por Iracema Corso – Ascom/CUT-SE
Um ato plural e repleto de militantes e dirigentes dos 88 sindicatos filiados à Central Única dos Trabalhadores (CUT/SE) fez valer o Dia Internacional dos Trabalhadores, 1º de Maio, celebrado por reivindicações e marchas de trabalhadores por todo o mundo e, em Sergipe, marcado pela manifestação conjunta de diferentes bases sindicais e grupos artísticos e culturais presentes na manhã desta quarta-feira, em frente aos arcos da Orla da Atalaia, em Aracaju.
Neste 1º de maio, centenas de militantes da CUT não descansaram, mas foram às ruas para lutar pela abertura de concurso público para fiscais do trabalho do Ministério do Trabalho e da Previdência Social; pela redução da jornada de trabalho para 40 horas sem redução salarial; pelo fim do Fator previdenciário que reduz o salário do trabalhador ao se aposentar; por mais investimentos federais para a saúde, educação, reforma agrária e urbana; por educação e saúde publicas de qualidade social para a filha e o filho dos trabalhadores; por condições de Segurança no Trabalho; pelo fim do Assédio Moral no Trabalho e do Imposto sindical.
A aprovação da PEC do Trabalho escravo, para que sejam confiscadas as propriedades onde existe trabalho escravo e destinadas à reforma agrária ou uso social urbano; e o cumprimento da convenção 158 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) determinando que demissões por empresas devem ser motivadas por justa causa, e assegurando garantias e direitos dos trabalhadores dentro do ordenamento jurídico; assim como da convenção 151 da OIT que estabelece o princípio de negociação coletiva entre os trabalhadores públicos e os governos municipal, estadual e federal, fortalecendo as entidades na participação ativa para ampliação e o respeito por melhores condições de trabalho foram outras pautas defendidas pela CUT neste ano
O presidente da CUT/SE, Rubens Marques, o professor Dudu, enfatizou que o trabalhador e a trabalhadora não devem lutar de forma isolada e solitária pelas pautas de sua categoria.
“A Central Única dos Trabalhadores tem feito a diferença justamente por abraçar uma pauta ampla. Então questionamos ações do Poder Judiciário contra os movimentos sociais, contra o MOTU, propondo que os desembargadores, além de passarem nos concursos públicos, sejam referendados pela população, como ocorre em outros países da América Latina. A CUT cobra a instalação da Comissão da Verdade para apurar os crimes da Ditadura Militar, e um marco regulatório para a comunicação, pois precisamos acabar com o latifúndio comercial dos meios de comunicação, onde um grande bloco de comunicação é dono de várias empresas. Assim, só eles decidem quem tem voz neste país, e o trabalhador precisa ter direito de se expressar nos veículos de comunicação”, apontou.
Durante o ato, a CUT recolheu assinaturas em apoio à Democratização dos Meios de Comunicação, uma pauta que vem sendo levantada pela CUT em âmbito nacional. “São famílias que dominam os meios de comunicação no Brasil. Em cada Estado o grupo dos donos de empresas tem um só sobrenome”, protestou Paulo Victor, do Coletivo Intervozes.
O vereador e professor Iran Barbosa (PT), que assinou a petição, parabenizou a CUT de Sergipe pelo ato e pelas ações e defendeu a continuidade da luta para conquistas mais efetivas para a classe trabalhadora, além da necessidade de continuar na luta por pautas internacionais e nacionais.
“A atual gestão municipal da prefeitura de Aracaju investe contra o servidor municipal quando toma uma postura de monólogo e decide conceder o reajuste de 5%, sem dialogar com os sindicatos, desrespeitando a data-base de janeiro. Alertamos também que uma parte do salário do trabalhador está sendo retirado do seu bolso e vai parar no bolso dos donos de empresas de ônibus, que volta a ser debatido na Câmara de Vereadores. O prefeito já enviou o projeto. Então, temos que estar juntos e mobilizados contra o aumento da passagem dos ônibus. Colocamos nosso mandato à disposição dos trabalhadores na Câmara Municipal ou em qualquer outro espaço”, afirmou o companheiro Iran Barbosa.
