Em entrevista ao portal Brasil 247, líder do PT no Senado Federal defendeu uma abordagem inteligente e cooperativa no combate ao crime organizado, alertando contra o uso eleitoral da violência e o “espetáculo político” de operações policiais
Na manhã desta quinta-feira, 06, o senador Rogério Carvalho (PT/SE) concedeu entrevista ao Brasil 247, onde falou sobre o início dos trabalhos da CPI do Crime Organizado e criticou o uso político da pauta da segurança pública por setores da direita. O parlamentar, que integra a comissão, defendeu uma atuação pautada pela inteligência e pela cooperação entre os entes federativos, afirmando que o objetivo da CPI é “produzir uma radiografia nacional do crime organizado e das políticas de segurança, para que o país possa ter respostas mais inteligentes e efetivas”.
“Ainda estamos bem no começo. Fizemos a instalação, a eleição do presidente e a indicação do relator. Na próxima reunião, vamos discutir e aprovar o plano de trabalho”, explicou o senador, destacando que o primeiro passo será estruturar a agenda de investigações e definir as prioridades da comissão.
*CPI quer mapear a segurança pública e expor o poder das facções*
Segundo Carvalho, a CPI deve fazer “uma espécie de cartografia da segurança pública no Brasil”, buscando entender como o crime organizado ocupou territórios, negócios e instituições, e de que maneira essas estruturas se sustentam.
“A ideia é compreender como o crime se sustenta, como circula dinheiro, armas e mercadorias, e o que alimenta essas estruturas. A partir daí, vamos ouvir governadores, autoridades da segurança pública e da Justiça, para compreender de forma ampla essa engrenagem”, revelou.
O líder do PT no Senado Federal também chamou atenção para o modelo de enfrentamento baseado na violência, que segundo ele, tem se mostrado ineficaz e politicamente explorado. “O Rio de Janeiro deve entrar no radar da CPI, não como modelo de política pública, mas como exemplo de um jeito de fazer. O debate que precisamos enfrentar é: o combate ao crime organizado deve ser feito apenas com o uso da força?”, questionou.
“Essa política de confronto permanente tem produzido imagens de terror e tragédias como a que vimos no Rio. Se o Estado substitui um exército por outro, essa guerra nunca vai acabar”, acrescentou,
*Uso político da segurança e operações de “espetáculo”*
Para Rogério Carvalho, é preciso superar a lógica do confronto e do espetáculo político que, segundo ele, tem sido usada por governadores da oposição para tentar criar um novo eixo de ataque ao governo do presidente Lula.
“Ninguém questiona a necessidade de enfrentar o crime com firmeza. A questão é quando o enfrentamento vira espetáculo político. É evidente que há componentes políticos na operação do Rio de Janeiro. Governadores do mesmo campo construíram narrativas e buscaram protagonismo. Eles tentam usar a pauta da segurança pública para construir um novo eixo de confronto com o presidente Lula”, criticou.
O senador ressaltou, ainda, que a CPI deve atuar em cooperação com a Polícia Federal, sem sobreposição de papéis. “A CPI vai definir, portanto, uma linha própria, mas é natural que haja convergência com o inquérito aberto pela Polícia Federal. Estamos em cima dos fatos, e esse episódio será obrigatoriamente objeto da CPI”, afirmou.
“Haverá troca de informações e cooperação, sem sobreposição de papéis, para que a sociedade tenha um quadro mais completo do problema”, detalhou.
Além disso, Rogério Carvalho alertou que setores da direita tentarão transformar a CPI em um palco de disputa ideológica, mas disse que isso também pode fortalecer o debate público.
“Eles farão o que sempre fazem: vão tentar transformar a CPI num palco de narrativa política, deslocar o foco da investigação e construir o discurso do ‘nós contra eles’. Mas isso nos dá uma oportunidade: mostrar o quão ineficiente é essa política de confronto e extermínio, que nunca reduziu o poder das facções. Se a violência resolvesse, o Rio de Janeiro já seria o estado mais seguro do país. E não é”, reforçou.
*“O combate ao crime não pode ser sequestrado pela extrema-direita”*
Para o senador, a CPI será um espaço de disputa central sobre o futuro da segurança pública no Brasil. “A direita quer transformar a eleição de 2026 numa eleição sobre medo, violência e ódio. Nosso papel é mostrar que existe outra forma de combater o crime, com inteligência, articulação entre as forças policiais e respeito à vida. A esquerda não perdeu essa bandeira. O que precisamos é demonstrar, com resultados concretos, que o combate à criminalidade pode ser firme sem ser bárbaro”, ressaltou.
Ao comentar a falta de cooperação de alguns governadores da oposição, Rogério destacou que o protagonismo político não pode se sobrepor aos resultados reais. “Alguns governadores da oposição não querem cooperar com a Polícia Federal porque buscam protagonismo político, e não resultados reais. Mas o importante é mostrar à sociedade que há outro caminho. Quando o Estado age de forma articulada, como nas operações recentes na Bahia e no Piauí, vemos resultados concretos sem letalidade”, pontuou.
Ao final da entrevista, o senador defendeu que o tema do combate ao crime organizado não pode ser sequestrado pela extrema-direita. “Precisamos devolver o debate à sociedade, com informação, transparência e responsabilidade. Se não fizermos isso, continuaremos reféns de uma lógica de violência que só produz mais violência. A CPI do Crime Organizado tem o dever de romper com esse ciclo”, concluiu.
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Fonte: Assessoria de Comunicação





















































