Mais de R$ 52 milhões em dívidas e 11 toneladas de materiais e medicamentos vencidos encontrados no estoque, acumulados em várias gestões. Estes foram os principais dados apresentados pela secretária municipal de Saúde, Goretti Reis, durante entrevista coletiva realizada nesta terça-feira, 22. Acompanhada pelo secretário adjunto, Petrônio Gomes, e por coordenadores, Goretti ressaltou que os dados também são preocupantes na Coordenação de Assistência Farmacêutica, diante da falta de medicamentos para a população.
Segundo Goretti, que iniciou a administração no mês de janeiro, foram encontrados mais de R$ 52 milhões em dívidas, sendo R$ 30.877.950,47 em restos a pagar e cerca de R$ 21.863.091,96 de despesas do exercício anterior. “Precisamos quitar o débito com prestadores, honrar compromissos com o cidadão e, mesmo diante dos problemas, buscar medidas de emergência para a implantação de novas propostas, projetos e soluções”, destacou.
Quanto às 11 toneladas de medicamentos e materiais, Goretti explicou que a incineração destes produtos significa altos custos para a Prefeitura de Aracaju, pois cada quilo a ser queimado custa em média R$ 13. Para ela, faltou cuidado e planejamento das gestões anteriores.
Sobre a dívida do Governo do Estado com a SMS, Goretti não descarta a possibilidade de ingressar com uma ação na Justiça para que seja feito o repasse pendente, que é de mais de R$ 23 milhões. “O Governo vem tentando parcelar o pagamento em 12 meses, mas o prazo oferecido é muito longo para uma secretaria com tantos débitos”, destacou.
Durante a coletiva, a secretária apresentou dados preocupantes obtidos na Coordenação de Assistência Farmacêutica. Dos 305 itens padronizados na tabela do SUS, desde o dia 1º de janeiro, 76 medicações estão em falta no estoque da SMS, o que corresponde a 25% dos itens padronizados. “Já iniciamos compra emergencial para itens em situação crítica, mas existem medicações pendentes, sem ação ou com desacertos em pregões anteriores”, afirmou Goretti.
Estrutura
A necessidade de reformas e adequações nas Unidades de Saúde da Família (UBS), Urgências e Centros de Atenção Psicossocial também foram discutidas. Dos planos para a construção de 12 novas UBS, existem pendências em 60% dos projetos arquitetônicos, como a falta de planilhas orçamentárias, recursos e definição de terreno para aquisição do município.
“Temos ainda questões pendentes, como prédios desestruturados e até mesmo sucateados, como é o caso do Centro de Controle de Zoonoses. São problemas sérios que comprometem a qualidade no atendimento à população, bem como a atuação dos profissionais da SMS”, afirmou a secretária de Saúde.
Danos ao patrimônio em setores como a Divisão de Transporte da SMS também foram apresentados. Da frota, composta de 61 carros próprios da Secretaria Municipal de Saúde, apenas 38 veículos estão funcionando. Existem 12 veículos parados no pátio da SMS, sendo viável o conserto de apenas um. “Outros 11 carros estão em oficinas sendo viável o conserto de apenas três. Até donos de oficina se recusam a fazer conserto e relatam que a SMS possui dívidas anteriores”, observou a secretária.
A secretária informou prioridades e propostas da gestão, como diminuir a discrepância na relação oferta/demanda dos procedimentos médicos. “Buscaremos otimizar os recursos disponíveis e buscar novas alternativas de financiamento junto ao Ministério da Saúde (MS) e Secretaria do Estado da Saúde (SES). Além disso, planejamos ampliar as equipes de especialidades e reestruturar a política de Atenção da Rede Hospitalar, reestruturar o espaço físico, além da manutenção e aquisição de alguns equipamentos das Unidades de Urgência, reestruturação do Núcleo de Controle, Auditoria, Avaliação e Regulação (NUCAAR) e rever as funções do Serviço de Reabilitação Física e Motora (Serfismo),” finalizou.
Agência Aracaju de Notícias