Uma das maiores marcas do Governo do Estado, quando se fala em Planejamento, foi sem dúvida a divisão de Sergipe em oito territórios, com características em comum. A partir daí, foi discutido o Plano Plurianual com milhares de sergipanos e nasceu o Sergipe Cidades. E quem esteve à frente dessa revolução de idealização foi Lúcia Falcón, quando esteve secretária estadual do Planejamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano.
Todo esse modo coerente de gerir serviu de vitrine para outros estados e fez com que a convite da presidente Dilma Rousseff, a gestora respondesse pela Secretaria Nacional de Planejamento e Investimentos Estratégicos, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, do Governo Federal.
No último dia 7, Lúcia Falcón voltou ao Estado e reassume a pasta da Secretaria de Desenvolvimento Urbano. E para discorrer dos investimentos do governo, das obras, e qual a perspectiva para os próximos anos, ela esteve presente à 51ª edição de NósnoCabaré.comConviados, encontro realizados todas as quintas no bar Meu Buteco, na Avenida Tancredo Neves, onde foi sabatina por cerca de duas horas. “Como gestora, eu gosto de gente, de quem se aproxima do povo. Eu acredito na democracia e no poder da imprensa”. Foram essas as palavras proferidas por Lúcia que abriram o debate da noite de ontem.
Planejamento x desenvolvimento urbano
“Na verdade a Secretaria do Desenvolvimento Urbano nasce da Secretaria de Planejamento, mas com mais foco, com quatro pilares: território, transporte, infraestrutura e habitação”, disse.
“No nível do Governo Federal, no lado pessoal tive muitas felicidades, mas não foi fácil ficar longe da família. Foi glorioso e composto de muitas realizações, como coordenar uma equipe de três mil funcionários e elaborar o PPA do Brasil. Já o lado profissional, foi ter formado a rede de relacionamentos com diversos profissionais”, afirmou.
Mobilidade
“Quanto à questão do transporte público, as questões já estão sendo relatadas pela minha equipe. Em primeiro lugar, nós não iremos fazer nada sem consultar à população; teremos um plano moderno com previsões do futuro do Estado. Em segundo, esse plano não será meramente técnico, mas será amparado pela lei. E, por último, será participativo, com o povo, empresários e gestores públicos”, falou. “Que o transporte não seja o impedimento para que o nosso território deixe de crescer, porque isso é questão de cidadania”, completou.
Recursos do Governo Federal
Hoje para que as verbas sejam liberadas se trabalha com editais, para os recursos que se destinam às obras. Há a necessidade de que as prefeituras estejam com a regularidade fiscal, para que se tenha êxito. Também se necessita de uma equipe técnica eficiente, com um corpo burocrático do bem, para que faça o município caminhar. Porque não há propina para que as prefeituras recebam recursos, já que os editais estão disponíveis na Internet e não são mais os parlamentares que vão à procura da liberação de obras. Não existe um relacionamento interpessoal com ninguém. O gestor se cadastra e sendo selecionado, é convidado para apresentar o projeto e, após, ser finalmente aprovado, explicou.
Habitação
“Existem os projetos para a construção de casas na Barra dos Coqueiros, Aracaju e Nossa Senhora do Socorro há um ano e quatro meses. Quando pensamos no investimento temos que pensar no conjunto, para ‘desfavelar’, como aconteceu na Coroa do Meio há algum tempo e recentemente no bairro 17 de Março”, informou, explicando ainda a questão do ‘Minha Casa, Minha Vida’ quanto aos subsídios de acordo com a renda e a população.
Indagada por um presente ao debate quanto à liberação das mais de 500 casas na Barra dos Coqueiros, ela afirmou que as verbas estão disponíveis, o projeto está pronto, as famílias estão cadastradas e o que falta é a regularização fundiária do terreno para que se possa dar início à construção.
“Temos mais de 60 obras para serem inauguradas, mas que falta tempo na agenda do governador Marcelo Déda. Poderemos ter um mutirão de inaugurações, porque o povo precisa utilizar os serviços, entre escolas e delegacias”, informou, acrescentando que “não se pode falar em cidadania enquanto faltar uma casa com água encanada em Sergipe”, disse.
Deso
“Há o conceito de que a instituição é a “joia da coroa”, porque gera lucro, o que discordo. Para uma empresa isso é importante, mas vamos pensar no potencial de desenvolvimento. Já que não poderemos falar com cidadania sem água nas casas, com mananciais sujos de resíduos e sem uma rede de esgoto. Precisamos sistematizar, pensando antecipadamente o problema. Tenho apenas dois anos e meio pela frente, mas há muito que poderá ser feito na universalização da água”, afirmou.
Canal de Xingó
“A Codevasf tem um estudo base para ver o canal irá passar, pontuando algumas questões como a captação de água, se poderá vim de Paulo de Alfonso (BA), e de onde vem o investimento. Com esse canal, teremos o potencial para dobrar o desenvolvimento do estado com a irrigação”, informou em primeira mão.
Projetos
“Vamos ser realistas para agora e para o futuro. Já estamos fazendo o planejamento estratégico da Secretaria do Desenvolvimento Urbano: com os projetos de moradia e também pensando em erradicar as casas de taipa na Zona Rural; na questão do transporte, na água para todos e no equilíbrio entre toda região metropolitana, disse.
Por Daniela Domingos