“Lata d’água na cabeça, lá vem Maria, lá vem Maria”. Não, não é carnaval, mas a marchinha momesca antecipa a realidade que está sendo vivenciada pelos moradores de São Cristóvão – 4ª cidade mais antiga do Brasil –. Há exatos 40 dias, praticar atividades comuns como lavar roupas, louças e até mesmo tomar banho, se tornou algo raro para boa parte da população são-cristovense, que sofre com a escassez do líquido precioso.
E de acordo com atual gestor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), José Augustinho, o problema se agravou por falta de planejamento dos administradores do município, na gestão do ex-prefeito Alex Rocha (PDT). O órgão responsável pela distribuição da água na cidade deixou faltar uma peça da bomba denominada “rotor”, escasseando o líquido em São Cristóvão.
“Nós já estamos providenciando a compra da peça. O problema é que este artefato da bomba só se encontra fora de Sergipe, em São Paulo, e como não havia maquinário reserva, teremos que esperar mais uns 10 dias para regularizar o abastecimento de água no município”, explica José Augustinho, atual gestor do SAAE, indicado pela prefeita Rivanda Batalha.
Sem ter como esperar, os moradores estão recorrendo à comunidade da “biquinha”, num minador existente no bairro Colônia dos Pintos e onde brota água da natureza em abundancia. E para transportar o líquido em grande quantidade do local até as residências, os sãocristovenses têm utilizado carros, motocicletas, carroças e até animais.
É o que relata a funcionária pública Eurides Maria de Araújo. “Cada um se vira como pode. No meu caso, tenho contado com a ajuda de um rapaz, que reside próximo a minha casa, para encher os galões em uma fonte. A água que pegamos lá é utilizada para lavar roupas, para a higienização da casa e para o banho”, conta.
Dona Eurides expõe que, diferente de outras localidades do município, em sua rua, que fica na Cidade Alta, a escassez de água perdura por 10 dias. Mas em outras vias, a falta do líquido castiga os moradores.
“A situação acaba se tornando engraçada porque, enquanto na minha casa não chega sequer uma gota d’água na torneira, na do meu colega, que reside na outra rua, é possível encontrar água na caixa por volta das 3h. Em casos como esse, as pessoas ficam acordadas até tarde para conseguir encher, pelo menos, um balde”, descreve Eurides.
Com a sãocristovense Elizabete de Assis Santana Lima não é diferente. Ela, que reside na Rua Boa Viagem, localizada no Centro Histórico, tem padecido com a falta d’água na cidade. A única alternativa, segundo diz, é comprar o líquido, tanto para beber, como para utilizar nos afazeres.
“Tenho comprado quatro tonéis de água, a R$ 25 cada, para cuidar da casa e do banho. Para beber, recorro a garrafas de água mineral, compradas nos supermercados. Para não ficar sem água em casa, tenho gastado mais de R$ 100 por semana. É muito, mas para amenizar o sofrimento, é o que pode ser feito”, desabafa Elizabete.
Elton Coelho – Assessoria de Comunicação