Por Joedson Telles – Universo Político
“Vai depender do resultado das eleições de 2012, de muitos elementos”, explica Rogério
Ausente do debate político, desde que os caciques do grupo liderado pelo governador Marcelo Déda optaram por Valadares Filho para disputar a Prefeitura de Aracaju, o deputado federal Rogério Carvalho parece estar repaginando a sua vida política. De lá para cá, tem intensificado as ações do seu mandato, pouco tem sido visto dando entrevistas e, sobretudo, tem ido ao interior do estado com o cacife de presidente do PT fazer política. Nesta entrevista que concedeu ao Universo Político.com, Rogério fala sobre os desafios do novo Partido dos Trabalhadores. Afirma que, ao não participar do pleito em Aracaju, o partido perde espaço de construção de imagem, mas, ao mesmo tempo, possibilita a ele estar presente ao interior. Faz críticas ao ex-governador João Alves e não garante uma candidatura de Jackson Barreto a governador do Estado em 2014. “Não vejo porque não ser, mas tudo vai depender do resultado das eleições de 2012, da conjuntura nacional e muitos elementos que vão interferir nesse debate da definição de candidatura na eleição”, diz. A entrevista:
Universo Político.com – O que Sergipe pode esperar dessa novo PT sob seu comando?
Rogério Carvalho – Vamos ampliar a organização dos setoriais, que sempre foi um recrutamento de novos quadros, de formação de quadros, elaboração de política para dar consistência ao partido. Permitir que nas diversas inserções administrativas do partido a gente tenha qualidade na nossa intervenção, buscar atrair novos quadros políticos já formados com uma boa presença nos municípios, isso é um desafio que é dado para gente. Mudanças novas para que o partido possa crescer com a consistência que vemcrescendo, até mesmo pelo modo que o partido se organiza, pelo modo como é estruturado, partindo para uma eleição direta do diretório, do presidente, isso consolida uma militância, um público que não se altera muito de eleição para eleição, nem de acordo com a conjuntura. Então, é preciso que a gente estimule a atração de novos quadros para promover a ampliação nessa velocidade que a gente vem tendo de 30% a cada eleição, o que é uma marca muito boa.U.P. – Como o PT está hoje nos municípios sergipanos?
R.C. – O PT tem hoje candidato a prefeito em 18 cidades, tem candidato a vice em outras 10. Uma presença em 28 municípios com chapas majoritárias. Pelo menos 15 chapas de candidatos a prefeito são competitivas. Temos candidatos a vice de sete a oito cidades com candidato competitivo. Isso pode nos dar 12 prefeitos e cinco vices. É uma boa presença no interior do Estado. Além do PT ter um papel em várias cidades de prestar imagem, coadjuvante, está dentro do nosso espectro de aliança, o que fortalece a posição do partido. Então, o desafio é consolidar o partido ampliando a presença de quadros com maior densidade eleitoral em todas as cidades do estado de Sergipe.
U.P. – O fato de o senhor não está na disputa pela Prefeitura de Aracaju pode trazer um prejuízo para o partido lá na frente?
R.C. – Eu acho que o fato de não ter disputado a eleição de Aracaju tira um pouco o espaço de construção de imagem do partido, mas, ao mesmo tempo, facilitou, em meu caso particular, estar presente nas campanhas eleitorais do interior. Isso pode favorecer a consolidação do nosso leque de alianças. O próprio PT tem um desempenho melhor nas eleições, e consolidar nossa posição para 2014. O importante em uma coligação que se constrói em torno de um projeto, como é o caso da nossa, é que cada partido tem seus desejos, mas a gente tem estabelecida uma regra de rotatividade nos espaços inclusive para renovar dentro dos campos que é salutar. O PT foi prefeito, o PC do B foi prefeito, agora, o PSB está tendo a vez. O PT e o PSB já foram governo e, agora, o PMBD pode ser, o PT pode voltar na frente. Disputas políticas majoritárias são fundamentais para consolidar a imagem do partido. O PT tem participado das disputas, e já foi agraciado pela população em Aracaju e no governo do Estado, e numa coligação como a gente tem é fundamental que todos se sintam prestigiados e com protagonismo de vanguarda, e isso se dá quando um partido assume uma cabeça de chapa em uma eleição majoritária.
U.P. – O senhor acha que 2014 já está definido ou tudo é uma conversa?
R.C. – Vai depender dos resultados eleitorais de 2012. Qualquer conversa antes disso é prematura, é antecipar eleição. Nós temos uma eleição em 2012 que é fundamental para que a gente saiba o que vai acontecer em 2014.
U.P. – O senhor quer dizer que não tem nada contra uma possível candidatura de Jackson Barreto ao governo do Estado, mas o momento é mais para refletir?
R.C. – Jackson está bem posicionado. Acho que ele hoje é um nome que reúne condições para nos representar em 2014. Não vejo porque não ser, mas tudo vai depender do resultado das eleições de 2012, da conjuntura nacional e muitos elementos que vão interferir nesse debate da definição de candidatura na eleição.
U.P. – Como o senhor avalia o discurso de determinados políticos da oposição, sobre uma vitória de João Alves já no primeiro turno?
R.C. – Quem acha que já venceu geralmente a arrogância derrota. A derrota pode vim pela prepotência, pelo convencimento de que se basta. Ninguém se basta na democracia. A democracia depende da vontade popular, que ainda não foi expressa na urna. A eleição começa, de fato, agora, quando iniciar os programas eleitorais na televisão. Aí, sim, o debate aparece, as pessoas tomam consciência da importância da eleição, e a eleição começa para valer.
U.P. – O discurso vai ser mesmo tentar convencer Aracaju que João representa o atraso?
R.C. – Os jogadores de ambos os lados estão se analisando para fazer o discurso. Acho que o discurso e o eixo definitivo se consolidam com o programa eleitoral. Agora, existem fatos que não têm como esconder. João não é renovação. João representa o passado da política sergipana. João foi prefeito há 40 anos. João é do tempo da ditadura, um político ultrapassado. Um político do tempo que não havia Lei de Responsabilidade Fiscal, que prefeitura era extensão dos governos estaduais e federais, não tinha uma estrutura republicana que nos temos a partir de 1988, João é do tempo que o Estado vendia título para receber dinheiro. João é do tempo que a ditadura mandava o dinheiro para as prefeituras fazerem o seu trabalho. Ser gerente de uma cidade é diferente de ser governador. Eu acredito que o povo de Aracaju vai refletir bastante na hora de escolher seu candidato, e eu espero que esse candidato seja Valadares Filho que representa o futuro, a renovação.