempre o movimento das crianças, mesmo quando o guarda-vidas estiver por perto;
– Evite qualquer forma de vida marinha desconhecida ou agressiva.