O torcedor do Coritiba prometeu um inferno verde nas arquibancadas do Couto Pereira, mas o Palmeiras não se intimidou diante de suas próprias cores e suportou a pressão para voltar ao paraíso de um título. Na noite desta quarta-feira, o clube paulista se sagrou campeão invicto da Copa do Brasil ao empatar por 1 a 1 com o Coxa.
Depois da vitória por 2 a 0 na Arena Barueri, o time paulista chegou à capital paranaense com a vantagem de levantar a taça mesmo em caso de derrota por dois gols de diferença, desde que balançasse as redes. O atacante Betinho foi o responsável por pela comemoração palmeirense. Ayrton abriu a contagem para os donos da casa, mas o desconhecido substituto de Barcos desviou de cabeça em falta de Marcos Assunção.
A equipe do técnico Luiz Felipe Scolari passou por um calvário na competição para voltar a ser campeã do torneio depois de 14 anos. Além das dificuldades que encarou em campo, o clube ainda foi abalado com o sequestro relâmpago de Valdivia, que não atuou nesta quarta por suspensão automática, mas tem futuro incerto no futebol brasileiro.
Já uma crise de apendicite tirou o argentino Hernán Barcos, principal atacante palmeirense, das duas partidas da decisão contra o Coxa. Mesmo sem o Pirata, o clube conseguiu chegar à glória, justamente com seu substituto, Betinho, que tem contrato apenas até agosto.
Os problemas no decorrer do torneio não impediram o Palmeiras de triunfar em uma curiosa sequencia paranaense. Antes de despachar o Coritiba, o time de Felipão levou a melhor também sobre Paraná (quarta de final) e Atlético-PR (oitavas).
O início do caminho neste torneio teve ainda Coruripe-AL e Horizonte-CE. Já na semifinal, Felipão triunfou contra o Grêmio de Vanderlei Luxemburgo. A campanha invicta teve oito vitórias e três empates. Assim, o Palmeiras conquistou pela segunda vez a Copa do Brasil, pois também foi campeão em 1998, sob o comando do mesmo técnico.
Na temporada seguinte, o clube do Palestra Itália levantou seu mais importante troféu, na Copa Libertadores da América. Desde então, só pôde vibrar na Copa dos Campeões de 2000 e no Campeonato Paulista de 2008, mas as conquistas foram permeadas por vexames, como o rebaixamento no Brasileirão de 2002.
O Coritiba, por sua vez, amarga o vice-campeonato do torneio pelo segundo ano consecutivo, pois deixou escapar a taça em 2011 para o Vasco da Gama, também no Couto Pereira.
O jogo: Ainda em meio à fumaça proporcionada pela festa da torcida, o Coritiba começou pressionando o Palmeiras, que afastou da forma que pôde e mostrou que faria de tudo para se livrar do perigo, cometendo duas faltas em um minuto. Pouco depois, Juninho já recebeu cartão amarelo por derrubar o adversário.
Com a insistência, Rafinha fez jogada individual e caiu antes de invadir a área, mas o árbitro não viu infração no jogador do Coxa e também advertiu o atleta. Na jogada seguinte, Rafinha bateu falta para a área e Bruno tirou de soco. No rebote, Éverton Costa demorou a se decidir o que fazer com a bola e facilitou o trabalho da defesa.
Aos 12 minutos, o time visitante conseguiu responder. Depois de jogada trabalhada pela esquerda entre Daniel Carvalho e Mazinho, Juninho apareceu na entrada da área para chutar, exigindo defesa do goleiro Vanderlei. Para tentar esfriar o adversário, o Palmeiras recorreu ao seu lance mais famoso. Marcos Assunção cobrou falta para a área e Betinho apareceu sozinho atrás da defesa, mas o chute de primeira foi para fora, na melhor chance do clube na etapa inicial.
Os lances assustaram a torcida, mas o Coritiba também teve uma falta perigosa, que foi desperdiçada. Everton Ribeiro bateu da meia-lua e viu a bola desviar na barreira. Com as infrações dos dois lados, Assunção teve nova oportunidade da intermediária e optou por bater forte, direto para o gol, mas errou o alvo.
Depois da pressão que sofreu no início, o Palmeiras acertou a marcação e atrapalhou bastante o setor criativo do time paranaense. Assim, o Coxa só pôde ameaçar de novo em erro defensivo dos visitantes.
Aos 28, em lançamento em profundidade, Thiago Heleno pediu para Bruno sair do gol, mas o arqueiro permaneceu na meta, e o zagueiro perdeu a bola para Everton Costa, que rolou para Rafinha. Com liberdade, o meia arrematou para fora, no primeiro grande lance da equipe local na partida.
A jogada fez os paranaenses melhorarem novamente em campo, até porque Betinho não conseguia segurar a bola na linha de frente palmeirense. Além disso, Daniel Carvalho encontrou dificuldades para criar, proporcionando também contragolpes ao perder a bola no meio-campo.
Antes do intervalo, Felipão perdeu o zagueiro Thiago Heleno, com lesão muscular, e colocou Leandro Amaro na equipe. Na última tentativa dos donos da casa, depois de jogadas pelo alto que não surtiram efeito, Roberto dominou na meia-direita e se precipitou ao chutar direto, para fora.
No intervalo, o técnico Marcelo Oliveira tirou o lateral direito Jonas para a entrada de Ayrton. Assim como no primeiro tempo, o Coritiba começou a etapa final pressionando na frente, mas sem conseguir criar reais jogadas de perigo. Com um minuto, apesar da dificuldade, a defesa palmeirense tirou no susto um cruzamento.
Como a bola não saiu do sistema ofensivo dos paranaenses durante os dez primeiros minutos, Felipão decidiu mudar sua equipe. Recuperado de lesão na coxa direita, Luan entrou na vaga de Daniel Carvalho.
A resposta de Marcelo Oliveira foi imediata, com a entrada do meia Lincoln no lugar do volante Sérgio Manoel. Em sua primeira jogada, o ex-palmeirense passou por três adversários pela meia-esquerda e foi derrubado por Artur. A jogada resultou em uma discussão do atleta com seu ex-colega de clube, Marcos Assunção. Na cobrança, aos 16 minutos, Ayrton mandou por cima da barreira e acertou o canto para abrir o placar no Couto Pereira.
O gol ‘acordou’ a torcida paranaense, que tentou empurrar o time, mas foi calada quatro minutos depois. Sandro Meira Ricci assinalou falta sobre Mazinho na entrada da área. A torcida coxa-branca gritou “vergonha” até Marcos Assunção se posicionar para a cobrança. Diante da apreensão na maior parte das arquibancadas, o capitão bateu para a área e viu Betinho desviar de cabeça para empatar o jogo.
Assim que sofreu o gol, Marcelo Oliveira tirou Roberto para colocar Anderson Aquino no jogo. Felipão também mudou, mas na tentativa de fechar o time, pois João Vitor saiu e deu lugar a Márcio Araújo. O time anfitrião partiu no desespero para o ataque, ainda reclamando da arbitragem. Enquanto isso, uma parte da torcida local começou a ir embora, assistindo aos palmeirenses cantando e vibrando.
Aos 28, Marcos Assunção bateu falta da esquerda e carimbou a trave. Depois de um tempo longe do ataque, o Coritiba exigiu defesa de Bruno. O time local praticamente desistiu de uma reação, teve Pereira expulso nos acréscimos e viu o Palmeiras tocar a bola à espera do fim do confronto.
Gazeta Esportiva