As 23 torres, de 100 metros de altura cada, que constituem a Usina de Energia Eólica (UEE) Barra dos Coqueiros formam uma paisagem admirável aos olhos de quem passa às margens da Rodovia SE-100, no município sergipano. Espalhadas numa área de 300 hectares mais do que encantar por sua bela e imponente imagem, o Parque Eólico, inaugurado pelo governador Marcelo Déda e pela presidenta Dilma Rousseff no início da tarde desta terça-feira, 29, é um marco para produção energética do estado. Antes, Dilma e Déda inauguraram a ponte Gilberto Amado, que liga os municípios de Estância e Indiaroba.
As necessidades relativas à segurança energética e mitigação das alterações climáticas têm levado empresas e governos, ao redor do mundo, a buscar novas alternativas relacionadas à produção de energia. Em Sergipe, a primeira Usina Eólica sergipana terá capacidade para produzir 34,5 megawatts, o que representa energia suficiente para abastecer uma cidade com 120 mil habitantes. Esta energia – gerada a partir da força dos ventos – é abundante, renovável, limpa e produzida através dos 23 aerogeradores instalados nas torres, os quais captam as forças dos ventos por meio das hélices ligadas a uma turbina que aciona um gerador elétrico.
“Essa construção na Barra dos Coqueiros pode abastecer qualquer município sergipano através de energia limpa, com exceção da capital Aracaju e de Nossa Senhora do Socorro”, disse Marcelo Déda ao comparar a capacidade de produção da usina à quantidade de energia consumida pelas populações de cada interior sergipano, onde o número de 120 mil habitantes só é ultrapassado nos dois municípios citados por ele.
Em seu discurso, Déda falou ainda da importância do empreendimento para a contribuição de Sergipe em relação à produção e diversidade de fontes energética no Brasil. “O Brasil é um País que oferece segurança energética. Seguindo a mesma linha, Sergipe produz energia termoelétrica, a partir da biomassa das usinas da cana de açúcar; etanol; gás natural; petróleo; 14,44% da energia hidrelétrica do Nordeste, dividindo com Alagoas e a Usina de Xingó, e agora produzimos, também, energia eólica. Então, agora, com a Desenvix, Sergipe se consolida como produtor de energia, abrindo para os empresários as possibilidades de se investir aqui, porque o insumo fundamental que é energia, nós temos”.
Já a presidenta Dilma Rousseff lembrou que investir na diversidade de produção energética fazia parte das metas e reformas iniciadas há dez anos, no início do Governo Lula, para que o País pudesse ter a segurança energética que apresenta hoje. “Ter energia significa garantir que o País cresça. Desde o início do Governo Lula, quando fui do Ministério de Minas e Energias, nossa preocupação era assegurar energia para o Brasil a curto, médio e longo prazo. E a Usina Eólica, além de gerar energia limpa, é algo bonito de se ver. O estado de Sergipe está contribuindo com as reservas de energia para o Brasil. Com mais essa contribuição da usina sergipana, o Brasil tem energia suficiente para assegurar o grande crescimento das oportunidades”, reforçou Dilma.
A respeito da segurança energética do Brasil, questão muito comentada nas últimas semanas no país Déda, ressaltou que o Brasil é hoje um país que oferece segurança energética ao contrário do que alguns tentam pregar. “A partir de 2003, a palavra apagão pertence a um dicionário que foi jogado no lixo pela responsabilidade política e capacidade de gestão do presidente e das autoridades do setor elétrico”, afirmou.
Sobre a mesma perspectiva o ministro de Minas e Energias, Edson Lobão, criticou “o tsunami de desinformação” que foi propagado nas últimas semanas a respeito do sistema elétrico brasileiro e a presidenta Dilma reafirmou o seu pronunciamento da semana passada, garantindo a redução de 18% na conta de energia para o consumidor doméstico e 32% para o consumidor produtivo e que não irá faltar energia para o Brasil crescer.
O Parque Eólico
Fruto de um investimento total de R$ 125 milhões, com investimentos do Banco de Desenvolvimento da China – China Development Bank (CDB), a Usina de Energia Eólica é um empreendimento do grupo Engevix. O Governo do Estado apoiou a iniciativa através do Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial (PSDI) com a concessão de incentivo locacional, disponibilizando a área de 300 hectares, vizinha ao Porto de Sergipe.
A UEE Barra dos Coqueiros comercializou sua energia no primeiro leilão exclusivo de energia eólica do Brasil. A energia será contratada pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) como energia de reserva por um prazo de 20 anos.
Os estudos para implantação foram iniciados em 2008. Já as obras começaram em outubro de 2011 e a instalação das turbinas em abril de 2012. Os critérios para escolha de Sergipe foram os seguintes: o potencial de ventos do local, que garante a produção de energia e torna o parque economicamente viável; as facilidades logísticas em razão da proximidade com o porto de Barra dos Coqueiros; e o fato de o local da usina estar inserido no plano de desenvolvimento da Companhia de Desenvolvimento Industrial e de Recursos Minerais de Sergipe (Codise), num local previamente destinado à implantação de projetos.
O Parque Eólico é controlado pela Desenvix, que tem como sócios a empresa de engenharia Jackson Empreendimentos, a norueguesa SN Powere, e a Funcef, Fundação de Previdência Complementar dos Funcionários da Caixa Econômica Federal. A operação de financiamento foi a primeira na modalidade de “project finance” realizada pelo banco chinês no mundo. O financiamento obtido com o CDB tem prazo de 15 anos e será amortizado em 29 parcelas semestrais. A empresa pagará juros de 5,1% ao ano mais a variação da taxa interbancária de Londres (Libor).
Para o chefe do Executivo estadual, o parque eólico, representa um grande passo no que diz respeito ao crescimento do estado alinhado à busca de alternativas para o desenvolvimento sustentável. “Eu, na menor unidade da federação, me sinto orgulhoso de ver essas torres girando para que essa energia limpa chegue ao estado de Sergipe. Energia, que será no futuro, uma das grandes matrizes para a nossa luta contra o aquecimento global e cumprimento dos compromissos assinados nas reuniões e conferências ambientais mundiais”, explicou Déda.
Agência Sergipe de Notícias