Preocupados com os crescentes casos de mortalidade infantil no estado de Sergipe, o Sindicato dos Médicos do Estado de Sergipe (Sindimed), a Sociedade Sergipana de Pediatria (Sosepe) e o Comitê Estadual de Prevenção da Mortalidade Materna, Infantil e Fetal realizaram uma coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira, 24, no auditório do Sindimed.
De acordo com as entidades médicas, Sergipe pode figurar, nos próximos meses, como o primeiro estado do país em casos de mortalidade infantil.
Conforme o último censo de 2022, a média nacional da mortalidade infantil era de 12,5%, com Sergipe ocupando a quarta colocação, com média de 18,3%. Atualmente Sergipe encontra-se na terceira colocação, atrás apenas dos estados de Amapá e Roraima; mas os dados preliminares deste ano projetam Sergipe para figurar em primeiro do país, com média de 19,5%, e o primeiro, entre os estados do Nordeste, que tem uma média de 14,09%.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza 10 mortes para cada 1000 nascidos vivos. E nesse cenário apresentado, Sergipe está sempre acima da média nacional.
Entre 2008 e 2014, houve uma redução do coeficiente de mortalidade no Estado, mas não de forma proporcional. Já o Brasil vem mantendo esta estabilidade entre os anos de 2012 a 2014. Sergipe mantém-se em crescimento.
Segundo dados da Sociedade Sergipana de Pediatria, com ano base 2023, a mortalidade neonatal precoce, que vai de zero a 6 dias de vida, é o componente principal da mortalidade infantil em Sergipe, com 46%, seguido do neonatal tardio, que vai de 7 a 27 dias de nascido, com 35%, e o pós-neonatal, de 28 dias até 364 dias de vida, com 19%, sendo esse o menor componente da mortalidade.
É importante frisar que, durante o período da pandemia de Covid-19, Sergipe foi o estado que mais registrou óbitos de crianças por coronavírus.
Outros dados importantes são os óbitos em crianças menores de cinco anos com bronquite e bronquiolite. No ano de 2022, Sergipe registrou 692 óbitos; se comparado com Alagoas, que tem uma população e estrutura geográfica semelhantes, o estado vizinho registrou 370 óbitos, quase a metade de Sergipe. Esse número é ainda mais gritante quando comparado com o estado de Pernambuco, que computou 391 mortes de crianças.
Em 2023, até o momento, já são 1.024 óbitos em Sergipe.
Até 2030, a meta do Desenvolvimento sustentável é de acabar com as mortes evitáveis de recém-nascidos e crianças menores de 5 anos, com todos os países objetivando reduzir a mortalidade neonatal. Sergipe está andando na contramão deste objetivo.
O presidente do Sindicato dos Médicos, Dr. Helton Monteiro, lembrou que todos podem sair dessa coletiva com alguns frutos, mas é necessário mobilização para criar frentes que venham reduzir esse cenário.
“É importante cobrar dos gestores das secretarias municipais os números atualizados dos seus municípios, as campanhas que estão sendo feitas, como está a vacinação, qual a meta para o seu município para a mortalidade infantil. São perguntas básicas, mas que podem dizer muito”, disse Helton Monteiro.
FÓRUM PERMANENTE
Na ocasião, o dr. Helton comunicou que, diante dos números alarmantes, as entidades médicas presentes vão criar um Fórum Permanente para acompanhar a situação da mortalidade infantil em Sergipe.
“O intuito dessa coletiva foi ar a sociedade sobre esses números e, claro, unir forças com a sociedade civil organizada, com a sociedade de especialidades, o Sindimed junto com a Sociedade de Pediatria, o Comitê de Prevenção da Mortalidade Materna, Infantil e Fetal para que, juntos, possamos diminuir esses números. Saímos daqui com a ideia de implantar o Fórum Permanente de Prevenção da Mortalidade Infantil”, disse.
De acordo com a presidente da Sosepe, Dra. Ana Jovina, para mudar essa situação, “é necessário fazer uma força tarefa, envolvendo as Secretarias de Educação, de Saúde, Ação Social, Meio Ambiente, as Sociedades Científicas, de Pediatria, Ginecologia, trazer os Conselhos Regionais de Medicina, Enfermagem e Nutrição, as Universidades, pesquisadores”.
Já a neoropediatra Dra. Aline Siqueira Alves afirmou que é preciso tirar esses números do anonimato, torná-los visíveis para que todos tenham o conhecimento da situação. “Precisamos da união de todos para a redução desses números”.
A presidente do Comitê de Mortalidade Infantil do Estado, Dra. Priscila Daisy Cardoso, destacou que, para mudar esse quadro, será necessário o apoio irrestrito da sociedade. “Saúde se faz com a sociedade. Com ação, informação à saúde, principalmente a sexual reprodutiva, com pré-natais qualificados. Apoio às gestantes”, frisou.
AÇÕES URGENTES
Diante deste cenário apresentado pelas entidades médicas supracitadas, é necessário refletir como contribuir para que haja redução deste cenário tão preocupante.
Entre os pontos sugeridos na coletiva de imprensa pela Dra. Ana Jovina estão: adequar a atenção ao recém-nascido; adequar a rede de assistência, treinamento em reanimação neonatal de todos os profissionais de saúde de salas de parto; treinamento de toda equipe do SAMU no transporte do Recém-nascido de risco. É primordial a primeira consulta com o pediatra na primeira semana de vida; fazer o pré-natal, entre outras.
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Matéria extraída do site do Sindimed