Na manhã desta sexta-feira, 24, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP), através da Polícia Civil, apresentou o relatório final sobre o inquérito policial que apurou a morte do jovem Jonatha Carvalho dos Anjos, 16 anos, registrada em março deste ano. O inquérito, que foi presidido pelo coordenador operacional da Polícia Civil do Interior, delegado Jonathas Evangelista, aponta o não indiciamento dos investigados após a operação policial, que culminou com o confronto e a morte de três investigados no dia 13 de março deste ano na rodovia SE-304, que dá acesso ao município de Neópolis.
Segundo o delegado Jonathas Evangelista, “por conta de todo o exposto e de não ter encontrado provas técnicas, testemunhais, indícios, vestígios ou evidências da autoria do delito não foi indiciado nenhum dos policiais investigados e não houve êxito, até o momento, com relação à autoria do crime que ceifou a vida do adolescente”. Ainda segundo Evangelista, o inquérito será encaminhado ainda hoje para o Ministério Público Estadual. “A investigação continua mesmo com o inquérito sendo encaminhado para o MP para que possa ser analisado”.
A investigação foi iniciada após a instauração do inquérito 027/2012 por parte da 9ª Delegacia Metropolitana, que apurava o latrocínio do cabo da PM Helder Freitas, ocorrido no bairro Santa Maria no dia 3 de março deste ano. No dia 13 de março de 2012, os levantamentos policiais apontaram que o adolescente Jonatha Carvalho e o seu primo Ricardo André Carvalho Pimentel e Anderson de Jesus Oliveira sairam de Aracaju a bordo de um corsa, cor prata, com destino à cidade de Neópolis para se encontrar com Eraldo Santos de Jesus, que foi companheiro de cela de Ricardo em um presídio do Estado.
“A família do jovem afirmou que ele não costumava sair com o primo Ricardo e que nesse dia resolveu ir até Neópolis na companhia do parente para uma festa no município. Não foi confirmada a realização dessa festa, portanto as investigações apontam a saída do jovem de Aracaju, mas não a sua chegada em Neópolis”, concluiu o coordenador.
Ainda segundo o delegado, foi colhido depoimento da esposa de Eraldo, que estava com ele em Neópolis, onde ela afirma a chegada de três homens em um carro prata. “Ela confirma a presença de Ricardo e Wanderson, mas a terceira pessoa ela disse que não conhecia. Após apresentação da foto de Jonatha, ela descartou ser o terceiro ocupante do carro”, ilustrou Evangelista.
Laudos
O corpo do jovem foi encontrado no dia 24 de março às margens da rodovia SE 304 distante oito quilômetros antes do local onde foi montada a barreira policial que culminou com a troca de tiros do dia 13. Foi constatado, também, que o corpo estava em estado adiantado de decomposição e apresentava um único ferimento na cabeça sem outros sinais de trauma.
Outros dois laudos comprovam que o corpo não apresentava sinais de carbonização. “A perita responsável afirmou que o corpo ficou muito tempo exposto ao sol, as roupas não estavam queimadas e não apresentavam sinais de carbonização. Ela também descartou sinais de tortura, pois só existia lesão unicamente no local da perfuração do projétil”, explicou o delegado.
Reconstituição
Não foram indentificadas testemunhas do embate dos investigados com a polícia. O local era ermo e o fato aconteceu à noite. Todos os policiais que foram ouvidos informam que no momento da abordagem havia apenas três indivíduos e rechaçam a presença do adolescente no veículo no momento do confronto. Para confrontar as informações foi feita uma reprodução simulada, com a participação de todos os policiais. A iniciativa foi acompanhada por representantes do Ministério Público Estadual, OAB e Secretaria de Estado de Direitos Humanos.
“Essa reprodução teve o objetivo de provocar a possibilidade de surgir informações desencontradas que indicassem a presença do adolescente na troca de tiros. É importante salientar que uma motocicleta furou a barreira antes da chegada do Corsa”, destacou Jonhatas Evangelista. A polícia busca agora outro participante do evento da troca de tiros, conhecido como “Bisqui”. “A localização desse quarto envolvido pode elucidar e finalizar o caso da morte do PM Helder, como também ajudar a esclarecer a morte do adolescente Jonathas”, finalizou o coordenador.
SSP/SE