Diógenes Campanha, da Folha UOL, em São Paulo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu nesta quarta-feira (4) que o PT estará no comando do país em 2022, quando o Brasil completará 200 anos de sua independência.
O período mencionado por ele abrange um eventual segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, de 2015 a 2018, e uma nova gestão petista a partir de 2019.
Lula recebeu nesta quarta o título de doutor honoris causa da UFABC (Universidade Federal do ABC), em São Bernardo (SP), instituição criada durante seu primeiro mandato no Palácio do Planalto. Dilma viajou de Brasília para a cerimônia, acompanhada pelos ministros Aloizio Mercadante (Educação) e Miriam Belchior (Planejamento), mas nem sequer discursou no evento.
Em seu pronunciamento após a outorga do título, Lula enumerava realizações dos governos petistas na área social quando disse que seu foco era 2022.
“Eu já estou pensando no Brasil de 2022, quando a gente completar 200 anos de independência e fizer uma comparação do que era o Brasil. Aí vai ser duro, Dilminha, quando a gente falar do Brasil que nós deixamos em 2022 e o que nós pegamos”, afirmou o ex-presidente.
Em vários momentos do discurso, Lula criticou políticas educacionais do PSDB. Sem mencionar diretamente o partido, disse que a universidade era tratada como “estorvo” pelos governos tucanos.
Ele afirmou que o ex-deputado Professor Luizinho (PT-SP) apresentou em 1992, quando era deputado estadual, um projeto para a criação de uma universidade pública na região do ABC paulista. “Três governos estaduais se sucederam sem atender à reivindicação, mesmo com a aprovação na Assembleia”, disse Lula. “O governo federal, quando foi procurado, no ano 2000, também rejeitou a proposta.”
O PSDB assumiu o governo de São Paulo pela primeira vez em 1995, e o presidente da República em 2000 era o tucano Fernando Henrique Cardoso.
“Era um tempo em que os governos tratavam a universidade pública como se fosse um estorvo, um gasto inconveniente num contexto de redução do Estado”, afirmou o petista.
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Lula disse ainda que as gestões do PT no Planalto, a partir de 2003, criaram 290 escolas técnicas no país, ante 140 que haviam sido feitas “em um século”. “Porque houve um dia um governo que fez uma lei tirando a responsabilidade do governo federal pelo ensino técnico. Era como [se dissessem] faz quem quiser e quem Deus ajudar. Pois bem, nós revogamos a lei e voltamos a fazer escola técnica”, declarou.
“A lei é de 98”, disse Lula, para deixar claro que se referia ao final do primeiro governo de FHC (1994-1998), e foi aplaudido pela plateia.
O reitor da UFABC, Helio Waldman, também fez um ataque velado aos tucanos em seu discurso.
Ao justificar a outorga do título para Lula, ele contou ter visto, durante um debate eleitoral em 2006, o petista se referir à criação da universidade, na época em implantação, como um dos feitos de seu primeiro mandato. “Tive um sentimento de consternação e choque quando o adversário de Lula, em sua réplica, referiu-se também à UFABC, mas para dizer que era apenas um projeto que não ia sair do papel”, declarou o reitor.
Em 2006, Lula concorria à reeleição e disputou o segundo turno contra Geraldo Alckmin (PSDB), atual governador de São Paulo.
Waldman afirmou que, naquele momento, já trabalhava havia um ano para implantar a universidade. “E agora um candidato a presidente dizia em rede nacional que nós não íamos tirar aquele projeto do papel? Confesso que, naquele momento crítico, fiquei indignado, mas também preocupado e inseguro com o futuro da recém-nascida UFABC.” Ele disse ter “respirado aliviado” com a reeleição de Lula para o segundo mandato.