Uma das consequências decorrentes da complicação da doença é a amputação dos membros. De janeiro a agosto de 2022, o Huse contabilizou 606 procedimentos cirúrgicos de amputação. Desses, 555 pacientes (320 do sexo masculino e 235 do sexo feminino) apresentaram sinais clínicos que sugerem diabetes, o que representa mais de 90% das amputações realizadas.
Sobre os números, a referência técnica da cirurgia vascular do Huse, o médico Igor Pereira, destaca que as amputações acabam ocorrendo em decorrência do agravamento da doença, que acarreta em diversas complicações vasculares tanto nos membros inferiores, quanto superiores. “Isso acontece muitas vezes, pois existe a negação do paciente sobre a enfermidade, o que resulta na própria falta de cuidado, pois acham que nunca pode acontecer com eles”, explicou Igor.
Doença crônica caracterizada pelo aumento de açúcar no sangue devido à ausência ou má absorção de insulina, a Diabetes Mellitus (DM), popularmente conhecida como diabetes, é considerada como um dos mais sérios problemas de saúde pública no mundo.
Segundo dados do último Atlas da Diabetes, divulgado pela Federação Internacional de Diabetes (IDF), 537 milhões de pessoas sofrem da doença em todo globo, tendo o Brasil como o 5º país com maior incidência de pacientes diagnosticados com diabetes no mundo, totalizando mais de 16,8 milhões de casos entre pessoas de 20 e 79 anos.
Tipos de diabetes
Segundo o cirurgião vascular do Huse, os tipos mais comuns da doença são 1 e 2. Sobre a diabetes do Tipo 1: ela ocorre quando o sistema imunológico ataca, de forma equivocada, as células beta do pâncreas, fazendo com que pouca ou nenhuma insulina seja liberada no organismo. Como resultado, a glicose fica circulando no sangue, em vez de ser usada como energia. Esse tipo é considerado mais raro, atingindo cerca de 5 a 10% dos diabéticos, sendo mais comum em crianças e adolescentes.
Já a diabetes Tipo 2 está relacionada à forma como o corpo processa o açúcar do sangue (glicose), ou seja, ela resulta da resistência à insulina e da deficiência na sua secreção. Ocorre em cerca de 90% dos diabéticos, sendo mais frequente em adultos. Neste caso, segundo o especialista Igor Pereira, a doença normalmente está relacionada ao estilo de vida do paciente.
Principais sintomas
Portadores de diabetes, seja do Tipo 1 ou Tipo 2, podem apresentar sintomas similares a exemplo de sede e urina excessivas, visão desfocada, fome constante, perda de energia e fadiga extrema.
“Além disso, as vasculopatias periféricas causadas pelo diabetes levam a alguns sinais e sintomas nas pernas, como edemas, dificuldades na cicatrização de feridas, perda da sensibilidade nos pés, dores, câimbras e claudicação intermitente”, destaca o médico.
Tratamento
Para o cirurgião vascular do Huse, os cuidados começam a partir do diagnóstico da patologia, que é obtido através de exames de rotina e avaliação periódica ainda na rede básica de saúde. “Quanto mais precoce a identificação do problema, melhor para o paciente, pois dessa forma, teremos o controle clínico da doença, evitando que esse tipo de complicação, como é o caso das amputações, ocorram”, ressalta o médico.
Além disso, ele fala sobre a importância de uma atuação em conjunto entre os especialistas envolvidos para um resultado mais efetivo no tocante ao tratamento da doença.
“É de grande valia o envolvimento de toda uma equipe multidisciplinar para que o tratamento tenha mais êxito, isso porque, além de uma equipe médica que vai atuar para o controle medicamentoso, é necessário também a participação de outros especialistas que atuarão tanto na avaliação psicológica do paciente, como também no tocante à alimentação, a fim de que o portador da diabetes possa ter sua doença controlada, refletindo na longevidade de sua vida”, salienta Igor.
Prevenção
De acordo com o IDF, nos últimos 10 anos houve um aumento de 26,61% no número de pacientes diabéticos no Brasil. A previsão, segundo o Instituto, é que até 2030, 21,5 milhões de brasileiros serão portadores da diabetes.
Para evitar essa crescente, o médico orienta a adoção de hábitos saudáveis como forma de prevenção. “Recomendamos a prática de atividade física pelo menos três vezes na semana durante 40 minutos, aliada a uma alimentação saudável e ingestão de pelo menos 2,5l de água por dia. Além disso, é importante que o paciente evite fatores de risco, como o alcoolismo, tabagismo, obesidade e sedentarismo”, conclui Igor Pereira.
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Fonte: SES