Direitos Humanos
A proposta que tramita no Congresso para a redução da maioridade penal também foi discutida no ato do 1º de Maio da CUT, assim como o preconceito social que é disseminado sobre a luta em defesa dos direitos humanos. “Os direitos humanos são conhecidos como direitos de bandidos, pois esta foi uma forma de desmoralizar o movimento social, algo que tem origem no período da Ditatura Militar que instaurou esta cultura da tortura na sociedade. É algo que precisa ser superado para que a sociedade compreenda a importância da defesa dos direitos humanos e não seja cumplice de tortura, prisão, violência e assassinato de pobres”, argumentou Lídia Anjos do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH).
A deputada Ana Lúcia (PT) saudou a todos os homens e mulheres presentes que lutam por justiça social, no campo e na cidade, no dia 1º de maio e em todos os outros dias. A deputada alertou a todos sobre o risco da criminalidade no município de Poço Verde e também sobre os quilombolas da Comunidade de Resina, em Brejo Grande, que correm o risco de perder suas 72 tarefas de terras já plantadas por conta de decisão judicial desfavorável aos quilombolas.
“Precisamos estar juntos e mobilizados para lutar todo dia. Os jovens de Poço Verde estão sendo vítimas do abandono do Estado e falta de políticas públicas. Eles precisam de cultura e educação para construir uma vida nova. Então não podemos estar reproduzindo discursos reacionários de quem pensa que a solução da criminalidade é matar o jovem”, observou.
Da mesma forma a companheira Dalva, do movimento por moradia digna MOTU, pediu presença da militância nos atos públicos por moradia. “Trator e polícia é que recebem as famílias do MOTU que estão em luta por moradia. Nenhum outro órgão do governo ou da prefeitura vai às ocupações”, denunciou.
Na luta por uma educação pública, gratuita e de qualidade, pelo investimento de 10% do PIB para a educação, e na defesa do cumprimento da lei do Piso Salarial do Magistério, a professora Ângela Melo defendeu que é possível implementar um projeto de Escola Democrática Popular.
Estiveram presentes do ato do Dia do Trabalhador dirigentes do Sindimed, Sintese, Sindijus, Sindiminas, Sindicato das Trabalhadoras Domésticas, Sinditic, Sinergia, Sindisan, Sindasse, Sindijor, Sintufs, Sindiprev, STASE, Grupo Atitude, Grupo de Oposição ao SINTRASE, Levante Popular da Juventude, SINDIBAM, além dos Sindicatos dos Servidores de Indiaroba, de Umbaúba, de Propriá, de São Francisco, de Pedrinhas e de Nossa Senhora do Socorro, MST e MOTU.
Cultura e Política
A apresentação dos grupos artísticos foi um dos pontos importantes na construção do ato. O Grupo Tambores da Esperança, da cidade de Estância, animou a mobilização com músicas de luta. O hip-hop do grupo Stance of Street impressionou pelo figurino e performance tratando da violência e questionando a divisão social estabelecida entre ‘bandidos e mocinhos’.
O Grupo Teatral IACENA (Instituto de Artes Cênicas de Aracaju) tratou de situações do dia a dia vivenciadas pelas várias categorias presentes. Durante a encenação, os artistas envolvidos no ‘saco da história’ são questionados com perguntas como: ‘por que é que os assistentes sociais e psicólogos não são tratados como profissionais da saúde?´. Com apresentação musical, intercalando os esquetes teatrais, os atores levaram todos os sindicalistas presentes a cantar juntos, entre outras, a música de Edson Gomes.
“Vamos amigo lute, vamos levante e grite, senão a gente acaba perdendo o que já conquistou. Vamos amigo lute, vamos amigo ajude, vamos levante e grite, vamos levante agora. A luta não acabou e nem acabará. Só quando a liberdade raiar”.