Mais uma base do Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi invadida em Sergipe. A última ocorrência aconteceu por volta das 3h da madrugada deste domingo, 13, em Nossa Senhora do Socorro. A base está instalada em uma área próxima à Delegacia de Polícia e foi desativada no início da manhã deste domingo após o tumulto.
Uma ambulância, que funciona como Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) foi depredada e uma pessoa ficou ferida em suposto tiroteio ocorrido nas proximidades, o que teria motivado a invasão à base do Samu, segundo informou o presidente do Sindicato dos Condutores de Ambulâncias do Estado de Sergipe (Sindconam), Adilson Ferreira Melo. A pessoa ferida não foi identificada e teria sido encaminhada a um hospital por policiais militares.
De acordo com o presidente do sindicato, durante o suposto tiroteio uma pessoa foi atingida por um tiro e, para que o paciente pudesse ser atendido de imediato, populares se aproximaram da base, com ar de revolta. No primeiro momento, as pessoas arrombaram o cadeado do primeiro portão. Os vigilantes, que estão trabalhando desarmados, recuaram e conseguiram fechar o segundo portão que dá acesso aos cômodos onde a equipe descansa.
Na confusão, uma das pessoas teve acesso a uma cadeira que estava na parte externa da base e lançou-a contra um dos veículos, danificando o para-brisa de uma ambulância. Policiais da 2ª Companhia do 5º Batalhão da Polícia Militar foram acionados, houve pedido de reforço e os condutores recolheram as três ambulâncias para a Central de Regulação Médica de Urgência, em Aracaju. A base do Samu no município permanece fechada.
Dados do sindicato indicam que esta é a quarta base do Samu desativada em função da violência. Também estão fechadas, segundo o sindicato, as base de Laranjeiras, Itabaianinha e Riachuelo. “Inclusive, a base de Socorro que está atendendo Laranjeiras não teve condições de atender a um rapaz que tomou um tiro na cabeça na festa de Laranjeiras nesta madrugada porque justamente no mesmo horário a base de Socorro estava sendo invadida”, informou Adilson Ferreira.
De acordo com informações do presidente do sindicato, já ocorreram seis assaltos à base do Samu. Em dois deles, o alvo foram os vigilantes: duas armas foram roubadas. E, diante de outras ocorrências, foi firmado acordo, segundo Adilson Ferreira, para que vigilantes trabalhassem desarmados.
Nota
A Secretaria Estadual de Saúde se manifestou sobre o ocorrido na base do Samu em Socorro por meio de nota. Leia a íntegra da nota.
“Sobre o ocorrido na base do Samu em Socorro, a coordenação médica esclarece a ligação foi recebida às 3h38 e às 3h48 a ambulância saiu da base para o local do chamado. A ambulância já tinha sido saído, mas diante da depredação e ameaças da população na base, quando moradores, inclusive, quebraram o parabrisa da unidade de suporte avançado, as equipes se sentiram ameaçadas e chamaram a polícia suspendendo o atendimento. O segurança que trabalha no local conduziu os funcionários para a parte interna para garantir a integridade das equipes até a chegada da polícia, impedindo agressão física aos funcionários. O serviço na base que foi desativado durante a madrugada por conta da violência da comunidade, está sendo normalizado, unidades retornando ao local”.
Na nota, a SES informa que a procuradoria jurídica foi acionada. “Quanto à Laranjeiras, o atendimento estava sendo feito independentemente da base de Socorro, já que o Samu tinha unidade no local específica para o evento. Foram fatos lamentáveis como este de Socorro que levaram à desativação temporária da base de Laranjeiras depois que moradores depredaram patrimônio”, diz a nota.
“Sobre as bases do Samu – continua a nota – a Fundação Hospitalar de Saúde está concluindo o planejamento de reestruturação das bases do Samu no Estado. Esse planejamento leva em consideração a melhoria do tempo resposta no atendimento à população, inclusive com a aquisição de novas ambulâncias. É preciso esclarecer, ainda, que em cenas violentas, a exemplo de tentativas de homicídio, a equipe do Samu só vai quando a situação estiver controlada e a segurança garantida pela polícia”.