Trabalhador no município de Nossa Senhora do Socorro, Wellington Araújo do Espírito Santo foi vítima de perseguição após realizar denuncia de tráfico de influência na SMTT do município.
No dia 10 de setembro, o servidor público Wellington, que também é da direção do Sindicato dos Servidores Públicos de Nossa Senhora do Socorro, filiado à CUT/SE, trabalhava na fiscalização de carros do transporte público quando detectou irregularidades no documento do veículo Doblô, com alvará nº 72, e por isso realizou a apreensão obedecendo à legislação de trânsito.
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No entanto, o carro foi liberado no mesmo dia. Após intervenção do servidor comissionado Charlys José da Silva, o superintendente da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT), José Toledo, ordenou por telefone a liberação do carro mesmo com as irregularidades. O servidor Wellington enviou um ofício para o prefeito Fábio Henrique denunciando o caso de tráfico de influência na SMTT no dia 16 de setembro.
Por acaso, no dia 18 de setembro, em outra atividade de fiscalização de carros do transporte público, o mesmo veículo foi fiscalizado e novamente foram detectadas irregularidades na documentação. O servidor Wellington, presente na operação, realizou novamente a apreensão do carro. E pela segunda vez houve intervenção do servidor comissionado Charlys José da Silva e ordem do superintendente da SMTT para que o carro fosse liberado apesar das irregularidades. No entanto, desta vez o servidor Wellington não cumpriu com a ordem do superintendente e manteve o carro apreendido.
Por insistir em cumprir a Legislação de Trânsito, o trabalhador Wellington foi retaliado pela SMTT com sua devolução, no dia 23 de setembro, à Prefeitura de Socorro. No dia seguinte Wellington foi à 2ª Promotoria de Nossa S. do Socorro para oficializar as denuncias de assédio moral e tráfico de influência na SMTT.
“Como trabalhador concursado e dirigente sindical, não pude silenciar diante desta intervenção política no trabalho de fiscalização. O tráfico de influência é muito danoso à Administração Pública. E se nós, servidores do quadro efetivo, nos calarmos diante deste tipo de situação, quem irá denunciar o abono de multas e liberação de carros com irregularidades?”.
Moto-taxis irregulares
Wellington Araújo também resgata que esta não é a primeira denuncia de tráfico de influência contra a SMTT/Socorro. Numa atitude de desrespeito à legislação de trânsito, a Superintendência da SMTT/Socorro ordenou que entre os meses de outubro de 2010 e janeiro de 2011, a vistoria aprovasse a liberação de 50 motos para prestar o serviço de moto-taxi mesmo com placa policial de cor cinza e sem plotagem da SMTT com a numeração do alvará respectivo.
A irregularidade também foi denunciada à 1ª Promotoria de Justiça Especial de N. Sra. do Socorro, em fevereiro de 2011, pelo servidor público Wellington Araújo, que na época trabalhava como vistoriador e não aprovou a liberação das 50 motos, conforme foi ordenado. Mesmo assim as motos circularam realizando o serviço de moto-taxi irregularmente. Resultado da denuncia: Wellington foi transferido da SMTT e passou a trabalhar como guarda municipal do Posto de Saúde.
“Já existe muito preconceito em torno do trabalhador que atua na fiscalização de veículos e não podemos reforçar este preconceito sendo coniventes com o tráfico de influência que burla a legislação de trânsito. O servidor publico é um advogado nato da sociedade. Se eu sou pago para cumprir meu dever e não faço o meu papel, estou roubando a sociedade que paga o meu salário, estou cometendo o crime de omissão, e isso eu não faço”, reafirmou.
Texto: Iracema Corso/CUT