“O João de sempre”
Por Almeida Lima, deputado federal
O mesmo de sempre, não poderia voltar diferente! João é o “cabeça feita”. Ele é o “sabe tudo” e o “faz tudo”. Mudar conceitos e evoluir, nem pensar. João é mestre. Ele fez escola. Tem até seguidores. Por mais que diga que se reciclou, que se modernizou, que viajou pela Europa e pelo mundo, nada de novo aprendeu. É o mesmo João retrógrado e destruidor do meio ambiente, da beleza natural.
Esse João é o mesmíssimo daquele de 1975 que, quando prefeito de Aracaju, conseguiu enganar a sociedade levando-a a acreditar que faria da Coroa do Meio um Bairro Modelo. E o que fez? – Cometeu o maior crime ecológico ao aterrar toda a península. A única reação foi a ira do mar que exigiu de volta o leito da área de manguezal e da área de restinga por onde ele, o mar, antes do aterro, se espraiava durante as marés altas, num fluxo e refluxo a levar e a trazer vida à natureza bela que ali existia. Numa sequência de erros e crimes contra a natureza, João começou uma briga contra o mar enterrando milhões e milhões de dólares em pedras, num molhe de contenção, cuja consequência foi destruir a paradisíaca praia de 4 quilômetros de areias brancas, sem evitar a destruição das ruas, avenidas e casas já construídas e, na Atalaia Nova, a destruição de todas casas.
Agora, 38 anos depois, volta o mesmo João para cometer os mesmos crimes ecológicos e dilapidar o dinheiro público, caso não seja contido em sua fúria. A encenação enganosa está em curso. Ao assumir o cargo, em janeiro, João inventou a história do perigo na área e alterou até o percurso do Pré-caju somente para chamar atenção, sem necessidade. Rachaduras em asfalto existem em toda Aracaju, mas, nem por isso, o povo está em perigo. No local o asfalto não cedeu, a balaustrada está intacta e o muro de contenção de pedras está resistindo e sem qualquer erosão. Crítica é a situação da Avenida Ivo do Prado e da calçada que margeia o rio. Ali há afundamentos no asfalto e na calçada, mas, nem por isso, o João “cuidadoso” se deu conta.
Há um fato que precisa ser dito e bem fiscalizado: por que João quer executar essa obra sem licitação? Não há urgência que justifique a dispensa de licitação. Trata-se de uma obra vultosa e já anunciada para cinco milhões de reais, isso inicialmente, pois, com certeza, advirão as “surpresas da obra” como sempre acontece nas obras de João a exigir aditivos, sobretudo nessa que é embaixo da terra e da água e que, duvido, tenha Projeto Executivo com seus quantitativos.
Agora, não apenas como cidadão, mas, sobretudo, como deputado federal, eu chamo a atenção do Tribunal de Contas de Sergipe para uma verificação urgente e, preventivamente, saber das reais intenções da administração municipal em relação ao tratamento jurídico, administrativo e financeiro que pretende dar a essa obra.
Como se apregoa que os tempos são outros, que agora existe uma consciência ambientalista que não havia há quatro décadas, espera-se que, pelo menos, parte da sociedade não comprometida e não alienada se contraponha. Exige-se mesmo dos órgãos ambientais que tomem a dianteira e diga “basta” a essa fúria destruidora de João Alves. Exige-se, sobretudo, das promotorias especializadas em meio ambiente, tanto do Ministério Público Estadual quanto do Federal, posições claras e públicas, após análise criteriosa do que ele pretende fazer.
Ao tempo em que parabenizo a Genival Nunes, Secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, por não ter autorizado a realização da obra, mais uma vez chamo atenção do Ministério Público Estadual e do Ministério Público Federal para que não cometam o crime da omissão e exerçam o direito de ter conhecimento do projeto a fim de abrir a necessária discussão com a sociedade, por suas entidades, impedindo que se enfie goela abaixo um projeto e uma obra mal feitos como João Alves sempre fez com tantos outros projetos danosos ao meio ambiente. Ou os tempos não são outros?
Vale lembrar às novas gerações e a tantos que darão a essa obra o tratamento do interesse partidário em prejuízo da sociedade, que o choque das águas contra a balaustrada na intensidade em que se verifica é consequência do aterro que o próprio João Alves fez na Coroa do Meio, quando prefeito em 1975. Com o aterro, as marés altas foram impedidas de se espraiar e a consequência foi ela reocupar a área até antes da construção do molhe com pedras que destruiu por completo a fisionomia de beleza que ali existia. Apesar dos milhões de dólares enterrados em forma de pedras, a fim de impedir que o mar retomasse o que lhe pertencia, não deu outra, o mar veio bater na balaustrada da Beira Mar. Afinal, a maré precisa de espaço e só João Alves é que não entende isso. O resultado tá aí. Será que é difícil compreender?
E agora o que João quer fazer? Aterrar novamente a área que é do rio e do mar. Ou seja, João quer ocupar, com mais aterro, o espaço que pertence ao mar. O mais grave é que já se percebe a conivência de uns, a omissão de outros e a alienação de muitos. Daqui a pouco, por sobre o aterro João faz um calçadão belíssimo e, novamente, será aplaudido pela massa alienada até a próxima destruição. Mas aí já será para a próxima geração…
Avisei…, e esse é o João de sempre!
Almeida Lima é deputado federal pelo PPS/SE