por Paulo Sousa, do Caju News
Criticado duramente pelo vice-prefeito de Aracaju e secretário geral do PSDB, José Carlos Machado (PSDB), por ter declarado publicamente ser contra o afastamento do prefeito de Aracaju, João Alves Filho, para disputar uma possível candidatura ao governo do estado, o vice-presidente do PSDB, Antônio Neto, que classificou de traição o possível afastamento do prefeito, rebateu as declarações de seu colega de partido.
De acordo com o jovem político, é preciso respeitar a democracia e as opiniões contrárias. Salientando que o partido não pode ter um pensamento único, Neto observou que tem legitimidade para expressar sua opinião por ser vice-presidente da legenda.
“Na democracia é natural ter opiniões divergentes. A minha opinião reflete a minha opinião, mas ela reflete também uma parte do pensamento do partido. Um partido não tem um pensamento único, um partido é feito de posições pessoais que refletem outras posições dentro do partido. Então, eu vejo isso com muita naturalidade. O prefeito da capital em exercício, que é nosso colega de partido, tem todo o direito de se manifestar, assim como eu tenho todo o direito de me manifestar. Na condição de vice-presidente do PSDB eu tenho toda a legitimidade que o partido me trás para expressar as minhas opiniões. É uma opinião minha refletida nos apoios que eu tenho dentro do partido. É claro que o partido não teve nenhuma resolução, não houve nenhuma reunião da Executiva Estadual, mas eu, até pelo cargo que ocupo junto à estrutura partidária, minhas opiniões têm relevo e assim devem ser interpretadas”, defendeu.
Indagado sobre a declaração do vice-prefeito, que em entrevista nesta terça-feira (28), na Megga FM, o orientou a pedir a opinião dos mais experientes do partido antes de fazer qualquer declaração política, Antônio Neto lembrou que estar na vice-presidência do PSDB por um convite pessoal do senador Aécio Neves.
“Essa questão de experiência é muito relativa, o que importa é ver a estrutura do partido. Se eu estou na vice-presidência, aliás, até um dado interessante: eu estou na vice-presidência por um pedido do senador Aécio Neves, por um pedido do secretário geral e hoje tesoureiro Rodrigo de Castro, pela relação próxima demais com Eduardo Amorim. Então, eu represento uma ala do partido que quer o PSDB mais forte, mas que se inclina, isso é legítimo, não tem nada demais, com uma possível candidatura do senador Eduardo. Eu repito: nós somos aliados, aliás, aliadíssimos com o prefeito João Alves, a quem eu quero muito bem, agora é uma opinião de um dirigente partidário dentro de uma estrutura hierárquica alta que ver com bons olhos a candidatura do senador Eduardo”, destacou.
O vice-presidente regional do PSDB afirmou ainda que boa parte dos membros do partido corrobora com o seu pensamento. Segundo Neto, nas visitas que têm feito ao interior do estado o desejo pela candidatura de Eduardo Amorim é real.
“Olha, eu posso dizer que boa parte. Como todos sabem o fato de você integrar uma estrutura partidária lhe obriga a visitar os municípios. No PSDB eu tenho uma relação pessoal com o prefeito Lila, eu tenho uma relação pessoal com a prefeita Gracinha, com a vice-prefeita de Itabaiana, com Anselmo de Glória, com Paulo Cesar de Propriá. Então, eu não estou dizendo que isso é a opinião deles, eu estou dizendo que pelas minhas andanças pelo interior do estado eu sinto que dentro da estrutura do PSDB se ver sim com muitos bons olhos um desejo real de uma candidatura do senador Eduardo”, revela.
Evitando falar em números, Antônio Neto defendeu a unidade do partido para as próximas eleições.
“Eu não arriscaria uma porcentagem porque a porcentagem é matemática e política é arte. Nós estamos trabalhando muito para que o partido saia em unidade. Se você fala em maioria você fala em divisão de partido, e o PSDB acabou de sair de uma Convenção que se prega unidade. E a unidade, como é que se faz? Vendo as posições, as opiniões diferentes dentro do partido para que no momento adequado a gente saia com a posição uníssima, mas é claro que até chegar lá as opiniões devem ser emitidas e é isso que foi feito”, esclarece.
O ocupante da segunda mais importante cadeira do PSDB sergipano voltou a afirmar que uma possível candidatura de João Alves ao governo do estado seria uma traição ao povo que o elegeu para cumprir um mandato de quatro anos. Antônio Neto advertiu: o povo de Aracaju merece respeito.
“O povo de Aracaju merece respeito, o prefeito João Alves merece respeito. Todo o político que se predispõe a exercer um mandato, na minha avaliação ele deve exercê-lo de forma integral. Eu acho que a palavra traição foi interpretada numa forma um pouco açodada. A traição no bom sentido de que é necessário se cumprir todo o mandato porque nós temos muito que fazer por Aracaju. Partido é isso, é divergência de opinião. Vida partidária e democrática é você falar o que pensa e colocar a opinião pública. E nesse sentido nós estamos nesse caminho com muita serenidade e muita tranquilidade em busca de um PSC e um PSDB maior”, concluiu.
Caso João Alves Filho decida concorrer ao governo do estado, José Carlos Machado será o maior beneficiado, já que na condição de vice-prefeito assumiria em definitivo o comando da prefeitura.