A vitória da democracia e o início do processo de reconstrução nacional deram o tom da solenidade de diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice Geraldo Alckmin, que oficializou, nesta segunda-feira (12), o resultado das eleições presidenciais. A cerimônia contou com a presença de autoridades do Judiciário, Executivo e Legislativo, entre mais de 280 convidados, como os ex-presidentes Dilma Rousseff, José Sarney, o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira, o presidente do Senado Rodrigo Pacheco, deputados e senadores.
Em seu discurso, Lula afirmou que a diplomação não foi concedida apenas ao candidato Lula mas à grande maioria do povo brasileiro, que finalmente reconquistou o direito de viver em democracia. “Vocês ganharam esse diploma”, disse Lula.
Já na primeira frase do pronunciamento, Lula se emocionou e teve dificuldade para terminar. “Na primeira diplomação, em 2002, lembrei da ousadia do povo brasileiro, em conceder, para alguém tantas vezes questionado por não ter diploma universitário”, declarou, antes de cair em prantos.
“Quero pedir desculpas pela emoção, porque quem passou pelo que eu passei nesses últimos anos, estar aqui, agora… é a certeza de que Deus existe e de que o povo brasileiro é maior do que qualquer pessoa que tentar o arbítrio nesse país”, completou.
Compromisso de vida
“Reafirmo hoje que farei todos os esforços para, juntamente com o querido companheiro Geraldo Alckmin cumprir o compromisso que assumi, não apenas na campanha, mas ao logo de toda uma vida, de fazer do Brasil um país mais desenvolvido e mais justo, com a garantia de dignidade e qualidade de vida para todos os brasileiros, sobretudo os mais necessitados”, assegurou o presidente eleito.
“Poucas vezes na história recente a democracia esteve tão ameaçada, a vontade popular foi tão colocada à prova e teve que vencer todos os obstáculos para enfim ser ouvida”, lembrou Lula.
Lula destacou o papel das instituições, em especial do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que prevalecesse a vontade popular, enfrentando “toda sorte de ofensas, ameaças e agressões para fazer valer a soberania do voto popular”.
Frente ampla
O presidente apontou as diferenças entre seu projeto, de reconstrução do país com participação popular, e o de seu oponente, de destruição do Estado, “ancorado no poder econômico e em uma indústria de mentiras e calúnias jamais vista ao longo da nossa história”. E destacou o papel que a frente ampla formada em torno de sua candidatura teve na vitória da democracia.
“Tive o privilégio de ser apoiado por uma frente de 12 partidos no primeiro, aos quais se somaram mais dois no segundo turno”, chamou a atenção. “Uma verdadeira frente ampla contra o autoritarismo que hoje, na transição de governo, se amplia para outras legendas e fortalece o protagonismo de trabalhadores, empresários, artistas, intelectuais, cientistas e lideranças dos mais diversos e combativos movimentos populares do país”, elencou Lula.
“Essa frente se formou em torno de um firme compromisso em defesa da democracia, a origem da minha luta e o destino desse país”.
Desafios da democracia no Brasil e no mundo
Lula tratou da situação de destruição das políticas públicas provocada por Jair Bolsonaro e os ataques ao poder público institucional, a partir de um diagnóstico dos 31 grupos de trabalho do Gabinete de Transição, reunido no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília. “Some-se a esse legado perverso, que recai principalmente sobre a população mais necessitada, o ataque sistemático às instituições democráticas”, afirmou Lula.
Combate à desinformação
O presidente eleito destacou a necessidade de criação de mecanismos que punam a disseminação de notícias falsas. Lula lembrou que o problema não é exclusivo do Brasil, pois já se manifesta nos Estados Unidos e na Europa. “A máquina de mentiras não tem pátria nem fronteiras. Precisamos fazer esse combate com a tecnologia, garantindo informação de qualidade, sem mentiras”, alertou.
Lula disse que o país vai tirar lições importantes “deste período recente”, afirmando que a equipe de transição constatou “o desmonte das políticas públicas”, em uma ação característica “de um governo de destruição nacional”.
Moraes x milícias digitais
O presidente do TSE destacou o papel da Justiça Eleitoral para a realização de um pleito “com lisura incontestável”. Alexandre de Moraes foi ainda mais enfático ao se referir aos grupos que questionaram o processo de organização das eleições e a confiabilidade das urnas eletrônicas.
“Este é o tribunal da democracia, do reconhecimento da lisura eleitoral”, disse Moraes. “Aqui se combate os ataques ao Estado de Direito, os ataques covardes ao membros do Poder Judiciário”, completou.
Em tom de alerta, Moraes disse que a Justiça fará “a integral responsabilização” de todos os que atentaram contra o Estado de Direito e colocaram em dúvida a lisura das eleições, disseminado notícias falsas de discursos de ódio.
”A estabilidade democrática exige o respeito ao Estado de Direito. Esses ilícitos ataques serão alvo da Justiça. Não toleraremos grupos extremistas e criminosos disseminando a desinformação, atacando a democracia, com o objetivo de substituir o regime democrático pela ditadura”, salientou o presidente do TSE.
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Fonte: matéria extraída do site do PT Nacional