No sábado (1º), miss Jataí não resistiu a implante de silicone, em Goiânia.
Família começou a prestar depoimento; cirurgião deve ser ouvido na sexta.
Em nota enviada à imprensa nesta quarta-feira (5), Rogério Morale de Oliveira, o médico responsável pela cirurgia da modelo Louanna Adrielle Castro Silva, negou qualquer tipo de negligência no procedimento cirúrgico que terminou com a morte da jovem. Louanna era de Jataí, no sudoeste de Goiás, e se submeteu a procedimento cirúrgico no sábado (1º) para colocar prótese de silicone nos seios. “Posso afirmar que em nenhum momento houve negligência ou imperícia de minha parte ou de qualquer outro componente da equipe médica”, disse o cirurgião.
No último mês de maio, Louanna, de 24 anos, foi eleita Miss Jataí Turismo. Segundo a família, ela sonhava com a cirurgia. No dia do procedimento, a jovem sofreu duas paradas cardíacas. De acordo com a família, o pré-operatório foi realizado em uma clínica de Jataí, mas a cirurgia aconteceu no Hospital Buriti, no Parque Amazônia, em Goiânia. A família alega que Louanna tinha arritmia cardíaca.
No entanto, o advogado do médico, Carlos Marcio Rissi Macedo, informou ao G1 na tarde desta quarta-feira que os exames pré-operatórios realizados antes da cirurgia não contraindicavam o procedimento. “Ela também assinou um termo de consentimento em que se mostrou ciente do risco e negou ter qualquer doença”, afirmou Rissi. De acordo com ele, o documento está resguardado por sigilo médico.
O que também revolta a família é que o documento de encaminhamento do corpo para o Instituto Médico Legal (IML), feito pelo hospital onde a jovem faleceu, estaria afirmando que Louanna era usuária de drogas. De acordo com Rissi, no termo de consentimento a miss também negou o uso de qualquer tipo de entorpecente.
Sem Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Buriti, onde ocorreu a cirurgia, a jovem teve de ser encaminhada para outra unidade médica, em outra região da cidade. Segundo o marido da modelo, Giuliano Cabral, o médico não teria esclarecido que a UTI não ficava no hospital: “Na verdade, ele falou que a gente tinha duas opções. Ele operava aqui em Jataí ou em Goiânia. Preferimos Goiânia justamente por causa da UTI, mas ele não explicou que a unidade não tinha UTI. Pelo contrário, ele nos disse que estava tudo tranquilo”.
Sobre a falta de UTI na unidade, o advogado de Morale alega que modelo estava ciente. “A própria Louanna pediu que a cirurgia acontecesse em um hospital perto da casa dela [Louanna também tinha casa em Goiânia]. Ela sabia que não tinha UTI. E embora não tivesse, a unidade tem todo o aparato de UTI”, alega Rissi.
Funcionária pública
Na nota enviada à imprensa, Morale também falou sobre a morte da funcionária pública Raila Silva Leal Carvalho, de 32 anos. Ela faleceu em junho deste ano após fazer um procedimento de lipoaspiração em um hospital particular de Jataí. A cirurgia também foi realizada pelo cirurgião que operou Louanna.
“Neste episódio, uma paciente, durante cirurgia de lipoescultura, teve complicações após o enxerto de gordura nos glúteos”, alegou Morale. De acordo com a nota, a causa da morte ainda está sendo investigada.
Investigação
Os familiares da modelo começaram a prestar depoimento no 13º Distrito Policial de Goiânia na manhã desta quarta-feira. Estiveram no DP o pai, a mãe, o irmão e o marido da miss.
De acordo com a delegada responsável pelo caso, Mirian Aparecida Borges de Oliveira, os laudos são imprescindíveis para o andamento da investigação. “O que me chamou a atenção é que a mãe disse que há alguns meses a filha começou a sentir dores no peito e até desmaiou. Então, precisamos do resultado dos laudos para saber o que ela tinha”, afirmou a delegada.
A previsão é de que o médico seja ouvido na próxima sexta-feira (7). As equipes médicas que assistiram a jovem nos dois hospitais também devem ser ouvidas.
Do G1 GO