Fredson Navarro e Joelma Gonçalves, do G1 SE
Mesmo sem ônibus circulando, os manifestantes voltaram às ruas de Aracaju nesta quinta-feira (27) para protestar contra a tarifa e qualidade do transporte público da capital, primeira reivindicação do movimento que foi iniciado há duas semanas em São Paulo e ganhou às ruas de todo o país. O 3º ato começou tímido, de forma pacífica, na Praça Fausto Cardoso com um número reduzido mas foi aumentando quando a passeata foi iniciada na Avenida Ivo do Prado e seguiu pela Beira Mar.
O ato segue de forma pacífica com mais de 1000 manifestantes, de acordo com o Major Paiva, diretor de comunicação da Polícia Militar.
Motoristas e cobradores da empresa Viação Cidade de Aracaju (VCA) decidiram paralisar as atividades novamente na manhã desta quinta-feira. Eles estacionaram os veículos que realizam o transporte coletivo de passageiros nas imediações dos principais terminais de integração da capital sergipana e todos os passageiros foram obrigados a descer dos ônibus e seguirem a pé pelas principais vias de acesso ao Centro e à Zona Sul da cidade. Eles reivindicavam o cumprimento da ordem judicial e o pagamento de ticket refeição no valor de R$ 360, que está em atraso há dois meses, além de férias e horas extras.
Os manifestantes enfrentaram dificuldades para chegar na concentração mas apoiam a paralisação.
“A gente já esperava que hoje teria menos manifestantes por conta do recolhimento dos ônibus. Muita gente das grandes periferias vem de ônibus, mas quantidade presente já é suficiente para lutar por nossos objetivos. Consideramos a paralisação dos rodoviários, legitima, eles também são vítimas assim como os usuários, do sistema que não funciona”, defende Flavio Marcel Menezes Valerio, coordenador de comunicação do Movimento Não Pago, que pede uma manifestação pacifica.
Com relação aos atos de vandalismo registrados na última terça-feira (25), quando uma pequena minoria radical tentou invadir a prefeitura e atearam fogo em um ônibus nas proximidades do Terminal de Integração do Distrito Industrial de Aracaju, Demétrio Varjão, integrante do Movimento Não Pago considera que houve excessos. “Alguns ficaram ainda mais indignados e fizeram atitudes mais excessivas mas isso não teria ocorrido se o prefeito dialogasse com a gente para debater as questões da mobilidade urbana”.
O estudante de Direito, Jorge Alves Junior, participa do terceiro ato consecutivo e questiona a qualidade e cobrança do transporte público. “Se o transporte é publico porque é pago? Já que é pago porque que não presta? Luto pelo futuro do irmão que tem apenas 11 anos”, orgulha-se.
Os motivos se ampliaram e os sergipanos confeccionaram cartazes e estão reivindicando os custos da Copa do Mundo, problemas no serviço público, corrupção, educação e cidadania.
Antes da manifestação, o prefeito de Aracaju João Alves Filho, reduziu a tarifa de ônibus de R$ 2,45 para R$ 2,35. Ele argumentou que a redução foi possível pelo fato de no fim de maio, o Governo Federal desonerar as empresas de ônibus do pagamento de PIS e cofins. O valor da nova tarifa foi aprovado na desta terça-feira por 17 votos a favor contra 5 na Câmara dos Vereadores de Aracaju.
Mas o novo valor não agradou e os manifestantes pedem a revogação da lei. “Por mais que esse fato pareça uma vitória das pressões populares, na realidade não passa de uma falsa redução. A tarifa não foi reduzida, na verdade foi reajustada de R$ 2,25 para R$ 2,35. Com a exclusão dos impostos no cálculo da tarifa, a prefeitura sanou apenas uma das graves irregularidades contidas na planilha de custos da SMTT. Vale lembrar que mesmo com um valor de R$ 2,35, o cálculo tarifário continua incluindo custos inexistentes, sem os quais o valor tarifário real seria R$ 1,92. Lutamos também pelo passe livre dos estudantes e desempregados ”, explica o economista Demétrio Varjão.
Mesmo com o anúncio da redução do preço das passagens do transporte público, os protestos foram mantidos e estão foram realizados em dezenas de municípios e devem continuar nos próximos dias.
Os comerciários de Sergipe decidiram aderir ao protesto e de acordo com o presidente da Federação dos Comerciários, Ronildo Almeida, eles decidiram fechar as lojas no início da tarde e seguiram para às ruas com os colaboradores. “Estamos participando e ajudando a fortalecer essa manifestação que é um ato de cidadania. Os protestos já começaram a mudar o Brasil. Quando o povo se une em torno de um projeto coletivo, o resultado é positivo”, avalia Ronildo Almeida