Do UOL, em São Paulo
O jornalista Ruy Mesquita, diretor de “O Estado de S. Paulo”, morreu nesta terça-feira, às 20h40, em São Paulo. Ele estava internado no hospital Sírio-Libanês desde 25 de abril, após ser diagnosticado um câncer na base da língua, segundo informações do jornal.
Ruy Mesquita foi o responsável pela seção de opinião do Estadão desde a morte do irmão Julio de Mesquita Neto, em 1996. De acordo com o jornal, o jornalista manteve sua rotina de trabalho até a véspera da internação, se reunindo com os editorialistas para definir as “Notas & Informações” da página 3 do jornal.
O jornal afirma ainda que Ruy mantinha hábitos reclusos, dividindo o tempo entre o jornal e a casa, onde se dedicava a leituras.
O jornalista deixa a mulher Laura Maria Sampaio Lara Mesquita, os filhos Ruy, Fernão, Rodrigo e João, 12 netos e um bisneto.
Em nota oficial, a presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou que “Ruy Mesquita foi um homem de convicções”. “Diretor do jornal ‘O Estado de S. Paulo’, criador do inovador Jornal da Tarde, Doutor Ruy – como era conhecido – foi símbolo de uma geração da imprensa brasileira. Neste momento de dor, presto a minha solidariedade à família e amigos”, afirmou a presidente, no texto.
O presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), também divulgou nota na noite desta terça para lamentar a morte de Ruy Mesquita.
“Lamentamos profundamente a morte do Dr. Ruy. Ele nos deixa como legado a luta em defesa da liberdade de expressão e da democracia, valores que o ‘Estado de S. Paulo’ ajudou a construir no nosso país. O Brasil vai sentir sua falta. Perdemos um grande brasileiro.”
Biografia
Nascido em São Paulo em 16 de abril de 1925, Ruy era neto de Julio de Mesquita, um dos primeiros jornalistas do Estadão, que posteriormente virou proprietário do jornal. O pai de Ruy, Julio de Mesquita Filho, ocupou a posição do pai após a morte dele.
Ruy Mesquita iniciou o jornalismo como repórter em 1948. Desde então ele ocupou os cargos de redator, editor de Internacional e diretor do Jornal da Tarde, que foi fundado 1966 e extinto no ano passado. Em 1996, após a morte do irmão Julio de Mesquita Neto, Ruy assumiu a direção da publicação.
Segundo o Estadão, Ruy “reuniu-se com militares antes do golpe de 1964, que apoiou, em nome da defesa da democracia, mas, assim como seu pai e seu irmão, também passou a criticar a ditadura, uma vez instalada”.
Durante a ditadura militar (1964 a 1985) o Estado foi alvo de censura prévia. Para desafiar o regime, Ruy, junto com o pai e o irmão, decidiu que o periódico deveria publicar poesias, como “Os Lusíadas”, de Camões, e receitas de bolos e doces no espaço dos textos censurados.