O governador de Sergipe, Marcelo Déda, lamentou o falecimento do ex-governador Seixas Dória, ocorrido no início da noite desta terça-feira, 31. Via twitter, Marcelo Déda prestou suas condolências à família e decretou Luto Oficial de sete dias, assegurando todas as honrarias de estilo no funeral do ex-chefe do executivo estadual. O corpo de Seixas Dória será velado no Palácio Olímpio Campos. Aos 94 anos, ele lutava pela vida desde que sofreu um acidente Vascular Cerebral há um ano.
Em meio às frases de pesar, Marcelo Déda fez questão de evidenciar, sobretudo, a grandeza do ex-governador que ajudou a redemocratizar o Brasil e tornar-se um dos principais nomes políticos do país – sendo dignamente reconhecido com a maior comenda da República, entregue pelo ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em 2007.
“À família Seixas Dória, os meus sentimentos. Que a grandeza da sua história e a beleza do seu exemplo sirvam de conforto para sua ausência. Seixas Dória foi um grande brasileiro. Nacionalista, democrata, foi governador de Sergipe, cassado e preso pela Ditadura em 1964. No PMDB, participou das lutas pela redemocratização, além de deputado federal, diretor da Petromisa e secretário de Estado. Ele foi um símbolo da luta democrática, uma referência na defesa do Brasil, um apaixonado pelo seu querido estado de Sergipe. O corpo de Seixas Dória será velado no Palácio Olímpio Campos, o mesmo de onde a Ditadura o levou preso na madrugada de 1º de abril de 1964”, escreveu Déda no micro blog.
Marcelo Déda disse ainda que teve a honra de receber o apoio de Seixas Dória nas últimas eleições para governador (2006 e 2010). “Emocionei-me ao vê-lo, aos 89 aos, na posse de 2007”.
*A vida de um ilustre sergipano
João de Seixas Dória nasceu em 23 de fevereiro de 1917, em Propriá. Filho de Maria de Seixas Dória e Antônio de Lima Dória. Em 1946 é formado bacharelado em Direito pela UFF em Niterói, no Rio de Janeiro. Naquele mesmo ano, assume a Secretaria de Governo da Prefeitura de Aracaju, na gestão de Josafá Carlos Borges.
No ano de 1947, filia-se à UDN e se candidata a deputado estadual, vencendo as eleições e assume a liderança do Partido na Assembleia. Três anos mais tarde, em 1950, é reeleito para a Assembleia Legislativa e exerce a liderança da UDN e da oposição, além de dirigir o extinto jornal ‘Correio de Aracaju’.
Em 1953, apresenta os programas de rádio ‘Problemas em Debate’ e ‘Resenhas Políticas’, na recém criada Rádio Liberdade. Um ano depois, é eleito deputado federal e apoia a candidatura de Leandro Maciel ao Governo do Estado. Em 1958 é reeleito para a Câmara Federal e apoia a candidatura de Jânio Quadros à presidência, chegando a indicar Leandro Maciel a vice.
Em 1962 é eleito governador de Sergipe, disputando as eleições com Leandro Maciel. Em 13 de março de 1964, participa do Comício da Central do Brasil e em 1º de abril é preso após a implantação do regime militar e mandado para Fernando de Noronha, juntamente com Miguel Arraes, governador de Pernambuco.
No ano de 1965 lança o livro ‘Eu, réu sem crime’, contando a sua história na prisão, mas é impedido pelo Governo de realizar a noite de autógrafos em Belo Horizonte. Em 1966, volta a Sergipe, porém com seus direitos políticos cassados por 10 anos. Sobrevive administrando os negócios da família.
Em 1982, se candidata a deputado federal pelo PMDB, mas fica na suplência. Chega a assumir o cargo, mas por pouco tempo. Já em 1986, no governo José Sarney, assume o cargo de Assessor Especial da Presidência. Se engaja na candidatura de José Carlos Teixeira ao governo de Sergipe.
Em 2006, apoia publicamente a candidatura de Marcelo Déda a governador, que acaba vitorioso.
*Fonte: BARRETO, Luiz Antonio; Personalidades Sergipanas, 2006, p. 143 a 151