Por Túlio Moreira, do Sport TV, em Recife
Com 15 anos recém-completados, a jovem Eduarda, a Duda, se tornou uma atração à parte na primeira etapa da temporada 2013/2014 do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia. A timidez comum da idade desapareceu completamente quando a garota entrou em quadra, na sexta-feira, ao lado da parceira Thaís. Com desenvoltura de veterana, a sergipana deu os primeiros passos nas competições adultas, após despontar no cenário internacional com o título do Mundial sub-19, conquistado em julho. A estreia na principal competição do vôlei de praia brasileiro foi possível graças a um convite da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).
– Disputar o Brasileiro foi uma oportunidade enorme. A expectativa era alta, porque todas as jogadoras são muito boas, e eu ainda estou aprendendo. Cada vez mais, eu me esforço para aprender o máximo possível. Tento administrar a ansiedade, porque eu sou sempre muito calma. Elas são boas e têm mais experiência, mas a gente tem que entrar firme, esquecer quem está na quadra adversária e mostrar o nosso jogo – disse a jovem.
Filha da ex-jogadora Cida Santos, que mantém um centro de desenvolvimento do esporte em sua cidade natal, São Cristóvão (SE), Duda começou a treinar por incentivo da mãe, que logo percebeu a vocação da menina para o vôlei de praia. Aos oito anos de idade, ela já dominava os principais fundamentos da modalidade, e despontou entre os mais de 50 jovens atletas atendidos pelo projeto comandado por Cida. A consagração veio ao lado da conterrânea Tainá, com quem faturou o título mundial em Portugal, com sete vitórias em sete jogos, sem nenhum set perdido.
Ciente de que precisará abrir mão de muitas coisas típicas da adolescência para seguir no vôlei de praia, a menina não esconde a vontade de continuar trilhando um caminho vencedor no esporte. Agora, a principal preocupação é conciliar a carreira com os estudos. Disputando o Circuito Brasileiro sub-21 e treinando no CT de Saquarema, além de marcar presença em diversas competições internacionais, a garota viaja constantemente. Graças ao apoio de seu colégio, Duda consegue compensar a frequência irregular na sala de aula com os estudos em casa. A ex-jogadora Cida Santos frisou o compromisso da filha em conciliar vôlei e escola.
– É um pouco complicado. Foi maravilhoso ter uma filha campeã mundial, é uma coisa perfeita. Mas o que eu mais quero é que ela continue estudando. O primeiro semestre foi complicado, porque ela foi para quatro competições mundiais, e não frequentou direito a escola nesse período. Mas estamos tentando adaptar tudo isso. Sem muita pressão, sem impor que ela jogue demais. Ela também tem que passar pelas coisas da adolescência. Mas a Duda é determinada, acho que ela está conseguindo lidar bem com isso. Ela sabe administrar tudo, cumprir os horários, é muito compromissada – elogiou a mãe e treinadora.
O convite para disputar a etapa de Pernambuco do Circuito Brasileiro foi bem aproveitado por Duda. Ao lado da carioca Thaís, Duda estreou contra a dupla formada por Érica Freitas e Neide, e precisou explorar todas as suas habilidades em quadra para chegar à vitória. Após fecharem o primeiro set com facilidade, por 21/11, as jogadoras perderam a parcial seguinte por 23/21, e decidiram o duelo no tie-break, vencido por 20/18. Na segunda partida, veio a pedreira. Duda e sua parceira encararam nada menos que as atuais campeãs Bárbara Seixas e Ágatha, e acabaram sofrendo uma derrota por 2 sets a 0 (21/19 e 21/16). O desempenho da “caloura” rendeu elogios por parte da veterana Ágatha, de 30 anos.
– Eu acho muito legal ver a nova geração, porque infelizmente estamos com poucas meninas novas no vôlei de praia. E então a gente vê a Duda começando agora, jogando muito bem nas categorias de base, e fica muito orgulhosa. Ela é filha de uma jogadora que todo mundo adora, então eu fico muito feliz. Ela está de parabéns, jogou super bem, vai crescer muito ainda, tem raça, não tem medo. É ótima – derreteu-se a paranaense Ágatha.
A presença de Duda também chama a atenção dos jogadores que disputam o naipe masculino. Campeão olímpico em Atenas 2004 e detentor de oito títulos do Circuito Brasileiro, Emanuel ressaltou a importância de renovar o quadro de talentos do esporte brasileiro, e destacou o trabalho técnico realizado por Cida Santos com jovens atletas, incluindo a filha Duda.
– Eu tenho visto a Duda treinando em Saquarema, e dá para perceber que o trabalho de base que está sendo feito com ela é muito bom. Ela está muito segura para jogar entre as atletas profissionais. Com 15 anos, não é comum ter essa maturidade toda. Então, eu acho que a mãe dela tem um papel fundamental nisso tudo. A Cida faz a diferença, por ter sido uma jogadora muito habilidosa, e também por apontar o melhor caminho para a Duda – disse Emanuel, que disputa o Circuito Brasileiro ao lado de Alison.
Enquanto aguarda novo convite para disputar outras etapas da competição principal, Duda volta o foco para a reta final do Brasileiro Sub-21, em que já desponta como uma das favoritas ao título. Ao lado de Tainá, a jovem já venceu as etapas de Cabo Frio (RJ) e Brasília. A competição segue agora para Campinas (SP), de 6 a 8 de setembro, e termina em Curitiba (PR), entre os dias 18 e 20 de outubro.
O SporTV3 transmite ao vivo as semifinais da etapa do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia no Recife, no sábado, a partir das 18h (de Brasília), e também acompanha os jogos decisivos do domingo, a partir das 9h30m.