Marina Fontenele – G1 SE
Viúva do motorista passou mal e teve que ser levada para o hospital.
“Os pontos obscuros foram esclarecidos”, garante delegada.
A reconstituição do crime que resultou na morte de um homem dentro do Shopping Jardins em Aracaju, Sergipe, foi feita na manhã desta segunda-feira (3). Delegada, promotora de Justiça, peritos, advogados e envolvidos no homicídio que aconteceu em 11 de fevereiro deste ano participaram da simulação dos fatos. O procedimento demorou cerca de quatro horas para ser concluído e o laudo pericial deve sair nos próximos 15 dias.
O Ministério Público do Estado solicitou a reconstituição para confrontar as versões dos envolvidos no crime e das testemunhas. “Nos ajudou a esclarecer como foi a dinâmica dos fatos. Já a autoria do homicídio, que foi definida durante o inquérito, continua incontestável”, explica delegada a Theresa Simony Nunes Silva, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
O motorista Leidson Reis dos Santos, 38 anos, se envolveu em uma confusão no shopping e morreu após ser agredido com um golpe conhecido como ‘gravata’. As imagens feitas por uma testemunha mostra a vítima imobilizada por vários seguranças.
A viúva do motorista, Maria Cristina Terto dos Santos, foi impedida de acompanhar a reconstituição e teve que esperar do lado de fora junto com a imprensa. Muito abalada com a lembrança, ela passou mal, desmaiou e foi inicialmente atendida pelo brigadista do shopping e depois pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que a encaminhou para um hospital.
Incógnitas
“Há uma tendência do shopping em tentar modificar uma ação em si e evitar a responsabilidade sobre esse crime. Tem um aparato de assistência técnica da perícia de Pernambuco que chega até ser estranha porque esse trabalho é feito por contratação particular e não como está sendo feito, com uma pessoa do serviço público da Polícia Civil de Pernambuco, devidamente fardada, para fins particulares”, afirma Antônio Sampaio, advogado da família do motorista.
De acordo com o perito Adelino Costa Lisboa, da Secretaria de Segurança Pública (SSP), as partes do processo têm o direito de nomear um perito assistente. Segundo a assessoria de comunicação do Shopping Jardins, a equipe técnica da Polícia Científica de Pernambuco foi solicitada pelos advogados do segurança e autorizada por uma juíza, mas não detalhou se o serviço foi contratado ou prestado gratuitamente. A família do motorista não nomeou um perito assistente por falta de condições financeiras.
“É difícil dizer se a morte foi acidental ou criminosa, mas eu posso afirmar diante das narrações que uma pessoa pararia de reagir com um golpe desses. Há relatos que a vítima continuou lutando, talvez até pela incidência de álcool no sangue que deu 1,51 miligramas por litro, segundo um laudo pericial”, explica Adelino.
Ele acredita que o fato de o motorista ter consumido bebida alcóolica pode ter alterado os reflexos dele e por conta disso ele teria tentado sair do golpe, o que teria contribuindo para a continuidade da agressão.