Raissa Cruz e Joedson Telles – Universo Político
“Quando eu fui governador atendia os deputados não só no palácio. Eu ia ao gabinete da Assembleia”
Ao comentar o rompimento entre a bancada dos deputados que compõem o grupo liderado pelos irmãos Amorim e o governador Marcelo Déda (PT), o senador Antônio Carlos Valadares (PSB) avaliou que é preciso haver delicadeza no tratamento para com os parlamentares, para que o governo conquiste a harmonia. Valadares garantiu que os deputados Adelson Barreto e Maria Mendonça tiveram postura independente do PSB, no momento em que apoiaram a reeleição da presidente da Assembleia Legislativa, a deputada Angélica Guimarães (PSC) contrariando Déda. Todavia, o senador destaca que um governador precisa tratar com prestígio a Casa Legislativa, para que os deputados sigam as suas ideias.
“Eu fui presidente da Assembleia Legislativa, e deputado estadual duas vezes. Então conheço aquela Casa. Ela tem que ser tratada com certa delicadeza, com muito cuidado, com muito respeito, porque só assim nós vamos conseguir a harmonia. Quando eu fui governador, por exemplo, eu posso falar em alto e bom som: eu atendia os deputados não só no palácio: eu ia ao gabinete da Assembleia Legislativa pelo menos uma vez por mês para despachar com os deputados. Então, eles merecem atenção, merecem prestígio”, frisou o senador Valadares, na manhã desta sexta-feira, dia 2, em entrevista ao programa Bom Dia Sergipe, na TV Sergipe.
Consultado?
O senador enfatizou que “tudo que os deputados fizeram, eles dizem que o fizeram exercitando o poder que eles têm. O voto é deles. Agora, politicamente falando, nós que estamos fora da Assembleia, temos é que trabalhar para que eles fiquem do lado das nossas ideias, dos nossos projetos”, ponderou. O senador Valadares disse ainda que foi surpreendido com o desenrolar dos acontecimentos em relação à eleição da Mesa Diretora da Assembleia, contudo, defende a preservação dos deputados do PSB que participaram desse processo.
“O partido não foi consultado nem por Maria Mendonça, nem Adelson Barreto. Mas nós não devemos jogar esses deputados, que são lideranças respeitadas no partido, no pelourinho das críticas ou de ataques inaceitáveis. Eles foram procurados pela presidente Angélica Guimarães (PSC) e deram a palavra que votariam nela. E quando Maria me comunicou, eu apenas disse a ela para conversar com o governador. Depois já vi o resultado”, observou. Valadares disse também que o PSB ainda não discutiu qual será a postura do partido na Alese.
Racha
Questionado sobre a possibilidade de racha entre o PSB e o governador Marcelo Déda, em virtude dos fatos que envolveram até a entrega de cargos de Maria Mendonça ao Governo, Valadares frisou: “o que nós estamos procurando é que isso não aconteça em relação aos deputados que têm uma boa convivência com o Governo do Estado. Nós não queríamos esse desfecho e o governador Marcelo Déda e os irmãos Amorim sabem que eu tudo fiz para que não acontecesse esse resultado, que eu considero preocupante para a governabilidade e os destinos de Sergipe”.
Vaga no Tribunal de Contas
Sobre a discussão da escolha do novo conselheiro do Tribunal de Contas de Sergipe (antes do racha, o grupo havia se comprometido a escolher Belivaldo Chagas do PSB, mas hoje deve ser um dos deputados do PSC), Valadares avaliou que não deve ser a prioridade. Observando ser a maior liderança do PSB, ele disse que não se pode tomar decisões precipitadas em razão de um interesse que ele considera legitimo, o deputado Gilmar Carvalho voltar à Assembleia Legislativa.
“Porque aprovando a nomeação de um deputado estadual do grupo dele, ele poderá voltar à Assembleia em caráter definitivo. É um direito legitimo dele. Mas é um direito legitimo do PSB refletir sobre a crise, e não sobre o TCE. Nós queremos neste momento não é lutar pelo TCE: mas lutar pela governabilidade. Pela paz. Pela harmonia entre os poderes Legislativo e Executivo. Nós políticos existimos para trabalhar pelo povo e não para irmos atrás de cargos”, alfinetou.
Segundo Valadares, se depender do PSB, a aliança com o governador Marcelo Déda será mantida. “O governador Marcelo Déda saber que o PSB luta por este projeto não é de agora e não é em função de cargos. Mas em razão de ideias que foram consolidadas ao longo dos 20 anos”, disse, observando que está conversando também os irmãos Amorim. “Estarei me encontrando, hoje, com o governador Marcelo Déda, mas também estarei com o grupo dos Amorim, com o qual continuo mantendo uma boa relação, em função dos interesses de Sergipe. Os políticos existem para conversar e debater”, disse.
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